Grey Play

Capítulo 21

Ana

O Círculo Polar Ártico? Como na neve, geleiras e ursos polares?

Olhei para minha blusa transparente em alarme. Esta roupa não iria cortar o frio. Eu ia congelar até a morte.

"Não se preocupe, você vai ficar bem, não é muito diferente de um inverno inglês por lá no momento. Você trouxe um casaco, sim?"

Assenti, não convencida. Meu lindo casaco de lã vermelho azevinho me mantinha confortável o suficiente em casa, mas não seria a escolha de casaco para uma viagem de Esquimó.

Christian foi até a cozinha self-service e voltou com um prato de croissants, doces, queijos e bacon crocante.

"O café da manhã está servido, senhora."

Olhei para a variedade de alimentos e percebi que estava morrendo de fome. Estar com Christian me fazia esquecer as coisas mais básicas, incluindo alimentação. Meu marido provavelmente deveria ser adicionado a essa lista também.

"Sua vida é sempre assim?" perguntei, depois que carreguei meu prato. "Jatos particulares, qualquer mulher que você queira, champanhe na torneira?"

Christian me estudou por cima da borda de sua xícara de café fumegante.

"Praticamente."

Ele era totalmente sem remorso, mas então por que ele não seria? Era um estilo de vida dos sonhos, e o Google me informou de forma confiável que aos trinta e um, Christian Grey era o homem completo, bem-sucedido. Seu negócio, a perspicácia, foi muito documentada e elogiada, mesmo que sua história antes da Grey Inc. fosse uma página em branco.

"Você nunca quer mais, no entanto?"

"Mais? Um jato particular é suficiente, mesmo para mim", disse ele secamente.

"Não... eu não quis dizer..." - acenei com o braço ao redor da luxuosa cabine - "... isso. Família? E o amor... crianças um dia, talvez?"

Christian soltou um suspiro e balançou a cabeça.

"Não é minha praia, preciosa. Laços não servem para mim."

"Todo mundo precisa de amor, Christian."

"Sim, e o Papai Noel realmente existe." Christian empurrou seu prato para longe. "Onde o amor te levou, Anastasia?"

Baixei a cabeça, magoada por suas palavras. Ou picada pela verdade por trás de suas palavras. O amor não me levou a precisamente nenhum lugar. Talvez ele estivesse certo. Ele construiu uma vida para si mesmo que era só diversão sem mágoa. O que havia de tão ruim nisso?

"Mas você não se sente sozinho às vezes?"

Christian deu de ombros.

"Eu possuo sete clubes e vinte e nove lojas de varejo em todo o país, e tenho uma equipe de mais de quinhentos, incluindo uma PA terrivelmente perturbadora. Não tenho tempo para ficar sozinho."

Por mais que quisesse cavar mais fundo, algo no rosto de Christian se fechou. Seus olhos brilhantes tinham embotado para um azul plano, e um músculo se contraiu ao longo de sua dura mandíbula. Suas respostas me disseram precisamente nada, e tive a nítida sensação de que elas foram estruturadas para ter exatamente esse efeito.

O homem era muito político. Quem é você, Christian Grey?

Por mais íntimos que fomos nos últimos dias, de qualquer forma que contasse, o homem sentado à minha frente era um completo estranho.

***

Christian

Fechei a porta do quarto em silêncio, aliviado por Anastasia ter aceitado minha sugestão de que ela colocasse jeans e tentasse dormir um pouco pelo resto do voo. Suas perguntas no café da manhã me perturbaram. Eu não era sozinho, e a última coisa em minha agenda era ser algemado a outra pessoa.

Por que alguém pensa que a monogamia funciona? Não é natural. As pessoas são seres sexuais, o casamento suprimia artificialmente os desejos da natureza. Distorcia aqueles que tentavam se conformar com as regras, e fazia vilões e vítimas daqueles que falhavam.

O casamento de Anastasia era um caso em questão. O marido dela estava do outro lado do mundo curtindo os prazeres carnais do corpo de outra mulher, enquanto sua esposa estava deitada na cama se recuperando de seu último orgasmo a caminho do Círculo Polar Ártico. Onde estava a honestidade ali? Onde estava o amor e o tão lendário respeito?

Olhei para a porta do quarto. Estava determinado que Anastasia desfrutaria de muito mais prazeres antes de ir para casa e lutar com seu marido traidor.

***

Dan

Estava preocupado. Não podia me apossar da minha esposa. Mal podia fazer uma cena sobre isso com Maria, mas o silêncio de Anastasia só podia significar uma coisa. Eu não era um homem dramático, não me ocorria que qualquer coisa desagradável pudesse ter acontecido com ela. O instinto me dizia que Anastasia estava escolhendo evitar minhas ligações. O medo frio envolveu os dedos úmidos em torno do meu coração ao pensar que ela sabia sobre meu caso.

Nunca em um milhão de anos acalentei a ideia de que a própria Anastasia pudesse estar muito ocupada nos braços de outro homem para ouvir meus apelos cada vez mais desesperados para que ela pegasse minhas mensagens, mas agora, estava realmente agoniado com o pensamento de outro homem tocando nela.

***

Dan nem imaginava que lá no subúrbio, sua pequena semi comum casa estava negligenciada, o vermelho piscando da secretária eletrônica a única luz no local.

Vermelho para perigo. Vermelho para o perigo. Vermelho para problemas à frente.