A cabeça de Lola parecia prestes a explodir.
A Imperatriz empurrou Ariel para fora de seus aposentos e pediu que esperasse por ela no corredor. A Ministra não parecia satisfeita, mas acenou com a cabeça, concordando.
Lola se encarou no espelho do escritório, ajeitando as vestimentas. Rever Lorenzo tão cedo não estava em seus planos. O que ele estava fazendo ali? Iria denunciá-la? Acusá-la?
Entretanto, por que ele faria tudo isso no terreno dela?
A calça preta de elastano parecia apertada, mesmo que Lola soubesse que ela jamais ficaria apertada. Era por isso que tinha tantas roupas desse tecido. O casaco que cobria seu tronco e braços também era preto, porém o material era mais pesado e menos brilhante e descia uma longa cauda por suas costas até o calcanhar. Não era sua melhor roupa, mas evidenciava tudo que ela tinha como líder superior da pequena vila.
O cabelo preto trançado balançava em suas costas quando ela saiu pela porta e encontrou Ariel conversando com dois de seus funcionários. Ótimo, mais espiões, pensou Lola. O que eles sabem que eu não sei?
Diante da presença da Imperatriz, os espiões desapareceram, convergindo com as sombras do castelo.
— O que preciso saber? — Lola perguntou, caminhando ao lado de sua Ministra da Segurança.
Ariel a encarou pelo canto do olho direito.
— O Rei Lorenzo está aqui e desarmado. Não saiu da segurança da muralha, mas diz que só falará com você.
— Por que não o trouxe para o castelo? — a Imperatriz perguntou, julgando que lá fora ele chamaria mais atenção.
— Porque ele pode não apresentar armas, mas ainda pode fazer parte de uma armadilha. Além disso, ele está disfarçado, — prosseguiu a Ministra — está com vestes mais simples e não veio de coroa.
— Você parece surpresa com isso — constatou Lola, segurando no corrimão da escada para não cair. Suas pernas e braços estavam tremendo de antecipação.
— Claro que estou. Quantas vezes vemos um Hexagonal sem coroa?
— Talvez ele tenha sido expulso — disse Lola, mas nem ela acreditava no que havia dito. O Rei Lorenzo era um dos originais, era respeitado.
Rei Lorenzo, o forte. Ariel se lembrava que nem sempre era assim. Lola, por outro lado, sempre foi absorta a este lado do rapaz, mesmo quando eram amigos.
Antes que chegassem ao terceiro andar do castelo, Luiz e Gabriel apareceram lado a lado e se juntaram às meninas para continuar a descida até lá embaixo.
— Todo mundo está sabendo, huh? — Lola ironizou.
— É o acontecimento mais empolgante do meu dia — Luiz disse, erguendo os ombros.
— Pode ser o último acontecimento do seu dia também — retrucou Gabriel, em um tom mais sóbrio.
Lola e Ariel, que estavam nos degraus depois dos deles, se viraram para encarar Gabriel.
— O que é? Ele pode ter vindo aqui para oficializar a guerra.
— Já estamos em guerra — Ariel corrigiu — Fria, mas ainda assim...
— Não vamos nos precipitar — Lola disse, mantendo uma voz calma, enquanto todo seu corpo tremia de apreensão.
Era culpa dela que Lorenzo estava ali. Ela tinha invadido o palácio Wanadiano não apenas uma vez, mas duas. Ele a reconheceu em ambas ocasiões, mesmo quando ela fez de tudo para passar despercebida.
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A Ditadura Hexagonal
Fantasy"UMA HISTÓRIA SOBRE AMIZADE, AMOR, TRAIÇÃO E FANTASIA." O reino de Wanadi vive sobre uma ditadura, no comando de seis reis. Enquanto isso, a vila de Átria, liderada pela Imperatriz Lola tenta acabar com esse governo podre de uma vez por todas, mas p...