como dois anti-romanticos acabaram juntos? (part 3)

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Tônico bufou mais uma vez, o som da campainha já se era infernal por si só e quando estava tecnicamente de ressaca era dez vezes pior. O garoto buscou qualquer blusa em meio a zona clássica de seu e saiu em rumo a porta de entrada, em meio aos passos ele jurar matar a desgraça que atrapalhava seu sono.

Até que finalmente a porta fora aberta revelando uma Celestina com os olhos curiosos, cabelos bagunçados e talvez uma cara de brava, mas aquilo já era o clássico dela.

— Celestina...– Tônico murmurou olhando para a garota, que retribuiu e pode em fim reparar como o garoto estava diferente de alguma forma.

O cabelo cacheado parecia ter crescido ainda mais, as olheiras que já eram clássicas pareciam ter piorado e ela pode até jurar vê-lo mais magro do que ele já era. Além daquilo pode perceber o novo cheiro do garoto, no qual não era nem um pouco agradável.

— Oi....– Naquele momento a filha de Heloísa tentou ao máximo se lembrar do tal discurso que tinha preparado no ônibus até aqui — É que....

Mas que merda, porque caralhos eu não anotei essa porra?. Celestina pensou enquanto olhava para Tônico, a verdade era que se o arrependimento matasse ela já estaria certamente morta.

— Eu sinto muito pela sua mãe...– Celestina disse e rapidamente baixou a cabeça, talvez as únicas palavras que ela conseguisse falar fossem apenas aquelas.

— Obrigado – Tônico respondeu e rapidamente coçou a cabeça — Celestina...você quer entrar? É que tá chovendo e tem chocolate quente que a dona Katharina fez e....ah você sabe.

— Eu...Eu aceito.


— E como estão as coisas? Eu digo...– Celestina rapidamente respirou fundo vendo o menino abrir o armário e retirar o copo de vidro para colocar o tal do chocolate quente.

— Sobre meu pai? – Tônico questionou colocando o chocolate quente no copo — É complicado, meu pai é um dos seres humanos mais complicados do mundo inteirinho. Se não for do jeito que o doutor Eugênio Ambrósio mandou, está mandado e bla bla bla.

Celestina até sorriu com a vozinha que Tônico forçou, a garota poderia não ser a mais próxima de Tônico, mas sabia que a relação dos dois era complicada. No primeiro ano ela chegou a presenciar um briga que os dois tiveram na escola, na qual os gritos do Corenel eram altos e pareciam fazer eco na escola de Santa Isabel.

— EU JÁ FALEI QUE EU NÃO QUERO FILHO MEU VAGABUNDO BANDIADO DESSA FORMA.

— EU NÃO SOU VAGABUNDO, EU SOU UM ARTISTA E ISSO QUE EU QUERO SER.

— QUANDO TOMAR UMA MAOZADA NOS BEIÇOS AI EU QUERO VER SER ARTISTA, DEIXE DE QUERER SER VAGABUNDO MENINO.

— É, eu sei – Celestina disse bebericando o café. Teresa e Pedro acertaram quando falaram que o chocolate quente da dona Kah era bom, Celestina logo pensou.

— As vezes eu me pergunto como minha mãe foi capaz de casar com ele, ela era alguém tão livre e tão cheia de vida – Tônico afirmou sorrindo enquanto lembrava da mãe — Foi ela que me ensinou a tocar violão.

— As vezes nos fazemos escolhas sobre o amor na qual não imaginamos que possa ser a errada, apenas fazemos.

— É só que...– Um fungado saiu de Tônico, Celestina levantou o olhar olhando para os olhos inundados dele — Ela não merecia morrer dessa forma.

— Ninguém merece...– Celestina disse e mais uma vez baixou o olhar — Quando eu era mais nova, o meu pai morreu de câncer também...

— Eu sinto muito.

Século 21 - Nos Tempos Do Imperador Where stories live. Discover now