-O ser humano possui, em média, 5000ml de sangue. Considerando uma artéria com 2cm de diâmetro, quanto tempo levaria para uma cabeça decepada ser..
O segundo sinal do dia soou estridente.
-Continuaremos após o lanchinho! - Riu o prof. João sinistramente, agarrando a maçã rubra que o esperava em sua mesa. Levantou-se meio que dançando, almejando a máquina de café espresso da sala dos professores. À sua frente, os alunos pareciam disputar quem sairia da sala primeiro.
-Muito bem sr. Feliz, eu já volto! - Natalie pousou o estojo rosa de dinossauro amavelmente em cima do caderno decorado - Fique bem!
-Tá doida? Tá falando com o estojo? - Ruby estranhou, franzindo a testa.
-É porque eu tenho ele faz bastante tempo... Sou meio apegada. Nem sei o que acontece comigo se ele sumir.... - Revelou, inocente.
-Ah é? Não me diga...
-Vou lanchar e já venho! - Avisou Natalie, saltitando em direção ao refeitório e deixando a colega sozinha na sala.
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-Torcida... Não sei não! Você vai se inscrever?
-Com certeza, May! Na verdade, estou esperando por esse momento desde a 6ª série... - Revelou Juanita, depois olhou para baixo, corando um pouco antes de esboçar um sorriso maroto - E também, será que assim verei o capitão do time de futebol novamente?
-Capitão do time, é? - A outra riu, intrigada, levando as mãos à cabeça - Bem, parece justo!
-Minha abuelita fez uma fantasia de cheerleader para mim quando eu era pequenininha... - Continuou Juanita, com certa empolgação - mas esse ano... Esse ano usarei o uniforme oficial! - Fantasiou, abrindo os braços numa postura imponente.
-Ok, já me convenceu! Vou colocar meu nome também... - Concluiu a outra, agarrando a caneta presa ao mural.
"AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH"
-Isso foi... Na nossa classe?
Porta adentro, Natalie revirava a mochila com voracidade, como se sua existência dependesse daquilo.
-O SR. FELIZ SUMIU! - Desesperou-se, choramingando - MINHA VIDA NÃO FAZ MAIS SENTIDO!!!
-Calma, para de gritar... - Pediu Ruby, adentrando o ambiente e escondendo um sorriso de satisfação. Levantou a pelúcia por uma pata, balançando-a no ar - Ele está comigo...
-RUBY, POR QUE VOCÊ PEGOU? - Vociferou Natalie, tomando de volta seu pertence - EU TE FALEI QUE SOU APEGADA!!!
-Calma, só levei para beber água... - Respondeu, com certo cinismo. Natalie fechou o zíper semiaberto do estojo com grosseria, arrumando em seguida a mochila na cadeira.
-NINGUÉM TE ENSINOU A NÃO PEGAR AS COISAS SEM PEDIR? - A ruiva berrou finalmente, antes de correr em direção à saída enxugando os olhos com as mãos.
-Credo, não tem senso de humor... - Concluiu Ruby, escorando-se em uma cadeira vazia.
