Capítulo 7

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Jimin.

O Rei envolve minha cintura e apóia uma das minhas mãos sobre seu ombro e segurando minha outra mão ele me guia, iniciando a dança. Seguimos bailando pelo salão e aos poucos os outros casais vão se juntando a nós dois.

Fecho meus olhos ao sentir o Rei acariciando minha cintura durante a dança.

Ao abrir novamente meus olhos passo a observar o bordado das vestes do Rei e me perco em pensamentos me lembrando de tudo que me foi dito e sou bombardeado por um sentimento de angústia quebrando todo o encanto do momento, me enchendo de dúvidas.

Como eu saberei se agora ele realmente está sendo verdadeiro para comigo?

Mesmo sabendo que eu era o seu predestinado, e ele sendo o Rei e tendo toda autoridade para me tirar da casa dos meus tios, ao saber da situação humilhante em que eu vivia, ele não o fez, pois necessitava criar provas. No entanto, agora ele criou todo esse teatro me trazendo para o Castelo e mesmo eu já estando aqui sob seus domínios, mesmo assim ele continuou mentindo, segundo ele, para se certificar do meu caráter.

E como eu poderei confiar em suas palavras de agora em diante?

Se em tão pouco tempo que nos conhecemos ele tendo a oportunidade de ser verdadeiro escolheu mentir para mim.

Que belo exemplo ele está dando aos seus sobrinhos: "Os fins justificam os meios!"

O Príncipe mentiu para minha prima a mando do Rei, fazendo-a acreditar que seria a escolhida e no final acabou sendo envergonhada publicamente. Mesmo não gostando nada do jeito que ela me trata, não é uma situação que eu queira viver e posso imaginar o quanto deve estar sendo difícil para a Helena ter que permanecer aqui por não ter para onde ir, ou sem a autorização do Rei para que ela se retire. Mesmo não sendo próximos, consigo me colocar em seu lugar, pois eu já vivi por diversas vezes situações de humilhações e tive que permanecer ali por não ter para onde ir e sei o quanto é degradante.

Quem me garante que no futuro ele não fará isso comigo também, que ele não vá mentir novamente para mim, ou até mesmo esteja sendo verdadeiro neste momento?

Aonde está o conceito de justiça que o Conde Kim fez tanta questão de imputar ao Rei.

- Está tudo bem? - ouço a voz do Rei e elevo meus olhos encontrando os seus e balanço a cabeça afirmando - Vamos nos sentar um pouco, você deve estar exausto pelo tanto que trabalhou hoje na cozinha. Espero que a partir de agora você descanse um pouco mais.

O Rei apoia minha mão no seu antebraço e assim caminhamos de volta para a mesa.

Ao sentarmos novamente, o Rei permanece segurando minha mão apoiando as duas sobre sua coxa e com seu polegar a acaricia.

- Amanhã depois do café da manhã daremos um passeio pelos arredores do castelo - ele diz com um sorriso brincando em seu rosto - Poderemos conversar com mais calma e privacidade.

Aos poucos as pessoas vão retomando seus lugares à mesa e passam a conversar com o Rei, enquanto isso eu observo minha prima ainda sentada em seu lugar e não muito distante dela tem dois soldados e por sua postura estão aguardando as ordens do Rei para fazer algo que não sei bem o que é.

Até sinto vontade de ir até ela, mas conhecendo muito bem seu temperamento hostil sei que não seria bem recebido por ela que provavelmente jogaria sobre mim toda a culpa por sua infelicidade.

- Qual o motivo dessa carinha tão triste? - Isadora questiona ao sentar-se ao meu lado - Pensei que depois de tudo que aconteceu hoje você ficaria radiante.

- Percebo por suas palavras que ainda não me conheces... - lhe direciono meu olhar - Não há felicidade em mim quando para obtê-la seja necessário humilhar outra pessoa, seja ela quem for. Justamente por conhecer a dor da humilhação, acredito que devolver na mesma moeda para mim não é justiça e sim degradação.

𝕮𝖆𝖙𝖎𝖛𝖆-𝖒𝖊 (𝔍𝔦𝔨𝔬𝔬𝔨)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora