Sentada à mesa do Diabo.

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-"Não é a primeira vez que ouço tais palavras."- Helena deixou escapar enquanto se recordava de Thomas.


-"Oh disso não duvido minha querida. Posso sentir-me um privilegiado depois do encontro que o meu chefe de segurança teve com a Helena." - Mosley recostou-se ligeiramente na cadeira admirando-a.


-"Queria revistar-me, privilégio é ele ainda manter as mãos depois disso."


-"Ter uma mulher como tu a meu lado é exactamente o que preciso. Darias a Primeira-Dama mais feroz que este mundo já viu."- Mosley chamou um empregado apenas com o olhar.

-"O facto de ter aceite o convite para o comício não quer dizer que haja abertura para mais. Não me envolvo em política."- Helena disse friamente pegando no copo que tinha acabado de ser servido.

-"A partir do momento em que entraste por aquela porta já estás envolvida minha querida."


-"Política vive de corrupção e jogos de interesse. As pessoas precisam de alguém que as defenda verdadeiramente e não de quem as governe baseando o poder no medo."- Helena tentava esconder o ódio que crescia dentro de si a cada segundo que passava.


-"Fascinante! Um dia vais ser uma grande líder. Mas é curioso que digas isso, quando Joaquim é o homem mais aclamado e temido do país."- Mosley estava hipnotizado com a sua força.

-"O meu tio não se envolve em política."

-"Oh mais vai envolver, espera e verás. O teu tio e eu não somos homens assim tão diferentes sabes? Ambos somos admirados, poderosos e temos legiões de seguidores. A única diferença é que eu vou mudar o mundo. E quando ele vir isso, vai querer juntar-se a mim para fazer história."- Assim que Mosley terminou de falar a mesa compunha-se com entradas e pratos principais.


-"Sem direito a ementa?"- Helena perguntou.


-"Tomei a liberdade de escolher por ti. Prova, é o melhor que vais comer na tua vida prometo."- Helena levou o garfo à boca e pela primeira vez concordou genuinamente com o fascista. -"Pensava que Joaquim era o teu pai, chamaste-lhe tio."


-"Era amigo da família e sempre o tratei assim."


-"Devo dizer-te que não estava à espera de seres filha de quem és mas algo me deixou intrigado. Não existe registo teu no país antes dos 10 anos de idade. Porquê?"


-"Foi nessa altura que fui acolhida por Joaquim."- Helena engoliu a seco, tentando não voltar a ser aquela menina aterrorizada na frente de quem quase acabou com a sua vida.


-"E os teus pais?"


-"Morreram. É a única coisa que sei."- O aperto que se formava na sua garganta quase não lhe permitia falar.


-"Extremamente altruísta da parte de Joaquim em adoptar uma órfã. A maior parte não tem essa oportunidade."


-"Não têm essa oportunidade porque são invisíveis aos olhos de quem os deveria ajudar."- Helena olhou intensamente para Mosley.


-"Não estou aqui para ajudar ninguém Helena, estou aqui para.. digamos limpar este mundo e torná-lo um lugar mais aceitável."


-"Aceitável para quem?"


-"Para a minha visão. E na minha visão não há lugar para minorias."- Helena tinha agora a certeza que Mosley tinha sido directamente enviado do Inferno.


-"Engraçado que Thomas Shelby faz parte dessas minorias e no entanto está no partido."- A morena mandou num tom mais ríspido do que queria.


-"Tal como eu é um homem com visão e quanto a ser cigano bem, será até ao momento que eu disser minha querida." - Mosley terminava a refeição naquele momento.- "E a partir desta noite só consolidei a minha opinião sobre ti. Serei a inveja de todos contigo no meu braço."


-"Terás que esconder muito bem que sou órfã."- Helena forçou o sorriso para Mosley.


-"Uma pequena mentira nunca magoou ninguém."

Helena sentia-se cada vez mais envolta em escuridão a cada momento que passava sentada na mesa sob o olhar penetrante de Mosley, que a olhava como se lhe quisesse sugar a alma. Olhar para aquele monstro era relembrar tudo o que tinha vivido. Todos os sonhos destruídos. Tudo o que tinha de controlar para levar aquele plano avante. E estava a esgotá-la de uma maneira irreversível.

-"Obrigada pela fantástica companhia Oswald mas se me permites vou retirar-me."- Helena levantou-se e pegou na sua bolsa.


-"Tão cedo? A noite ainda é uma criança querida."- Mosley aproximou-se dela e passou delicadamente a mão na sua bochecha.


-"Para o meu tio não é."


-"Isso irá mudar em breve. Deixa-me acompanhar-te à entrada."- Lentamente Mosley inclinou a cara na direcção de Helena para a beijar mas rapidamente esta se afastou.


-"Boa noite, Oswald."- Helena desapareceu da mesma forma que tinha chegado

-"Helena, Helena. Vais ser minha."

My Golden Gangster.Onde histórias criam vida. Descubra agora