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Um panfleto de uma padaria voava junto ao vento até parar atingindo sua face. Pegou o papel e estava prestes a amassar, quando viu as delícias que estavam estampadas ali. Já fazia tanto tempo que não comia algo como aquilo, queria tanto uma fatia de bolo.

Ver as imagens o lembrou do dia que ele e os amigos tinham feito um bolo. Fizeram uma baita bagunça naquele dia, mas foi divertido.

Se deixasse os olhos bem fechados e tentasse lembrar de cada acontecimento daquele dia, ainda conseguia sentir a farinha de trigo ser jogada no seu rosto e também das risadas. As gargalhadas ecoavam dentro de sua cabeça o fazendo rir junto. Se lembrava de cada sabor do bolo; A primeira camada era de chocolate, já a segunda era de baunilha e a última era de coco. Ah! O recheio! O recheio era uma mistura de chocolate e coco, era como um doce de coco com uma pitada de chocolate.

A decoração do bolo foi feita de chantilly. Tentaram deixar a superfície bem lisinha, mas deu totalmente errado e para salvar, eles puseram granulado colorido. Não ficou uma obra de arte do jeito que queriam, mas o sabor compensava e muito.

A calda de morango escorregava de seu queixo e parava em sua blusa, essa que ficou manchada com o líquido vermelho. Calda de morango?

- Calda de morango...? - indagou olhando para o corpo morto aos seus pés. Mark estava espantado, segurava o machado com ambas as mãos enquanto olhava para o loiro. - Que nojo! - gritou olhando para sua roupa que tinhas respingos de sangue. - Tenha mais cuidado quando for matar alguém do meu lado, Mark Lee! Que merda.

- Ele ia morder você!? - exclamou soando mais como uma pergunta.

- Ia, não vai mais. Temos que voltar logo, já estou cansado. - resmungou chutando o corpo dos seus pés e voltou a caminhar.

Mark o olhava desacreditado. Aquilo realmente tinha acontecido? Haechan estava diferente do episódio do carro, parecia ter aprendido a lidar com os mortos-vivos muito rápido. Balançou sua cabeça e voltou a andar ainda confuso.

Inquieto, Donghyuck golpeava o vento com seu pé de cabra enquanto o maior só observava. Ele parecia levar jeito para aquilo, na real ele ficaria bem melhor usando uma espada. Os olhos curiosos admirava cada movimento do loiro, esse que sentia o olhar alheio cair sobre si. Sorriu e parou de golpear o vento.

- Eu aprendi jogando. - proferiu quebrando o silêncio. - Eu tinha, tinha não, tenho, uma personagem que ela realmente é muito boa com duas pistolas. - sorriu parando em frente a porta dos fundos do mercadinho. - Enfim... Hoje foi legal, muito legal.

- Ah... Eu também achei, só me assustei um pouco quando aquele grupo de zumbis passou por nós. - riu sem graça. - Eu realmente fiquei tenso naquela hora. Mas de qualquer forma, obrigado por ter me acompanhado. Você tem sido a única companhia humana que eu tenho depois de muito tempo. - desviou o olhar e coçou a nuca envergonhado.

- O mesmo. - proferiu e logo em seguida ficaram em silêncio.

O vento batia em seus rostos e bangunçava os cachos do loiro. Mark sentia um sentimento que fazia muitos anos que não sentia: paz. Sentia seu corpo leve diante a imagem quase que angelical. Sorriu envergonhado. Droga.

[...]


Deitado em sua cama, olhava para o teto vazio enquanto segurava o pingente do seu colar. Estava sozinho naquela casa desde o início e nunca tinha sentido tanta vontade de voltar a morar junto de alguém. Mesmo que não conseguisse lidar muito bem com outras pessoas, queria tanto poder passar todos os seus dias restantes de vida ao lado de Haechan.

Não queria parecer emocionado, mas era impossível conter o desejo de conhecer mais o loiro. Isso o deixava encabulado. Tipo, caralho, por que estava tão alegre em ter encontrado alguém vivo? Nunca precisou de ter alguém ao seu lado falando o que teria de fazer ou não, mas agora queria que Haechan mandasse e desmandasse em cada ação sua.

Pain⋆˚.markhyuckWhere stories live. Discover now