Talvez seja a forma como ele olha para mim. Eu não posso deixar de sorrir. Thomas me encarou, a espera de uma resposta, mas a única coisa que fiz, foi sorrir, como uma verdadeira idiota.

— Pêssego? Você não quer observar a lua e as estrelas?

Me perguntei se Thomas podia ler meus pensamentos. Era estranho a forma como se conecta com o que penso. 

— Sim, eu quero. Mais do que tudo.

— Então vamos. — Thomas tocou a minha mão. No momento em que fez isso, me senti elétrica.

— Mas... e se formos pegos?

— Às uma da manhã? — deu risada de mim. Uma risada silenciosa enquanto umedeceu os lábios.

— E como vamos sair?

— Pela janela. — explicou ele.

Agora quem deu risada, foi eu.

— Péssima ideia, senhor Collin. — lutei para impedir que não ficasse hipnotizada enquanto o encarava. Mas ele estava tão lindo. Os cabelos bagunçados e aquela postura lírica.

— Você não confia em mim, pêssego? — fingiu estar ofendido.

— Eu confio.

— Ótimo. Então, vem comigo. Prometo que não irei deixar você cair. — a voz calma e baixa. — Vou te descer dessa janela em segurança, Scarllet Milles.

Olho de relance para a janela. Tenho medo de altura e só em pensar que poderei cair, a minha cabeça elabora dores desastrosas. Mas depois o encaro e encaro nossas mãos, juntas.

Assenti para ele e Thomas me puxou para a janela. Ele saiu primeiro e afastou- se, dando espaço para que eu pudesse fazer o mesmo. Meu corpo estremeceu, mas me lembrei da sua promessa. Ele não iria me deixar cair.

Saí para fora, sem dar tempo para arrependimentos. Fechei os olhos amedrontada pela altura. Os dedos segurando a barra da janela. Thomas segurou minha cintura e isso me trouxe segurança. Eu não fazia a menor ideia de como iríamos descer até o chão, mas deixei essa parte com ele.

Sentindo apenas as pontas dos pés, na estreita barra que nos dava suporte. Fizemos isso por um tempo. Não ousei olhar para baixo. Mas só em sentir meus cabelos sendo chacoalhados pelo vento denso, era o suficiente para me trazer a adrenalina.

Quando chegamos ao fim da linha, Thomas desceu até outra janela, e com a altura reduzida, ele pulou para o chão. Quando desceu, olhou para mim sorrindo.

— Pule, amor.

— E- eu vou cair. — a mais grotesca observação que não deveria ter feito. De repente, a minha cabeça me diz que irei escorregar.

— Você não confia em mim? — perguntou de novo. 

— Thomas... — murmurei quase chorando.

— Venha, pêssego.

Eu obriguei a mim mesma a pular. Eu confiava nele, mas por alguma razão me limitei a fazer isso. Fiquei parada lá, de pé, sem palavras. 

— Eu vou buscar você. — fez menção a subir de novo. 

— Não. Eu vou descer. — enguli seco.

Abandonando o medo, ignorando a tensão, eu pulei e caí em seus braços. Ele cumpriu sua promessa. Thomas segurou o meu corpo e sorriu para mim daquele jeito bonito. Corei as bochechas com as mãos por entre seu pescoço.

— Viu? Eu disse que não te deixaria cair.  — me colocou de volta para o chão, mas eu protestei internamente. Ainda queria estar em seus braços.
— Vamos, pêssego.

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora