— V- vai doer muito?

— O que? — Thomas estremeceu, enquanto dava mordidinhas em minha orelha.

— É que, eu nunca fiz isso... — disse baixinho em seu ouvido.

A reação dele a isso, foi inesperada. Ao invés de continuar o que fazia, ele recuou bruscamente. Eu não consegui entender. Talvez só fosse mais uma de suas surpresas. Pensei comigo mesma.

Eu esperei que ele tomasse uma atitude, esperei que após isso, ele me beijasse com pressa. Mas Thomas nem ao menos se moveu. Eu queria sentir os lábios dele contra os meus, de fato queria, e sequer podia pensar em outra coisa além disso.

Mas acho que a minha vontade havia sido desfeita, quando eu realmente percebi que ele não iria fazer nada. Eu fiz aquela mesma contagem. Quinze segundos. Os quinze segundos mais longos da minha vida.

Thomas ficou rígido. Completamente imóvel, imobilizado. A única coisa que denunciava que talvez estivesse sentindo o mesmo que eu, eram suas pupilas. Excepcionalmente dilatadas. Até então, eu também não me mexi. Observei ele, assim como ele fazia comigo.

— Está tudo bem? — eu perguntei, após um tempo. com certa cautela.

— Não. — ele respondeu. Parece ter finalmente acordado do seu transe.

Eu fiquei ainda mais confusa, quando ele levantou- se, saindo de perto de mim e em uma rapidez, já estava em pé, ao lado da cama. Fiquei sem saber o que pensar ou dizer. Fiz algo de errado?

— O que? — eu perguntei baixinho.

— Não posso.

— Thomas, eu não estou entendendo...

— Não posso fazer isso com você, não agora. — ele caminhou até a porta sem dizer mais nada.

Estava indo embora... Comecei a me dar conta disso.
A essa altura, considerei a possibilidade de ter feito algo de errado, mas eu não conseguia encontrar um motivo. Iria mesmo me deixar aqui? Mas por que?

— Espere! — ele parou. — Eu pensei que você, eu pensei — não consegui terminar. Na verdade, eu queria chorar.

— Não comente sobre o que estávamos fazendo, com ninguém, por favor. — ele falou sem olhar para mim.

Depois, simplesmente saiu. Nem ao menos pegou sua camisa. Só saiu. Me deixando sozinha. A princípio, tudo se tornou uma combinação de conflitos, mas então pude sentir finalmente o peso das suas últimas palavras antes de sair. Não comente com ninguém. Por que? Eu quis chorar, quando considerei a possível reposta.

Além disso, eu estava começando a me sentir o pior tipo de garota. Talvez, o maior dos meus pavores. A garota que é usada em silêncio, e que não possui outro título a não ser esse. Mesmo que não tenhamos feito nada.

Eu não estava disposta a aceitar isso. Mas não posso fazer nada a respeito.

Fiquei paralisada, por um bom tempo, até finalmente acordar, e perceber que Thomas realmente havia saído, sem explicação alguma.

Me cobri com os lençóis, pressionando os travesseiros contra meu rosto e comecei a chorar. Lençóis que a propósito, estavam com o cheiro do perfume dele.


Eu pensei que nada poderia ficar pior, até Hilary me informar, que iríamos participar de atividades esportivas esse ano. Eu não iria aceitar isso tão fácil, mas acabei descobrindo que me ajudaria com os pontos. E sendo sincera, eu não estava podendo recusar.

Eu me livrei de todos os lençóis que estavam com o perfume de Thomas. Mandei para a lavanderia, logo cedo. O maior dos meus pesares, era saber que não poderia me livrar do colchão. Qualquer coisa, para eliminar quaisquer dos resquícios, e traços que ele possa ter deixado em meu quarto.

A última noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora