capítulo único

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O sol acabara de se por, fazendo com que as luzes dos brinquedos e placas de barracas se tornem ainda mais chamativas. A temperatura caiu consideravelmente e isso, junto ao cansaço acumulado desde o início do dia e a multidão que não para de crescer, é mais que o suficiente para deixar Akane ainda mais irritado que o normal.

Ele está segurado inúmeros animais de pelúcia e todo tipo de brinde estranho, cortesia de Teru Minamoto e sua incomum animação para visitar todas as barracas e vencer todos os jogos. Eles haviam se separado cerca de meia hora atrás, quando Teru insistiu em ir à montanha-russa e tanto Yashiro quanto ele recusaram.

Akane está prestes a atirar um dos horríveis bichinhos de pelúcia no chão e expressar verbalmente seu desgosto quando avisa o horrível moletom azul com abacaxis que Teru está usando.

- Minamoto-senpai! - Yashiro se anima ao seu lado, acenando com dificuldade, já que suas mãos também estão repletas de várias pelúcias.

- Ei! - Teru se aproxima sorrindo, novamente com as mãos cheias.

- Idiota, eu já disse que não vou carregar mais nada- - Ele se interrompe ao ver que o que Teru estava segurando eram três algodões doces.

- Vamos pra algum lugar menos movimentado. - Ele diz, e mesmo que seu rosto perfeito exiba o sorriso falso e irritante de sempre, existe um brilho de animação verdadeira em seu olhar - ele esteve lá o dia todo, aumentando cada vez que Teru via um brinquedo ou descobria uma comida nova. Se sentindo nojento, Akane admite para si mesmo que não é capaz de arruinar algo assim, e cutuca Yashiro para que ela os siga.

Eles acabam debaixo de uma árvore a beira do parque. A noite fica cada vez fria e a maioria das pessoas preferiu ficar no calor da multidão, então eles estão quase sozinhos.

Teru não hesita em se sentar no chão, de pernas cruzadas. Sua blusa ridicula de abacaxis se amontoa ao seu redor e fica fofa com ele todo encolhido. Akane e Yashiro se sentam ao lado dele, deixando no chão as pelúcias e outras bugigangas que Teru os havia presenteado.

Teru entrega um algodão doce para cada, e observa com curiosidade enquanto Yashiro morde o dela, se atrapalhando com os fios de açúcar ao redor da boca. Ele então volta o olhar para seu próprio algodão doce e Akane percebe, com um sobressalto, que essa deve ser a primeira vez que Teru experimenta o doce.

Teru abre a boca um pouco demais, mordendo muito de uma vez só e um pouco do algodão fica preso em sua bochecha. Ele não parece se importar, porém, porque seus olhos brilham ainda mais e ele afunda o rosto em uma segunda mordida. Parece surreal para Akane que algo tão simples e comum possa prender tanto a atenção do Grande e Intocável Teru Minamoto - Akane tem que desviar o olhar, porque aquilo é patético e adorável, duas palavras que ele nunca havia pensado em usar pra descrever uma das pessoas que ele mais odeia.

Quando Teru está quase no final, a animação inicial passa - todo o açúcar finalmente deve ter deixado um gosto pesado em sua língua -, e ele parece perceber o quão fora do personagem estava, voltando a comer civilizadamente. Então ele lança um olhar para Akane - o que o faz finalmente perceber que, esse tempo todo, ele ficou apenas parado segurando seu algodão doce e observando Teru comer. Akane se recusa a admitir a derrota, então continua encarando Teru com um olhar de desafio, mesmo que suas bochechas estejam vermelhas. Funciona bem até demais, pois Teru cede primeiro e desvia o olhar, com suas orelhas levemente vermelhas, e volta a comer seu algodão doce em um ritmo extremamente lento.

- Você já terminou, Minamoto-senpai? - Yashiro pergunta, ainda segurando metade de seu doce. Teru apenas cantarola em concordância.

- É estranho comer açúcar, mas é bom. - Ele admite em voz baixa, aquele raro brilho ainda presente em seus olhos, e Akane olha para o próprio algodão doce, ainda intocado, e pensa no gosto insistente que permanecerá em sua língua depois de comer.

algodão doce ٠❁͘  terukaneWhere stories live. Discover now