E se eu fosse você?

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— VOCÊ É UM GALINHA, UM CANALHA SEM VERGONHA E UM SEM FUTURO ALGUM – Teresa disse gritando enquanto descia as escadas quase correndo, a mulher estava tão nervosa que tinha sido por um milagre não ter caído nos degraus.

— Teresa...Teresa, me escuta – Pedro disse completamente agoniado, ele desceu as escadas e viu ali sua esposa de costas — Me escuta, apenas isso.

— Te escutar? Você é um vagabundo, um galinha sem futuro – Teresa disse se virando, logo ela estaria falando italiano e as coisas ficariam mais sérias certamente — Você tava se agarrando com aquela......

— Teresa, eu não estava....– Antes que Pedro pudesse continuar sua fala um copo de vidro foi tacado em direção dele — TERESA ISSO QUASE ME ACERTOU.

— QUE TIVESSE ACERTADO – Teresa disse completamente transtornada — VOCÊ É MERDA DI CRETIN, UN VIAGGIATORE VERGOGNOSO (um cretino, um vagabundo desgraçado).

— E você uma maluca que não escuta ninguém – Teresa rapidamente arregalou os olhos com aquela afirmação, respirou fundo e subiu rápido as escadas.

Pedro ficou ali na sala estático, esperava que alguma resposta como um vaso ou quadro jogado em sua cabeça, mas por longos minutos não se houve nenhuma reação da mulher. A porta da casa foi aberta, revelando uma Isabel rindo ao lado de Afonso.

— Pai? – Afonso disse estranhando o pai está ali naquela hora — Aconteceu algo? A mamãe tá bem?

— Acontece meu filho, que o seu pai é um vagabundo sórdido que vai morar agora a la disgrazia della sua padrona (a desgraçada da amante dele) – Teresa disse antes de arremessar pela escada uma mala.

Isabel e Afonso se manteram estáticos, nunca tinham visto uma explosão tão grande como aquela, mas as coisas pareciam ser aquela novo normal entre os pais. Pedro engoliu a seco e ali rapidamente aceitou, sabia que não adiantaria de nada tentar debater algo ou ao menos falar algo.

O homem olhou para figura da mulher ali no alto da escada e pegou sua mala, virou olhando para os filhos e desejou um boa noite além de ter dado um beijo na testa dos dois antes de sair da casa. Teresa engoliu a seco e correu apressada pro quarto, choraria lágrimas não esquecendo aquela cena.

Mais uma vez a porta de estrada foi batida, agora por uma Leopoldina notoriamente desesperada algo que chamou atenção de Afonso.

— Isso aqui é o novo normal? Entrar desesperado em casa? – Afonso disse para a irmã mais nova que largava a bolsa no chão.

— Cadê a mamãe? Eu preciso falar como ela – Leopoldina disse começando a correr para subir as escadas, mas foi parada pela voz de Isabel.

— Nem vale a pena, mamãe e papai brigaram e ela jogou as coisas dele pela escada tudo – Isabel disse suspirando.

— Nossos pais vão se separar? – Leopoldina disse assustanda, a adolescente se sentou no degrau da escada esperando alguma resposta.

— Olha, pela forma que ela tava é bom esperar uma madrasta e um padrasto – Afonso disse antes de receber um tapa na nuca dado por Isabel — Aí maluca, vai da uma de mamãe agora? Doeu.

— Cala boca Afonso – Isabel disse andando de um lado para o outro — Eu vou ligar pra madrinha.

— Qual delas? – Leopoldina disse chamando atenção da irmã — O que? São tantas, tem a Tia Lili, a Tia Tina, a Tia Vitória e a Tia Clemência.

— Eu fico chocado em saber que a tia Vitória roubou a tia Clemência do irmão dela – Afonso disse alisando a nuca ainda dolorida pelo tapa.

— Não é? O nível de talaricagem foi elevado, coitado do tio Joaquim – Leopoldina disse rindo — Mas quem mandou não ligar pra tia Clemência? É aquela coisa, deu mole é vapo.

Século 21 - Nos Tempos Do Imperador Where stories live. Discover now