Love potion - 6 de 6

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      Mesmo que não tivesse bebido, Kaeya havia acordado com uma dor de cabeça terrivel.

      Já era manhã, e Kaeya sabia que sim. Os barulhos de uma voz fina e doce ecoavam pela casa, juntamente da voz de Albedo tentando acalmar a menor.

-CAFÉ DA MANHÃ! CAFÉ DA MANHÃ COM O ALBEDO! - Klee exclamava, animada por poder comer a comida de Albedo depois de tanto tempo.

-Klee, se acalme, você vai acabar acordando o tio Kaeya desse jeito. - Albedo não sabia, mas ouvir aquele apelido saindo da boca que estava beijando a poucas horas atrás, desconcertava completamente o coração mole de Kaeya. Se haviam duas coisas que fossem seus pontos fracos, essas coisas eram, sem duvidas, crianças e Albedo.

      Oh. Albedo.

      Kaeya se pegou pensando no alquimista mais uma vez, uma vez que não poderia haver como desculpas uma boba poção do amor. Kaeya ainda sentia vontade de beijar e estar ao lado do loiro para sempre.

      Talvez no fundo soubesse que nunca foi culpa da poção, mas preferia negar sua paixão pra preservar a amizade tão valiosa para ambos.

      Coisa que foi por água abaixo ontem.

      Kaeya não queria levantar da cama, tanto pela dor de cabeça, quanto pelo fato de que teria que encarar Albedo se fizesse. Era mesmo irônico. Kaeya havia praticamente implorado pra conseguir ter os lábios do alquimista juntos dos dele, e agora tinha vergonha de encará-lo. Porque encara-lo significaria ter que dar uma resposta, e Kaeya ainda não tinha certeza se o loiro estava preparado pra ouvir aquilo. As vezes um "eu te amo" é muito difícil de se ouvir.

      Os barulhos vindo da cozinha cessaram, indicando que Klee estava agora comendo quieta. E isso era bom, por um lado. Mas por outro, era o medo de Kaeya se concretizando.

      A porta começou a abrir. Uma fresta de luz entrava no quarto por ela, com uma sombra alta e bem famíliar estampando a fresta de luz. Albedo estava entrando no quarto.

      Kaeya imediatamente fingiu que estava dormindo, fechou os olhos e regulou a respiração. Sentiu as mãos quentes do alquimista alcançarem sua testa, medindo a temperatura do local. Kaeya não sabia dizer se estava quente ou não.

      As mãos se afastaram do corpo alheio, indo pra sabe-se lá onde antes de Kaeya sentir um olhar carinhoso e ao mesmo tempo desejoso sob seu rosto. Albedo o estava analisando? Isso era extremamente fofo, aos olhos do capitão.

      Minutos se passaram, e Albedo não desviava o olhar de Kaeya nem por um segundo. Albedo levou as mãos até a mão do azulado, agarrando seus dedos em um movimento calmo.

      Kaeya não estava aguentando mais, aquilo era a coisa mais fofa que Albedo poderia fazer.

-Você poderia me beijar de uma vez ao invés de ficar me encarando, sabia? - Kaeya pronunciou, abrindo os olhos rapidamente pra ver a expressão assustada do outro. Albedo largou as mãos e afastou-se por reflexo, desviando o olhar assim que notou que o amigo não estava tão desacordado.

-Kaeya... bom dia. - O loiro disse, levemente envergonhado por ter sido pego.

-Bom dia, Bedo. - disse o capitão, com um pequeno sorrisinho no rosto. - fez panquecas, não?

-Fiz, claro. É o único jeito de fazer com que Klee aquiete. - Riu de sua fala assim que afirmou.

      Kaeya acompanhou com um sorriso, encarando o rosto vermelinho de sua pequena paixão. Albedo era bonito, terrivelmente bonito.

-Fiz algumas pra você.

-Que fofura! Será que você poderia colocar um vestidinho de empregada também? - provocou o mais alto.

-Vai se fuder, Kaeya. - Xingou o loiro, subindo uma mão com o dedo médio levantado.

-Quanto ódio, nem parece que a gente tava se pegando por todos os cantos da sua sala ontem. - Se Kaeya sabia fazer algo, essa coisa era provocar o mais baixo.

-Você me irrita tanto.

-E você me deixa cada vez mais apaixonado.

-Por acaso você bebeu outra poção do amor ou algo do tipo?

-Não acho que seja necessário, já sou apaixonado o suficiente por você sem uma.

-Então você realmente gosta de mim? Não foi só um efeito da poção? - Albedo questionou, esperançoso.

-É claro que gosto, sempre gostei. E eu tentei avisar ontem que não era efeito da poção, mas você nunca me escuta.

-É você que tá sempre errado.

      Kaeya levou as mãos quentes até entrarem em contato com as mãos geladas de Albedo, puxando o loiro mais para perto.

-Sabe, você tá meio que me devendo um sim, Albedo.

-É, eu tô. E então, já sabe o que pedir?

-Sei, sei sim. E tem a ver com roupinha de empregada e você.

-Você é muito esquisito, Kaeya.

-Você ainda assim me ama. E não é culpa minha se eu acho que suas coxas ficariam bem em uma meia calça.

-Infelizmente eu amo, seu estranho. - Albedo se aproximou e beijou a testa do mais alto, recebendo um suspiro confortável como resposta.

      Em um rápido ato, Kaeya puxou os lábios alheios mais pra baixo, deixando alí um selinho demorado que teria se aprofundado se uma voz familiar não tivesse sido ouvido.

-Bedo! O tio Kaeya acordou? - A voz da pequena Klee pronunciou, adentrando o quarto não tão silenciosamente.

-Bom dia, Klee! Como estão as panquecas que Albedo fez? - O capitão perguntou, com uma leve fome já tomando seu estômago.

-Estão ótimas tio Kaeya! Você deveria provar! - A garota adimitiu, indo até o azulado com um pouco de massa espalhada por sua boca.

-Tenho certeza de que Albedo vai ficar bem feliz em fazer mais pra gente, certo Bedo? - Kaeya provocou novamente, agora com Klee em seu colo.

-Claro, mas você é responsável pela louça, amor. - Albedo disse, já andando em direção a porta.

      O coração de Kaeya parou. Realmente havia ouvido aquilo? Albedo havia o chamado de "amor"? Podia jurar que sua vida estava completa agora. Ouvir Albedo o chamar de amor era a última coisa que precisava pra morrer feliz, agora podia ir em paz.

-Certo, querido. - respondeu, já saindo de sua cama e indo em direção a cozinha.

      Talvez Kaeya pudesse se acostumar com esses apelidos bobos e poções que não cumpriam seu propósito, afinal, foi exatamente por isso que havia se apaixonado pela bagunça que Albedo era.

      E Albedo era uma bagunça que Kaeya estava disposto a enfrentar.

      Porque mesmo que a poção não tivesse caido nas mãos que deveria, Kaeya e Albedo ainda precisavam dela pra enxergar algo que sempre esteve bem na frente deles.

      O amor.

Poção do amor; KaebedoOnde histórias criam vida. Descubra agora