CAPÍTULO 03

6 1 0
                                    

Ariel estava ansiosa para a noite do Baile de Máscaras. Era a primeira vez que Lola confiava nela para uma missão desde que tinham se assegurado a cidade de Átria.

A Ministra da Segurança checou tudo em sua lista pela terceira vez, quando a Imperatriz apareceu ao seu lado.

— Está na hora de irmos, Ariel, — disse Lola, tocando levemente no ombro da Ministra.

Em qualquer outro dia, Ariel provavelmente teria afastado rapidamente a mão da Imperatriz, mas estava tão estressada que o peso daquele gesto era insignificante comparado ao resto que rondava sua mente.

Não teria uma oportunidade de roubar armas oficiais tão cedo, e sem aquelas armas, muitos dos seus planos se tornariam fadados ao fracasso.

Ariel olhou uma última vez para sua lista antes de escondê-la no bolso de seu vestido vermelho. Ela adorava aquela cor, embora soubesse que talvez uma cor mais fraca, talvez um bege, fosse melhor para seu tom de pele. Todavia, ela não se importava.

Diferentemente da Imperatriz, Ariel pensava que a melhor forma de se camuflar era chamando atenção. As pessoas não compreendem o que está bem diante de seus olhos, e se vestir com uma cor tão chamativa faria dela um alvo fácil para os olhares da corte. Porém, dessa forma, ninguém desconfiaria dela, já que não é esperado de uma espiã intrusa se declarar tão evidente. E assim, ela estaria salva.

Lola usava um vestido super justo ao corpo, porém mais curto que o de Ariel. Além disso, apesar do tom preto parecer discreto, debaixo de luzes fracas, o tecido acetinado revelava seus brilhos. Olhando-a de lado, Ariel quis reagir de duas formas. A primeira era rolando os olhos — Lola nem precisava se esforçar para parecer uma garota palaciana, mesmo que tivesse mais quadril que as mulheres da realeza. Já a segunda reação... bom...

Lola estava bonita. Muito bonita.

Os caminhões foram camuflados, o suficiente para serem despercebidos na escuridão da noite. Além dos soldados e alguns agentes de Átria, estavam no automóvel a Imperatriz, a Ministra da Segurança e o Ministro da Economia.

Luiz também queria participar, mas ele fora ante, acompanhado de dois soldados e havia se escondido no abrigo subterrâneo, onde ficaria a noite toda à espera dos carregamentos de carga.

A viagem foi silenciosa, pois todos estavam nervosos. Lola queria ter dito algumas palavras antes de partirem, mas, devido ao atraso de Ariel, não tiveram tempo. E, então, dentro do caminhão, parecia desnecessário dizer algo. Todos sabiam os riscos que estavam correndo. Se fossem pegos, seriam presos. Talvez até mortos.

Lola e Ariel com certeza seriam mortas.

O caminhão parou um quilômetro antes do Castelo — eles teriam que continuar o percurso a pé. Por sorte, todo o reino estava indo para a festa, portanto os atrianos passariam despercebidos na multidão. Cada um vestiu sua máscara: a de Lola era preta com brilhos brancos na borda; a de Ariel era vermelha e mais larga que as demais; e a de Gabriel era de um verde muito escuro, em uma modelagem mais masculina, cobrindo mais o nariz.

Gabriel ofereceu seu braço para a Imperatriz, que estava prestes a aceitar quando ouviram:

— Ah, por favor! — suspirou Ariel, alcançando-os com dois passos. — Querem ser mais óbvios que um casal hétero? Fala sério!

Lola e Gabriel se entreolharam antes de encararem Ariel.

Não eram um casal — o gesto de Gabriel era apenas uma educação. Os dois sempre caminhavam juntos, especialmente quando Luiz não estava presente. Era simplesmente um gesto de unificação, mulher e homem unidos contra a Ditadura Hexagonal.

A Ditadura HexagonalWhere stories live. Discover now