Saio do carro e estendo a mão, tentando parece mais decente.

— Olá, senhora Monroe. Prazer. — Digo, tirando coragem do universo.

— Me chame de Lisa, cher. Prazer em te conhecer também. — Ela aperta minha mão, oferecendo um sorriso. O forte sotaque francês chamando toda atenção.

Sinto vontade de dizer que não sou seu querido, mas isso iria tornar tudo louco.

— Minha mãe descobriu em dois tempos que eu ia viajar, diz que meu rosto entrega. — Zoe falou, ajudando Mike a guardar suas enormes malas.

— Sempre sei quando tem uma viagem envolvida, pois a Zoe fica agitada e come minha comida como se fosse o último dia de vida. — Lisa provocou, abraçando a filha bem forte.

— Evelyn está viajando para as gravações também? — Perguntei, notando que a atriz não estava por perto.

— Isso mesmo, só vai voltar daqui a seis meses pra depois ir embora de novo. Eu raramente vejo minha irmã nessa época do ano. — Zoe diz, colocando a mão no meu ombro tão relaxada.

Pensei que o clima fosse ficar tenso por causa da mentira que esse namoro envolvia, mas Lisa começou a rir de repente. Olhou para nós dois e parecia cheia de animação.

— Dominik, certo? — Perguntou enfim e eu confirmei. — Faz muito tempo que você não vê seus familiares? A Zoe não soube me explicar muita coisa.

— Na verdade sim, fui embora quando era criança, não me lembro de muita coisa além do que minha avó contava. — Expliquei, colocando as mãos no bolso ao sentir o rosto esquentar.

— E ela te falou que as festas de casamento duram uma semana? Principalmente, se for em uma fazenda ou num campo. Sua família mora em algum desses lugares? — Inclina a cabeça, curiosa.

Oh cieli! Eu não sei nada sobre isso. É apenas minha família, não pensei que tivesse que estudar ou coisa assim. 

As passagens são até o casamento, não mais que isso, meu pai teria que entender.

— Sim, vai ser numa fazenda. Meu avô criou uma empresa de azeite, então é enorme. Tem um espaço perfeito pra um casamento pelas fotos que vi. — Digo, sabendo de algo simples.

Afinal, é o negócio da famiglia Gomez.

— Vamos passar três dias na Itália, numa fazenda de azeite, comendo tudo fresco e dançando sem parar? — Zoe diz, sorrindo empolgada. 

Eu afirmo, começando a ficar tranquilo de alguma forma. Saber que ela vai estar comigo me deixa infinitamente melhor do que ir sozinho nessa festa.

Não entenda errado, eu amo minha família, mas não ter entrado para o mundo dos negócios não deixou meu pai muito feliz da decisão.

Zoe deixa um outro beijo no rosto da sua mãe e entra no carro, se acomodando. Me despeço de Lisa e entro também, ainda envergonhado por não saber muita coisa sobre mim mesmo.

— Ei, o que acha de postar as nossas fotos agora? Edie me enviou tudo e estão perfeitas. — A blogueira me diz, abrindo a galeria do celular e me mostrando.

Não recebi nenhuma, mas não fico surpreso. Ela entende bem mais disso do que eu.

— Por mim tudo bem, pode escolher a melhor e a gente posta. — Respondo. Zoe me lança um olhar irritado e fico sem entender.

— Não é assim! Não pode me mandar escolher qualquer uma! Tem que dizer a que achou melhor. — Me fala, começando a passar as fotos. 

Pra mim, qualquer uma serviria perfeitamente.

— Essa aqui ficou bonita, o que acha? — Escolho, tentando deixa-la mais feliz.

— Essa? Tem certeza? — Olha em desafio, franzindo o rosto. 

Cristo mio, como é difícil agradar essa mulher.

— Sim, ela é ótima. Representa como são os nossos momentos juntos. A foto ideal. — Mostro um sorriso, ficando até contente em postar algo no meu feed depois de meses.

Stacey e Jack me cobram sempre pra atualizar os stories além de fotos dos meus livros.

— Não está escolhendo essa apenas pra se livrar, não é? — Pergunta. Eu dou uma tosse, pegando fôlego pra responder.

— Jamais faria isso. Agora manda a foto pra mim, vou escrever um texto fofo e postamos juntos. — Declarei, decidido. Ela por fim concordou e sorriu também.

De uma coisa eu sei. Ou eu vou convencer minha namorada falsa a não postar quase nada como eu, ou ela vai me convencer a interagir mais com outros seres humanos. Acho que vai ser a segunda opção.

Por fim, escrevo algo fofo e romântico, colocando uma referência do livro favorito dela.

A maioria dos leitores vão entender, pois quem é que não conhece Trono de Vidro até hoje?

Contamos até três e apertamos o botão de publicar ao mesmo tempo.

— Ei, bem que você poderia me dar um apelido. — Zoe falou, piscando.

Eu já comentei o quanto ela fica linda fingindo dar em cima de mim? Me pergunto o motivo de nunca ter prestado atenção nessa garota antes. 

No seu jeito ousado, sua beleza única e na mente cheia de ideias. Passei a mão pelo cabelo, pensando no apelido perfeito para dar. Na mesma hora, sabia o certo.

Il mio girasole. — Respondi com o sotaque italiano, tímido.

— Uau, meu coração até acelerou. Fala de novo. — Ela brinca, colocando a mão no peito.

Dou risada e digo novamente, assistindo Zoe se abanar.

— Gostei bastante. E sempre me chame assim com esse sotaque, pra deixar tudo perfeito. — Fala convencida. 

Reviro os olhos, mas ainda tem um sorriso grande em meus lábios.

— Está com fome, mio girasole? — Perguntei, ajeitando o óculos e tentando soar normal.

— Caramba, jamais vou me cansar de ouvir isso. E sim, estou com fome. — Ela responde, e eu abro a minha mala pequena que carreguei no ombro. Tem todo tipo de lanche aqui.

Vamos comendo durante todo o caminho até chegar no aeroporto de Los Angeles. Resolvemos toda documentação, os vistos e, depois de uma hora, finalmente entramos no avião.

Bem acomodados nas nossas poltronas macias, tiramos os livros que escolhemos um pra o outro e passamos todo o começo da viagem lendo em completo silêncio.

É a primeira vez em anos que me senti tão maravilhosamente em paz.

Minha namorada falsa me faz rir, lê junto comigo e me faz postar fotos nas redes sociais. Eu poderia viver com ela um bom tempo. Sem reclamar.

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Com amor, Dominik - 4° da Série MBCD (Completo)Where stories live. Discover now