Capítulo 2 - A Festa

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Chegando lá, haviam 2 quartos e uma outra garota de cabelos ondulados e olhos expressivos ocupava um deles. Meus pais não me avisaram que eu iria ter uma colega de quarto, mas esse fato não me incomodou, apesar da inesperada surpresa.
Ela estava deitada em sua cama mexendo em um notebook, e, ao me ver, deu um sorriso largo e se levantou para me cumprimentar:

– Oi! Meu Deus. Não repare na bagunça desse quarto. Meu nome é Martina, você deve ser minha nova colega de quarto, não?
– Olá! Me chamo Alisha, obrigada pela recepção... Você também vai estudar Universidade de Milão?
– Na verdade, eu já estudo lá. Esse vai ser meu último semestre. Qual o seu curso mesmo?
– Consegui uma bolsa para estudar moda, e também quero aprimorar meu italiano.
– Entendi. Vi no seu histórico que você começa daqui 3 dias, então, você não tem planos para hoje a noite, certo?
– É, sim...
– Meu namorado vai dar uma festa mais tarde, você topa? Tenho certeza que você vai se enturmar rápido!
– Mas... é que eu acab
– Sem mas! Você tem que ir. Coloca sua melhor roupa que já estamos atrasadas. Aliás, prazer te conhecer — finaliza com uma risada um tanto quanto sarcástica

Sinceramente, me sinto completamente perdida. Não conheço absolutamente nada, e no meu primeiro dia já estou indo para uma festa. Não que isso seja algo ruim pra mim, eu adoro me divertir! Mas tenho receio de seja muito cedo para isso. Afinal, vim para cá com o objetivo de estudar e buscar conhecimento... E, convenhamos, não estou nos meus melhores dias. Estou um pouco cansada da viagem.
– Você ainda não se trocou, Alisha? Vamos ver o que você tem na sua mala... — disse a Martina, vasculhando minha mala na tentativa de achar alguma coisa que eu possa usar na festa, e se decepcionando com centenas de suéteres e peças nada adequadas pro evento.
– É... Eu não trouxe muitas roupas para festas — eu respondo meio sem graça. Que diabos uma estudante de moda vai fazer em Milão com essas roupas?
– Não se preocupa, eu te empresto um vestido que eu fiz essa semana. Vou ir lá pegar pra você.
Decidi que enquanto ela procurava o vestido para eu vestir, iria tomar um banho. Quando saio do banheiro, Martina está no closet dela, e assim que me vê, tira um cabide que armazenava um lindo vestido de cetim rosé, bem curto e decotado. Automaticamente pensei: esse é o que ela vai usar, certo? Esse vestido não vai cair bem em mim nunca. Eis que ela joga o vestido em minha direção confirmando que o meu pensamento estava errado. Mas eu não podia escolher, e não queria reclamar para não parecer chata, então eu visto o vestido.
– Ficou maravilhoso! Sabia que ia ficar espetacular. Esse corpinho também ajuda, né? Pega essas sandálias também, elas combinam com o tom do vestido. Seja rápida porque daqui a pouco a Katherine vai passar para nos pegar. Você tem que ver o carro dela!
Agradeço o elogio da Martina com um sorriso de canto. Coloco as sandálias, passo um finalizador no cabelo e faço uma maquiagem simples: rímel, blush, iluminador e um batom nude.
– Pronta? — Martina pergunta.
– É... Acho que sim!
E então, largamos toda a bagunça no quarto e descemos as escadas. A Katherine já estava nos esperando na frente com um Audi A3 Cabriolet. Não perdemos tempo e entramos rapidamente no carro, ou posso dizer, carrão! Em poucos minutos chegamos ao local da festa, e já estava praticamente lotada. A decoração estava incrível e a playlist era uma das minhas favoritas, estilo anos 2000. Quem nos atendeu foi o namorado da Martina.
– Oi meninas, sejam bem vindas! Oi, amor. — Disse ele, selando os lábios da Martina logo em seguida.
– Vou buscar um ponche pra gente, eu já volto! — Falou Katherine indo em direção a cozinha da casa, ela parecia conhecer cada canto.
Martina me puxou pelo braço e me levou pro sofá, no qual tinha um grupo de pessoas sentadas no mesmo.
– Galera, essa aqui é minha nova colega de quarto, Alisha. Ela é nova aqui na cidade, vai estudar lá no campus daqui uns dias! — Ela me apresentou.
– Chega aí, Alisha! Pode sentar aqui — Disse uma garota de cabelos coloridos, se ajeitando no sofá de modo que eu pudesse me assentar ao lado dela.
– Vou te apresentar o pessoal, eu sou Nicole, aquele ali da esquerda é o Brandon, do lado dele estão April, Daniel e Alex...
Acidentalmente me perco nas palavras que saem da boca da garota e, avisto um homem alto, bronzeado, de cabelos escuros e olhos cor de mel. Ele me encara de volta e, rapidamente, eu direciono minha atenção de volta para a garota
– O que você tinha dito mesmo? Me desculpe por ser tão distraída.
– Então quer dizer que sua distração é o Eric?
– N-não, eu estava olhando para outra coisa!
– Todas caem em cima dele, mas ele é um homem muito, sei lá, misterioso. Se mete em muitas brigas. É desses que não se mete com qualquer um, sabe? Mas ele tem um coração de ouro.
– Ele aparenta ser mais velho — respondi.
– Não sei te dizer ao certo a idade dele, mas ele não estuda na universidade. Ele tem alguns amigos do último ano e às vezes ele aparece por lá. Não sei para o que, mas aparece.
– Quer uma cerveja, Alisha? — Me ofereceu um garoto loiro e de físico musculoso.
– Não, obrigada. Eu não bebo cerveja.
– Então vamos qualquer outra coisa para beber? Eu acompanho você!
Eu concordei fazendo movimentos com a cabeça, não estava com sede, mas queria parecer legal. Me despeço de Nicole, levanto do sofá capitonê vinho e fui até a cozinha com ele. Perto da despensa, Katherine e o namorado da Martina estavam tendo uma conversa, mas não dei muita atenção. O garoto me dá uma margarita, que assustadoramente estava com um gosto estranho. Vai ver a tequila daqui seja diferente. Ele escora na bancada.
– E aí, como estão sendo os dias aqui? Está gostando?
– Bom, na verdade, eu cheguei aqui hoje. A Martina é super gentil, estamos nos dando bem até. Como é seu nome?
– Alisha, vamos para outro lugar? Aqui está muito barulho e mal consigo te ouvir.
– Sem problemas.
Ele me leva em direção às escadas, subimos alguns degraus e continuamos conversando.
– Respondendo sua pergunta, meu nome é Dylan.
– Prazer em te conhecer, Dylan.
– O prazer é todo meu.
Ele se aproxima um pouco mais do meu corpo, apoia uma das mãos na minha cintura e me dá um beijo suave e completamente imprevisível. A sensação é boa e o beijo vai ficando mais lento e mais quente. Dylan aparente ser um garoto legal, então não vi problema em ficar com ele, já que combinei com o Peter que poderíamos abrir o nosso relacionamento para conhecer outras pessoas durante esse período. O loiro, então, me leva até um dos quartos da casa e continua me beijando, e vai descendo seus beijos até o meu pescoço. Suas mãos passeiam em meu corpo e chega na minha bunda, eu, assustada, tiro-as imediatamente.
– Isso não vai passar de um beijo, por favor, pare. Acabamos de nos conhecer!
– O que foi, gatinha? Eu te garanto que você vai gostar — ele diz me apertando, sem meu consentimento.
Eu tento sair do quarto, mas ele trancou a porta. Eu nunca tinha passado por uma situação dessas antes, o que me faz entrar em desespero, mas não queria estragar a noite de ninguém e acabei cedendo. Ele segura fortemente meus braços e me joga na cama, beijando meu corpo inteiro. O que estava bom, acabou se tornando um pesadelo. Eu fiquei com tanto medo e tudo que podia pensar no momento era que tudo aquilo acabasse logo. Até que, Eric, o homem que estava lá embaixo, arromba a porta e tira Dylan de cima de mim, dando uma surra no mesmo em seguida. Dylan, quando consegue, esquisitamente se acanha e sai do quarto.
– Está tudo bem com você?
– Ele estava tentando me estuprar, obrigada por me ajudar. Não conta isso pra ninguém — eu respondo, ainda horrorizada.
– Fica tranquila, você quer que eu te busque uma águ...
Com vergonha, deixo Eric falando sozinha e desço rapidamente as escadas e procuro por Martina ou Katherine, mas não encontro nenhuma das duas. Vou para o jardim e procuro no meu celular a rota até o apartamento, mas não dá sinal. Eu suspiro preocupada de como vou embora, minha visão já estava turva de tão bêbada que eu estava e começo a caminhar perdidamente pelas ruas, até que Eric vem atrás de mim, pegando no meu ombro
– Ei, você quer que eu te dou uma carona? Não quero depois disso vá embora sozinha. É perigoso. E você está aparentemente drogada, mocinha.
Eu aceito, tendo em vista que não tenho outra opção. Ele tinha uma moto, na qual eu subi e em seguida coloquei o capacete que Eric me ofereceu. Ele sobe e em seguida liga a mesma, me fazendo envolver meus braços em sua cintura. Durante o caminho, aquela sensação de pânico foi sumindo, e por acaso, Eric me transmitia um sentimento de confiança sem ao menos sair uma palavra de sua boca. Chegamos no apartamento. Descemos da moto e eu o devolvi o capacete, e o agradeci pelo favor:
– Obrigada, Eric. Se você não tivesse vindo atrás de mim, eu nem saberia como iria vir para casa hoje.
– Não foi nada. Nos vemos por aí. Se cuida, mocinha.
Ele foi embora e eu subi até meu quarto, a Martina não tinha chegado. Minha mente estava mais exausta que meu físico que apenas me possibilitou tirar o vestido e as sandálias e dormir de qualquer jeito. Que dia ruim e pesado. Tento por na cabeça que amanhã será melhor que hoje.

Feeling DangerousWhere stories live. Discover now