𝐕𝐈𝐈. broken hearts stay broken.

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༉‧₊˚✧

Johnny Lawrence foi o primeiro garoto que partiu o meu coração. Digo porque lembrar de tudo o que aconteceu no verão de 82 me dava calafrios. Certamente era algo que eu não gostaria de me recordar nem tão cedo, e por mais breve que a lembrança tenha sido, a dor continuava como a mesma. Não deu como uma pancada de bola de futebol, doeu como se as ondas do mar estivessem me afogando aos poucos.

Mas eu sobrevivi.

Pode ter demorado, mas consegui me recuperar. Foi como retirar um band-aid de um machucado. Dói pra caramba, mas logo passa. O problema é que corações partidos continuam partidos, mesmo após um curativo. Nossa mente permanece recordando de cada detalhe, e cabe a nós mesmos saber quando aquilo irá parar de nos angustiar. Não foi só um coração, uma promessa e a confiança que existia também foi quebrada totalmente. Após Johnny, nunca consegui confiar em alguém direito. Psicólogos podem dizer que é trauma, mas eu acho que é precaução. (Eu apenas estou tentando reafirmar que não foi um trauma, porém no fundo também creio que foi).

Quando disse às meninas que precisava ir para casa, na verdade fiz o trajeto contrário e pedalei até à praia. Podia sentir a brisa do oceano atingir em cheio o meu rosto e simplesmente me sentei à areia, com diversos pensamentos ocupando a minha mente. Trouxe meus joelhos para perto e apenas fiquei encarando aquele horizonte, como num clipe de alguma balada. Tão clichê, pensei. E novamente, sou levada às memórias que me faziam devanear por muito, muito tempo.

A Califórnia parecia que era o estado mais quente do planeta naquele dia específico. Era alta-temporada, então as praias estavam extremamente cheias em horários que não fossem à noite ou logo de manhã cedo. A minha sorte foi ter encontrado um local refrigerado dentro do recém-inaugurado shopping da cidade. Eu estava tomando um sorvete de morango, que era simplesmente o meu favorito, enquanto andava sozinha e olhava pelas vitrines das lojas que cheiravam a produto de limpeza.

Ali e Mackenzie haviam viajado com suas famílias para locais que estavam completamente fora da minha realidade, mas isso nunca me chateava. Sabia que vínhamos de mundos diferentes e isso nunca foi um ponto de discussão da nossa amizade. O bom era que em momentos como esse, eu tinha o Thomas, meu melhor amigo, para me fazer companhia. Exceto naquele dia, que ele resolveu acompanhar sua irmãzinha em uma visita ao pediatra. Extremamente fofo da parte dele. Extremamente triste pra mim.

Eu estava olhando para um vestido que tinha achado bonito — e caro demais — quando escuto uma voz que me deu arrepios naquele calor, como se tivesse acabado de levar um choque térmico.

— Rory? — Viro-me imediatamente e me deparo com a figura de Johnny, com seus cabelos excessivamente dourados. Ele usava uma regata branca e um short jeans e por mais simples que aquele visual pudesse ser, ele vestia como se fosse especialmente feito pra ele.

Por que diabos pensei nisso?

— Oh meu Deus, oi! Johnny... Não achei que estaria aqui. — Me sentia completamente envergonhada e não fazia ideia do motivo, o cara já me havia visto de biquíni. Se fosse para sentir vergonha, que tivesse sido naquele dia.

— Em um local público? — Ele questiona, irônico.

— Tipo isso. — Solto um riso nasalado e jogo o pote do sorvete que havia terminado no lixo, antes de voltar a minha atenção a ele.

BURNING FLAMES ━ johnny lawrence.حيث تعيش القصص. اكتشف الآن