Carregar o sobrenome Greengrass era uma tarefa tão desagradável quanto vantajosa, especialmente quando uma de suas membras não possuía forte apreço pelas normas formais. Apesar das regras rígidas impostas pelos pais, Daphne apreciava os luxos que in...
— Lucius e eu não partilhamos de grande intimidade. — O coração sequer acelerou ao soltar aquela mentira. — Nosso vínculo vem da união das famílias através de minha irmã e Draco, de onde, acredito eu, nasceu a necessidade de reavaliar a própria postura diante do ministério. Do que pude observar, Lucius Malfoy cometeu erros terríveis, mas ama o filho.
"Talvez não deseje que o rapaz carregue o estigma de escolhas forçadas a ele. Draco, eu digo. Relacionar o sobrenome a uma atitude nobre, ao menos uma vez, já é um começo. Talvez só queira se aproveitar da situação para cair nas boas graças do senhor, Sr. Ministro."
Shacklebolt sorriu, recostando-se na cadeira, e Daphne respondeu da mesma forma, sentindo que o assunto estava encerrado por ora.
Ao ser dispensada, tomou o caminho da Central de Obliviação com a Srta. Prosser ao lado. O silêncio não a enganou. Ao saírem do elevador, a chefe do departamento a chamou para uma área menos movimentada.
— Sua atitude rendeu comentários. Bons comentários. — Prosser, assim como o ministro, falava pausadamente, mas de forma incisiva. — Renderá frutos em um futuro muito próximo. É o que deseja?
— Sim.
Daphne deixou que a resposta saísse sem pensar, levada apenas pelo instinto, e isso, ao julgar o sorriso da chefe, agradou Prosser.
— Não se envaideça para os demais. — Daphne concordou e se surpreendeu quando a outra bruxa se aproximou um pouco mais. — E aumente o nível de discrição das suas ações. Não quer que o seu futuro seja manchado por comportamentos descuidados cometidos no presente.
A Srta. Prosser se despediu com uma encarada marcada pela sobrancelha arqueada e deixou Daphne paralisada no corredor. Não sabia como a chefe descobrira, mas a escolha que teria que fazer terminou se adiantando.
Ela engoliu em seco, ajeitou os poucos vincos na roupa e marchou para a Central de Obliviação com a resposta ao dilema na ponta da língua.
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Daphne sabia dizer com exatidão a última vez em que a mãe lhe dera um sorriso sincero. Era uma manhã ensolarada de agosto e a família tinha acabado de receber uma cópia do Profeta Diário, com o rosto de Daphne estampado na primeira página. O repórter fora tendencioso e melodramático na hora de narrar o feito da "jovem sonserina ao sacrificar a própria segurança para salvar a irmã."
A Sra. Greengrass emoldurou o jornal e o Sr. Greengrass o pendurou entre as fotos da família, na parede junto à escada. Ortygia botou a mão no ombro da filha mais velha e aquiesceu, com um sorriso discreto. Daphne não soube como reagir ao gesto e isso não mudou quando viu a mãe sorrir outra vez, anos depois, ao ler a carta de elogio que recebera do ministro.
— Um jantar. Precisamos fazer um jantar para comemorar.
Daphne não se meteu na decisão, mas fez questão de riscar alguns nomes da lista de convidados.