Capítulo 3

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Mais uma vez Charles não dormiu em casa, no entanto hoje eu sei o que isso realmente significa. Só espero que aquela menina não tenha dito nada ou poderá atrapalhar meus planos.

Andei pelo quarto a noite inteira, ansiosa para ter meu embate com ele e jogar na sua cara anos de traição. Porém isso não pode ser feito e foi melhor assim, pois tenho que começar pelo alto e ir descendo até chegar nele. E já sei como farei isso!

Olho para tudo em meu closet, tentando escolher o que levarei daqui, se é que quero levar alguma coisa.

Nada aqui representa quem eu sou, não há uma roupa que eu diga que me sinto bem em usar. Só pego a caixa contendo as joias que minha avó me deixou quando faleceu, de resto? Deixarei tudo para trás, juntamente com a mulher desconhecida quem me transformei.

Antes do almoço, me arrumo e vou para o meu encontro com o advogado. Marcamos no seu escritório e quando cheguei fui muito bem recebida, não só pelo advogado como pelos sócios do lugar e concorrentes do meu pai.

— Sente-se senhora Medina. — Alencar, o advogado que contatei pede.

— Meus sócios fizeram questão de estar presente em nossa reunião, estão curiosos para saber o que a filha do velho Medina quer com o nosso escritório. Você tem algum problema com isso?

— Nenhum, para ser sincera, acho que várias cabeças pensam melhor que uma. — Digo e retiro o tablet da minha bolsa e entrego para ele. — Vá para a galeria de fotos e veja por si mesmo o que me trouxe até aqui.

Alencar me olha seriamente antes de dar atenção ao tablet que entreguei. Foi um tanto quanto satisfatório olhar a sua reação enquanto ele passa foto por foto. Seus sócios também curiosos, se aproximam dele e seus olhares se arregalam tanto quanto do parceiro de negócios.

— Isso é o que estou pensando? — Alencar pergunta.

— Se o que está pensando for que meu marido é um bastardo traidor? Então sim, você está certo. Ele tem um caso com essa menina desde que ela tinha dezoito anos e ela tem vinte e quatro hoje em dia e está grávida. Não é só ele que está me traindo, como meus pais sabem e ainda acobertam suas sujeiras.

— O que você quer fazer? Uma separação amigável? Arrancar tudo o que ele tem? Pretende processar seus pais? Nos dê alguma coisa aqui Senhora Medina. — Um senhor de cabelos brancos pergunta. — Me chamo Silveira e faço questão de te representar nessa causa.

— Quero um processo amigável, mas nem tanto assim. Tenho o meu direito de me sentir revoltada, não é mesmo? Quero a minha vingança, mas nada que saia fora do controle. Quero atacar onde mais dói; no bolso e no status. Meus pais amam a imagem que passam de família feliz, mas acho que agora vocês entendem que é a mais pura mentira.

— Eu tenho mais de trinta anos de profissão, já tive minha cota de separação por conta de traições, mas essa é a primeira vez que vejo os pais da esposa traída fazer parte disso. — Silveira diz indignado.

— Eles agiram como se ele fosse o filho deles e eu a agregada por casamento. Fizeram da minha vida um inferno, tive três abortos espontâneo e nunca me disseram uma palavra de conforto. Ao contrário! Fizeram com que eu me sentisse culpada por não conseguir levar a minha gravidez adiante, fizeram eu me sentir um rato de laboratório com todos os exames que me obrigaram a fazer.

— Não posso sequer imaginar o que você sentiu ao descobrir tudo isso. — Alencar diz sério. — Mas quero que me diga tudo, cada coisa que puder pensar e que vá nos ajudar. Como descobriu a traição, se esse filho que ela está esperando realmente é dele. Tudo Senhora Medina.

— Por favor, comece parando de me chamar de Senhora Medina. Essa é outra coisa que gostaria de fazer; não quero mais usar o sobrenome do meu pai, quero apagar essa gente da minha vida, começando pelo sobrenome.

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