CAPÍTULO 06

5 1 0
                                    

Apesar dos pedidos de Lola para que não ativassem o protocolo de segurança, a pequena vila de Átria parecia não precisar de recomendações para acionar suas proteções.

Depois que voltou de sua pequena visita à Corte Wanadiana, Lola aproveitou estar fora de seu castelo para caminhar pela vila e assistir, conforme o sol nascia, a população acordando para o dia.

Por onde passava, Lola era cumprimentada, o que a deixou mais leve depois do fiasco que foi sua visita à amiga. Tinha quase sido descoberta duas vezes, e, em uma delas, ela nem tinha certeza se deveria usar mesmo a palavra "quase". Era possível que Maria estivesse correta quando disse que Lorenzo sentia algo por Lola. Talvez um senso de responsabilidade ou uma parcela de culpa; seja o que fosse, Lola suspeitava que ele havia a reconhecido, mesmo com o lenço, e, novamente, ele não fez nada para impedir que ela fosse embora.

A Imperatriz parou em frente a barraca na feira local que ofertava pastel. Embora os recheios não fossem os mais sofisticados — toda a vila passava por controle de alimentos e isso incluía o pasteleiro —, Lola ainda gostava muito de comer ali.

Tudo era de graça em Átria, por isso a Imperatriz não se importou de estar sem dinheiro quando pediu por um pastel de queijo — seu favorito. Sentou-se em um dos bancos espalhados e observou sua vila ganhando vida, porém ficou reflexiva ao notar que já não era a mesma de antes.

Eles sabem, pensou ela, triste. Eles sabem que algo vem por aí.

O problema era: o que seria? Lola não fazia ideia.

Por que as coisas não eram mais fáceis? Por que os Hexagonais não eram aquilo que prometiam, aquilo que fingiam? Lola fez parte da corte deles um dia, ela cresceu naquele palácio. Deveria saber fingir tão bem quanto aqueles seis, e talvez até fosse uma boa atriz, mas jamais seria tão profissional quanto eles.

— Tudo bem, Majestade? — perguntou um rapaz que Lola não reconheceu.

Ela pressionou os lábios e tombou a cabeça.

— Claro — respondeu, porém sua mentira não foi nada convincente.

O garoto apenas balançou a cabeça e desistiu de conversar com a Imperatriz. Lola ficou grata por aquilo. Ela precisava ensaiar mais vezes antes de conversar com seu povo. Precisava de Ariel.

A Imperatriz pediu para chamarem pela Ministra da Segurança, porém a resposta que teve foi que a loira só estaria disponível no dia seguinte. Portanto, Lola foi obrigada a esperar, impacientemente, pela disponibilidade da Ministra.

Ariel entrou pelo quarto da Imperatriz, nem um pouco envergonhada em estar ali, um contraste interessante com as entradas de Gabriel, que parecia temer invadir o espaço pessoal das pessoas.

— Chamou por mim, vossa majestade?

Ariel não estava sendo educada, estava sendo maldosa. Ela sabia muito bem que Lola era a melhor opção para Imperatriz, mas nunca ela afirmaria em voz alta ou agiria em respeito de acordo com o combinado.

— Olá, Ariel — Lola respondeu, acenando de sua cadeira atrás da escrivaninha de madeira e gesticulou para que a Ministra sentasse à sua frente.

Lola estava lidando com algumas papeladas sobre a distribuição do novo carregamento de alimentos, e Ariel tinha interrompido uma grande questão que se formulava na mente da Imperatriz: valia a pena aumentar a variedade do cardápio se diminuiria a quantidade de dias com comida garantida?

Lola diria que sim, mas a Imperatriz não se permitia responder com tanta facilidade.

— O que foi, Lolita? — outro insulto da parte da loira.

A Ditadura Hexagonalحيث تعيش القصص. اكتشف الآن