Ice Castles | Beauany

07. PORTO SEGURO

illicit affairs - Taylor Swift
''E você sabe muito bem
Que por você, eu me arruinaria
Um milhão de pequenas vezes''

Josh

Patinamos por um longo tempo. Fiquei impressionado por conseguir dar alguns passos sem a ajuda de Gabrielly, que as vezes soltava as minhas mãos para ver como eu me saía. Normalmente, caíamos os dois juntos e algumas risadas escapavam. Mas depois de algumas tentativas, consegui me equilibrar e senti como se eu estivesse dando meus primeiros passos. Patinar era a minha paixão e eu não queria ter que me esquecer dela.

— Finalmente vocês voltaram! — Ursula disse logo que entramos em casa com os braços entrelaçados. — Preparei um jantar para vocês. Any, o que acha de passar a noite aqui?

— Ah, não sei... — Any sentou-se comigo na sala de estar e apoiou algo na mesa de centro. — Josh, te incomodaria?

Realmente não sabia onde Any estava morando e para onde ela foi depois que nos separamos. Sabia que ela não estava na nossa casa antiga, já que um dia depois do término, visitei o lugar para recolher minhas coisas e estava completamente vazia. Deixa-lá passar uma noite na minha casa não era nada demais.

— Não. Claro que não — falei, me ajustando nas almofadas — Deixo a segunda cama do meu quarto para você, pode ser?

Any concordou e fomos até a sala de jantar para comer o delicioso jantar de minha mãe.

— Mãe — chamei —, essa comida está muito boa para ser sua. Quem a fez?

— Não acredita na minha capacidade? — Ursula riu levemente. — Tudo bem, eu pedi por um delivery. Não quero que algum de vocês saia daqui com uma intoxicação alimentar. — Ela se levantou, deu um beijo em minha cabeça e disse: — Estou indo para o quarto. Se precisarem de algo, é só chamar!

E enfim, sós. Somente eu, e Any Gabrielly frente à frente. Ela enunciou:

— Não tivemos muito tempo para conversar desde... tudo.

— Acho que a hora chegou agora — falei, me preparando para a conversa que estava por vir. — Temos muito a esclarecer.

Ouvi o barulho da cadeira de Any ranger no chão de madeira e se aproximar, logo ouvindo sua voz:

— Tudo bem... vamos do começo. Sei que posso ter sido fria quando terminamos, mas quero muito entender o que houve entre você e Heyoon. Podemos tranquilamente ser amigos — sua voz vacilou —, mas preciso saber a verdade primeiro.

— Errei — admiti. — Dei corda para a manipulação interminável de Heyoon. Não tivemos nada antes do nosso término, mas aquele beijo não foi da minha vontade e eu realmente não o esperava. Te ver ali na plateia partiu meu coração, e tentei correr atrás de você. Mas eu não consegui.

A imagem dos olhos marejados da garota voltaram a minha mente e eu só conseguia me culpar pela dor que a causei. A falta física que eu sentia por Any nas competições não diminui. Queria toca-lá, senti-lá e principalmente: vê-la. E eu sabia que isso não seria mais possível.

— Sabe, aquela foi a última vez que realmente vi você — disse sem pensar e não parei minha fala: — E não vou vê-la nunca mais. Não vou ver nada.

— Josh... — Senti sua voz trêmula e nossas mãos se encostaram. — Não fale nisso. Você tem certeza que é irreversível?

— Sim.

Não consegui me conter. As lágrimas correram pelo meu rosto e de repente estava nos braços da mulher. Seu rosto estava levemente molhado e eu podia presumir que algumas lágrimas passaram por ali também.