𝐈. the calloways.

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༉‧₊˚✧

Muitas pessoas se consideram muito sortudas na vida, e eu até admiro isso. Mas, infelizmente, meu destino ainda não me permitiu ser uma dessas pessoas. Um exemplo que mostra que isso é verdade é o fato que no meu caminho para o trabalho, tive a sorte de esbarrar numa poça d'água e manchar minha calça jeans. Vida: 1 e Rory: 0, como sempre.

Enquanto caminho pela alameda que me guiava até o ponto de ônibus, me pego pensando o que iria esperar do último ano do ensino médio. Quer dizer, eu era uma boa aluna, tirava ótimas notas que iriam me garantir em uma boa faculdade, assim como eu esperava. Estive economizando durante muitos verões para poder pagar minha faculdade. Porém, era óbvio que não iria conseguir economizar o suficiente e recebi uma ajuda enorme da minha avó.

Afinal, os Calloway eram uma boa família. Muitas casas, diversas propriedades ao redor da cidade, tudo significava que tinham uma boa condição de bancar a vida da família. Acontece que, eles não tinham bons planos, e foi isso que os levou a beira da falência. Eu diria que se eu os administrasse, isso poderia ter sido evitado, mas oras, eu nem era nascida naquela época!

Depois de conseguirem se reerguer, minha mãe decidiu se mudar e tentar viver a vida por si o que, na minha opinião, foi um ato bem corajoso. Por isso, não tenho uma vida luxuosa como meus avós e, pra ser sincera, não é algo que me faça falta. Apenas sei que minha avó, Linda Calloway, decidiu guardar um dinheiro que pudesse me ajudar a pagar a faculdade como um presente dos meus 18 anos. Porém, eu ainda tinha 17, o que significava que eu só precisava esperar mais um ano.

Ao chegar na livraria em que trabalhava, coloquei o avental obrigatório e fui ajeitar as estantes antes que os clientes chegassem. Após colocar tudo em ordem e limpar o que era necessário, fui para o caixa e me sentei no banquinho, preparada para mais um dia de trabalho. Muitos achariam um saco, mas eu achava o máximo poder trabalhar num local daquele. O salário não era um dos melhores, mas me ajudava bastante.

Conforme os clientes chegavam e saíam com sacolas de livros, eu anotava o que era feito durante o dia numa espécie de relatório para o meu chefe, o Sr. Hill, enquanto o mesmo passava uns dias fora da livraria. Gostava que ele confiasse em mim o suficiente para aquilo e felizmente, era um sentimento recíproco.

一 Ei, você conhece algum livro bom sobre karatê? 一 Estava distraída quando uma voz me tirou do transe, fazendo com que eu levantasse o rosto com uma expressão de espanto. 一 Desculpa, não quis te assustar.

Não durou muito tempo até que eu reconhecesse o tal garoto. Bobby Brown. Ele era parte de um dos integrantes da gangue Cobra Kai. Me segurei para não revirar os olhos, parecia que esses garotos respiravam karatê, chegava a ser um pouco patético.

一 Espera, você é a Rory, não é? Já te vi por aí... Como vai, gatinha? 一 Ele pergunta, se debruçando no balcão do caixa com um dos braços. Como eu disse, patético. Solto um suspiro e volto a cumprimentá-lo.

一 Sim, sou eu. Muito bom te ver, Bobby. Eu vou bem, e você? Ainda fazendo karatê? Achei que era coisa de criança. 一 Respondo espontaneamente, atravessando o caixa e indo para a seção de livros de artes marciais. A livraria do Sr. Hill possuía uma extensa variedade de livros, por isso adorava passar meus dias aqui.

一 Qual é, Rory. Chega a ser desrespeitoso falar assim! Mas sim, continuo no karatê junto com os rapazes. 一 Ele para de falar por uns cinco segundos antes de achar um livro que o agradasse. 一 Ha! Achei. Agora o Johnny me deve vinte pratas.

Ao escutar o nome, viro meu rosto e reviro os olhos. Johnny Lawrence. Um dos maiores babacas do West Valley. Não, não. Ele era o maior babaca do West Valley. Fala sério, o garoto tinha 17 anos e se comportava como um crianção junto com seus amigos igualmente infantis. Atazanando os outros, batendo em gente sem motivo algum. Qual era a dele? Diminuir cada vez mais o QI inexistente a cada 5 segundos?

一 E então, vai levar ou não? 一 Pergunto, já impaciente.

一 Na verdade, vou sim. Faz esse favor pra mim, gatinha? 一 Ele pede me entregando o livro. Afirmo com a cabeça e o deixo pra trás, indo em direção ao caixa.

一 Primeiro, não me chama de gatinha. Segundo, são 25 dólares. 一 Registro na máquina e assim que me entrega o dinheiro, dou o troco e o entrego a sacola com o livro.

一 Valeu, Calloway! Você é demais. Te vejo por aí. 一 Antes de sair pela porta, ele volta atrás. 一 Aliás, eu tô sabendo pelas garotas que vai rolar uma reuniãozinha na praia mais tarde. Aparece lá, quem sabe o Cobra Kai também vai tá por lá.

Abro um pequeno sorriso em agradecimento pelo convite e solto um suspiro de alívio quando ele finalmente sai. Tudo bem, talvez um dos Cobra Kai não seja tão ruim assim. Olho pela janela e observo Bobby voltar para seus amigos, que eu nem havia reparado que o aguardavam. Antes de saírem, percebo Lawrence olhando fixamente para a loja por uns segundos, até eu reparar que na verdade ele estava olhando para mim. Sinto meu maxilar se enrijecer e assim que penso em quebrar o contato visual, Johnny me lança uma piscadinha.

Idiota.

BURNING FLAMES ━ johnny lawrence.Where stories live. Discover now