Capítulo 2

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Ando pela cidade sem rumo, minha cabeça perdida no meio da confusão que acabei de descobrir. Perplexa de como o ser humano pode ser tão podre, que meus pais são pessoas horríveis e insensíveis que só visam o poder e o status.

Eu sempre me senti diferente deles e acho que eles veem Charles como filho, por ele ser tão ambicioso quanto eles. Eu não deveria estar abismada com o que eles fizeram, pois desde cedo eles sempre demonstraram que não tinham sentimentos por mim.

Um dia minha mãe mesma me disse que só nasci porque era o que esperavam dela e que meu pai precisava de um herdeiro, mas eu não saí como eles queriam. Nunca quis ser advogada ou dar continuidade ao legado da família. Eu sempre quis uma vida calma, tranquila, onde eu fosse a dona do meu destino. Que faria o que eu gostava, mas a manipulação deles ganhou a melhor sobre mim.

Mas isso termina aqui e agora!
Viro meu carro na primeira rua que avisto e volto imediatamente para o centro, indo em direção ao banco.

Charles e eu temos uma conta conjunta, mas eu também tenho uma conta só minha, mas é atrás da nossa conta que eu vou.

Quando o gerente me vê, começa a roda feito uma barata tonta para tentar me agradar. Meu pai é um dos clientes mais importante que eles têm e com toda a certeza fariam qualquer coisa que eu pedisse.

— Preciso fazer uma retirada da minha conta de um grande valor. Você pode me ajudar com isso?

— Claro, preciso só da autorização do seu marido, já que a conta é conjunta.

— Não precisa não e você sabe disso. Temos contas em conjunto sim, mas aplicações diferentes. Você mesmo me indicou isso quando recebi aquela herança da minha avó, lembra-se?

— Sim, sim, claro. Mas é das aplicações que você quer retirar? — Ele pergunta.

— Também. Quero que resgate minhas aplicações e transfira para a minha conta pessoal e quanto ao montante que preciso, quero que tire da conjunta mesmo. O aniversário do meu marido já é no final da semana e estou fazendo uma festa surpresa e o dinheiro é para comprar o seu presente. Sabe essa nova concessionaria aqui ao lado? Pois é ali que vai todo o dinheiro que eu retirar, eles já estão com praticamente tudo pronto e com as chaves em mão.

— Mas você poderia fazer uma transferência para eles, eu mesmo posso cuidar disso. — O gerente diz rapidamente.

— Claro que não! Ou meu marido saberia, por isso vou pagar em dinheiro, assim não deixo rastros para que ele descubra, entendeu? — Digo e vejo que ele ainda está em dúvida, então decido da minha última cartada.

— Mas se não puder, posso ligar para o meu pai e pedir a ele, claro depois de explicar o porquê não consegui retirar no banco.

— Não será preciso senhora Medina, se esperar só uns minutos vou providenciar para você. — E com isso ele me deixa sozinha em seu escritório.
Primeiro passo já foi dado; mexer onde mais dói.

Pego meu celular e pesquiso um escritório de advocacia, mas não um qualquer e sim o maior concorrente do meu pai e encontro. Ligo rapidamente e agendo uma visita para o dia seguinte, eles até queriam marcar para hoje mesmo, mas primeiro preciso pensar no que realmente quero fazer.

De tudo o que descobri hoje, o que mais me dói é a traição dos meus pais, eles me deram a vida pelo amor de Deus! Fui sempre uma boa menina, estudei, me empenhei no que eles queriam, até aulas de etiqueta eu fiz e eu odiava isso.
Fui uma criança sozinha, sem amigos para brincar, as únicas pessoas que eu conversava eram os empregados e a minha babá, mas quando minha mãe percebia meu envolvimento emocional ela as mandava embora e eu voltava a ser sozinha novamente. A única coisa que fiz por mim foi sonhar. Entrei para a faculdade sobre intensos protestos dos meus pais, principalmente por cursar pedagogia. Eles debocharam dos meus sonhos, da carreira que queria seguir.

Um amor por mim (DISPONÍVEL NA AMAZON)Where stories live. Discover now