Epílogo

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Custamos a entender que merecemos mais. Não sei se é porque nos acostumamos a viver de migalhas ou porque acreditamos que contos de fadas existem e temos um príncipe encantado ao nosso lado.

Mas acreditem! Às vezes quem achamos ser um príncipe não passa de um sapo, daqueles grandes, gordos e musguentos sapos de pântano. Porém, a diferença entre os sapos dos desenhos animados é que, eles não manipulam as mocinhas a fazerem o que eles querem. Não! Esse é o trabalho do vilão, não é mesmo? Entretanto não quero ir tão longe e condenar um homem que conheço durante anos e se encaixa na categoria dos vilões,no entanto, eu bem que deveria!

Conheci Charles no meu segundo anos de faculdade. Eu cursava o primeiro ano em Pedagogia e ele Medicina. Acho que foi amor à primeira vista e mesmo com nossas vidas corridas, demos uma chance a nós e engatamos um namoro, meses depois de nos conhecermos.

Charles era um príncipe; educado, solicito, esforçado, estudioso, além de pensar grande. Era um exemplo para todos que o conheciam, pois começou de baixo e estava alcançando voos altos. Ele disse que queria ser doutor e foi a luta.

Isso era digno de orgulho e eu me orgulhava muito dele. Minha família se orgulha. O tempo passou… noivamos por dois anos e quando ele finalmente se formou, nós nos casamos. Meus pais o amavam; acho que mais do que me amavam, pois ele era um doutor. Para eles ser professor era uma carreira medíocre, praticamente uma ofensa a linhagem de sangue nobre de onde vim e, por isso não se importavam com o que eu queria, com o meu amor pelas crianças e por ensinar.

Isso é um sonho bobo Evelyn. — Dizia meu pai, que era um grande advogado.

— Para que seguir carreira? Você precisa é de um bom casamento, é o que toda mulher precisa. — Dizia minha mãe, dona de casa e troféu do meu pai.

Contudo aquela vida não era para mim. Eu queria mais do que ficar cuidando da casa enquanto esperava o marido. Meu sonho desde pequena era ser professora, ensinar crianças e quem sabe marcar a vida de um deles.

E como eu me arrependo por ter deixado de sonhar quando me casei!
Por que fui dar ouvidos ao que os outros queriam?

Por que caí na besteira de aceitar as demandas do meu pai e de Charles?
Por que parei de ser eu mesma, ter meus sonhos, viver e ser feliz, ser livre, por causa dos outros?

Eu me perdi no caminho que deveria ter sido de felicidade e amor. Me perdi e passei a ser a mulher que ele queria. Me anulei para que ele realizasse os sonhos dele. Ouvi que meus sonhos eram pequenos perto dos objetivos do meu marido e que seguir com a minha carreira boba, era a maior prova de como eu era egoísta.

Me deixei convencer que um dia eu olharia para trás e veria que tudo o que eu fiz e as coisas que abdiquei, serviram para formar o maior e melhor profissional. Um médico rico, que cuidaria das pessoas mais ricas que existiam.

Charles quis se tornar médico, não para salvar vidas e sim para ter uma carreira de prestígio e quando ele conheceu meu pai tirou a sorte grande.

Senhor Ezequiel Medina, nascido dentre as famílias mais ricas de São Paulo. O escritório da família cuida dos casos dos mais ricos do Brasil; de deputado até os maiores empresários que se possa imaginar. Meu pai cuida de tudo, tudo passa por suas mãos e ele emprega só os melhores, não importando o caráter da pessoa e sim o quão bom e o quanto ele rende para a empresa. Ele é conhecido como “Ezequiel mão de ferro” E quando ele viu no Charles o brilho da ambição, logo tratou de colocar suas garras nele.

Por que fui me dar conta disso só agora?

Talvez seja porque me fiz de cega ou já não era mais eu mesma há muito tempo. Só sei que que me dei conta de como minha vida estava errada quando descobri tudo. Toda a sujeira, todas as traições, todas as merdas que meu querido marido fazia pelas minhas costas e com o apoio da minha família. Era de se imaginar quando ele me largou sozinha em casa, logo após chegar do hospital depois do meu terceiro aborto espontâneo.

Me anular fez com que eu ficasse para baixo, mas perder meus bebês me destruiu. Principalmente por ouvir de todos que tinha alguma coisa errada comigo, mesmo o médico dizendo que não, já que pelo diagnóstico dele eu era perfeitamente saudável para ter filhos. Mas eles acreditaram no médico? Claro que não! Me fizeram ir em dezenas de outros e me submeteram a inúmeros exames. Eu parecia mais um rato de laboratório do que um ser humano que estava sofrendo por sua perda.

Eu não ria mais, não via mais graça em nada, não sentia vontade de nada, não era mais feliz e o que acontecia há muito tempo, se intensificou. Eu era casada com um homem, que por sua vez, era casado com o trabalho e o dinheiro que ganhava. Eu era filha de um casal, que estava mais preocupado com a opinião da sociedade do que com a própria filha.

Minha vida é uma merda ou era…

Dizem que depois da tempestade vem sempre a bonança, não é?

Entretanto, no meu caso, eu decidi ser a tempestade. Decidi me vestir do melhor amor do mundo e tomei posse do meu destino. Escolhi me amar em primeiro lugar e foi a melhor escolha que eu fiz.

Eu sou Evelyn Medina e essa é a minha estória.

Um amor por mim (DISPONÍVEL NA AMAZON)Where stories live. Discover now