Fifith

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Karina/Lil Nina; madrugada de 19/12/2021 para 20/12/2021

Esfreguei o rosto estressada, cansada, puta...

Preocupada.

Caralho, a gente tava indo tão bem. Tinham tantos dias que ele não dava uma crise.

Merda de doença rara. Porra de Still do Adulto. Merda. Merda. Merda.

Primeiro, meses sem saber do que se tratava. Meses convivendo com febres altas, dias de tanta dor que ele não se mexia, a pele com tantas manchas vermelhas que eu chegava a engolir o choro só de olhar. Exames e mais exames. Inúmeros diagnósticos descartados, o desespero consumindo, a dor piorando. Até serem descartadas quase todas as doenças de quadro febril existente e nós recebermos o diagnóstico raro da Doença do Still do Adulto.

E aí veio a luta contra as crises. O medo de sempre vir algo pior. Os dias que ele não sentia nada... e os dias que nem pegava o filho no colo.

A luta pra ficar limpo. E ele ficou limpo. Meses.

E aí recaiu. E as crises voltaram com força.

E estamos aqui. Mais uma vez.

"Karina Aguiar?" - Levantei de uma vez da cadeira. - "Matheus Brasileiro Aguiar já pode receber visita." - Agradeci, me colocaram a pulseirinha de visitante e eu entrei no quarto.

E doeu. Doeu ver ele com um acesso venoso no pescoço e outro no braço, e o corpo com algumas manchas vermelhas. Doeu. E há dez horas atrás, ele estava brincando de guerra de travesseiro com o Teto no hotel. E parando quando me via olhar. E voltando quando eu virava o rosto. E agora está grogue numa cama de hospital por causa de febre e dor.

Matheus abriu os olhinhos e me deu um sorriso fraco, mexendo os dedinhos da mão pra eu me aproximar. - "Desculpa, menina."

Arqueei a coluna. Eu tinha que ser forte. Eu não podia chorar. Se eu chorasse, quem ia segurar a barra?

"Não desculpo. Se você me der mais um susto desses, subir ao palco com trinta e oito de febre e já sentindo uma dor no braço, eu mesma vou te dar uma surra que vai..." - Ele me interrompeu.

"...me custar toda a minha grana pra colocar meus ossos no lugar." - Disse o que eu sempre digo.

"E vai ser uma surra muito grande..." - Parei de falar pra mais uma vez ele completar.

"...porque eu tenho muita grana." - Ele deu um sorrisinho e eu me abaixei pra colar nossas festas, sentindo meu coração ficar mais leve porque a temperatura dele está mais baixa, diferente da pele extremamente quente que eu toquei quando encontrei ele sentado no cantinho do palco depois de parar o show porque não estava se aguentando de pé.

"Eu sou bruta e não sou a fã número um de abraços, e não digo muito isso mas eu te amo, tá? Você é tudo pra mim desde que eu nasci."

"Você briga, manda em tudo, é chata pra caralho, mas faz isso pra cuidar de todo mundo. Se eu não tivesse com álcool no sangue, não ia ter dado crise. Desculpa não te ouvir."

"Vou te comer no esporro quando você não tiver com agulhas no corpo todo."

"Negócio fechado." - Sorri fraco e abracei ele que me retribuiu com a força que podia.

Karina/Lil Nina; 22/12/2021

📍São Paulo, SP

📍São Paulo, SP

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Amor em Dezembro - Lil GabiWhere stories live. Discover now