Fifteenth

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Gabriel/ Lil Gabi; 01/01/2022 de tarde;

Quando cheguei na praia, o som estava alto tocando as da Tardezinha do Thiaguinho e galera estava bebendo pra caramba. Sorri grande e fui cumprimentando a galera, parei no grupinho da irmã enquanto tocava 'Valeu' e não demorei a ver Nina sambando com uma latinha de cerveja na mão, enquanto gargalhava de alguma coisa que o Igão tinha dito.

Valeu, essa noite vou ser seu
Aproveita que eu quero me entregar

Ela me viu. Ergueu a própria latinha de cerveja e virou sob os próprios pés, sambando. Acabou a música e começou a tocar 'Livre pra voar'. Foi o momento que a ficha caiu pra mim.

Eu estou definitivamente balançado.

Mas Karina parece não estar nem aí.

Ela simplesmente continuou perto dos amigos, enquanto eu a olhava quase com devoção, e estendeu a latinha seca pra Cocielo que prontamente tirou uma fechada do balde de gelo e entregou pra ela.

Já me acostumei com seu jeitinho
De falar no telefone
Besteirinhas pra me provocar
Quando eu te pegar cê tá perdida
Vai se arrepender de um dia ter me tirado do meu lugar

De repente, ela decidiu vir na minha direção, sambando e cantando:

Peço, por favor não se apaixone

Tarde demais, Karina. Tarde demais.

Pois não sou aquele homem
Que um dia seu o pai sonhou
Eu só tenho cara de santinho
Sempre faço com jeitinho
Coitada de quem acreditou

Ela chegou perto de mim, entrou na rodinha sambando e rindo e a minha irmã aparentemente adorou porque se juntou a ela.

Eu prometo te dar carinho, carinho
Mas gosto de ser sozinho
Livre pra voar
Quem sabe um outro dia a gente possa se encontrar de novo
Prometo, prometo!
Prometo te dar carinho, carinho!
Mas gosto de ser sozinho
Livre pra voar
Quem sabe um outro dia a gente possa se encontrar de novo

Ri fraco. Essa música poderia ser minha. Ou dela. Não sei. A gente é igual...

E é isso que me fode.

Nina não demorou muito por aqui, logo saiu sambando de volta pra perto dos amigos. Dhiovanna recebeu uma chamada de vídeo da minha mãe e eu me concentrei em falar com os meus coroas, e quando a chamada encerrou eu não sabia mais onde Karina estava. Bebi um pouco da minha água, a temporada tá chegando, as férias acabando, é ano de Copa do Mundo e eu estou tentando maneirar depois de curtir muito. Foi aí que saí de perto do pessoal e encostei perto dos amigos da Nina.


Igão abriu um sorrisão pra mim, começou uma conversa e eu me entrosei ali até ter coragem de perguntar: - "E, pra onde a Nina foi? Tinha visto ela por aqui..." - Tentei perguntar como quem não queria nada, mas devia estar escrito bem no meio da minha testa que eu queria tudo, porque tanto Cocielo como Igão riram.

"Ela deve ter ido terminar de arrumar as malas, aí vai pegar o carro até Salvador e de lá um voo pra Fortal." - Tata explicou, me olhando como se buscasse no meu rosto a resposta pra alguma pergunta.

Buscou e achou, porque eu fiquei completamente desnorteado ao saber que Nina vai embora ainda hoje. Isso não tinha passado pela minha cabeça. O momento em que ver ela todo dia fosse parar de acontecer.

"Mano, cês já foram em Fortal? É assim, de outro mundo, moleque. O mar azulzinho..." - Igão, que assim como o resto da rodinha parecia alheio à minha reação, disse.

"Gabriel, vem aqui." - Tata chamou, me puxando pela mão." - "Você devia dizer pra ela."

Arregalei os olhos e ri fraco. - "Dizer o quê, Tata? Não mano, tenho nada pra dizer pra ninguém não." - Desconversei desviando o olhar dela para o mar atrás de nós.

"Ela já sabe." - Tata foi direta e atraiu totalmente a minha atenção.

"Quê? Como assim? Como que ela sabe se nem eu não sabia até poucos dias?" - Botei a pontinha do iceberg da minha confusão para fora, cruzando os braços.

"Eu acho melhor você ir falar com ela." - Foi tudo que Thayse respondeu. - "A essa hora ela ainda está lá em casa, mas daqui vinte minutos não tá mais."

Foi o suficiente pra eu assentir e começar a caminhar até a casa dela. Mas eu não sabia bem o que ia fazer. Eu sabia que tinha me apaixonado, que já era... Mas não sabia se dizer é uma boa ideia. Não sabia como falar que eu fudi o nosso trato, que não existe mais na minha cabeça nada de trato, e que eu só queria mesmo... Caralho, o quê que eu queria mesmo? Sei bem que queria que ela não fosse embora hoje.

Parei na frente da casa e fiquei olhando por alguns segundos. Talvez eu devesse só... Dar tchau. E desejar uma boa viagem.

Se eu não sou bom em falar o que sinto, se eu acabei de descobrir o que sinto, e mais importante: se eu sei que ela não se sente assim, pra que é que eu vou falar com ela? Eu não tenho porque falar com ela.

"Gabriel?" - Nina me viu e disse, saindo do quarto dela e puxando duas malas. Ela tinha trocado de roupa, e o cheiro do perfume estava mais forte que antes.

"Oi, marrentinha." - Dei um sorriso fraco. - "Eu... Fiquei sabendo que você tá indo embora."

Ela assentiu entrando de novo no quarto e fazendo sinal pra que eu a seguisse. - "É, já passei dias demais longe dos meninos, da 30PRAUM. Eles fizeram todos os shows do fim de ano sem mim por perto, dia quatro os dois tão fazendo de novo... Na real, o Teto fez show ontem já. Eu ainda quero passar em Fortaleza, ver a minha mãe... Aí tô indo." - Explicou.

Assenti devagar e respondi: - "Ah, entendi. Vi o pessoal falando que você ia viajar, aí vim aqui me despedir..." - Engoli seco, olhando ela tirar o celular da tomada e guardar o carregador na bolsa que estava em cima da cama.

Como dizer o que eu preciso dizer? Que palavras escolher pra dizer o que eu quero dizer?

"Tá tudo bem? Você tá me olhando esquisito." - Constatou prendendo os cabelos num coque.

"Vem aqui..." - Chamei estendendo a mão. Ela me olhou, sorrindo pequeno e se aproximou. Puxei ela pra perto, passei meus braços um pelas costas e outro pelos ombros, fechei os olhos e inclinei o rosto pra puxar o cheiro do pescoço dela pra mim. - "Boa viagem, marrentinha."

"Obrigada." - Agradeceu baixo. Surpreendentemente quietinha nos meus braços. Talvez Tata esteja certa e ela realmente saiba.

"Nina?" - Chamei baixinho, sentindo meu coração acelerado. Eu ia mesmo dizer? Ela soltou um 'hã?' e eu fiquei em silêncio antes de dizer baixo: - "Acho que eu confundi as coisas."

Ela deu um suspiro alto no meu ouvido. - "Eu sei." - Ela sabe. E agora? O que dizer?

>> Tô tão feliz com esse jogo de hoje!!!!! Muito mesmo!!!!

>>> Ah, esse sumiço foi uma mistura de problemas pessoais com bloqueio criativo, então quanto mais vocês me disserem se gostam, as opiniões, mais me ajudam... Admito que ultimamente não gosto de nada que escrevo, mas tô tentando... Beijos.

Amor em Dezembro - Lil GabiWhere stories live. Discover now