Demônios não dormem - I

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— Escute - A morena pediu delicadamente — Há coisas sobre você que também estão me assustando… muito. Coisas que eu sequer pensei que seriam um problema para mim um dia. Você me faz hesitar e tentar ser… melhor

— Você não é ruim

Catra riu levemente.

É claro, não parece tão ruim para ela, a incubus divagou.

— Sim, bem, isso é o que você pensa sobre alguns aspectos que você não precisou lidar  - A loira franziu a testa — O que eu quero dizer é que não vou deixar você apenas… tirar as roupas enquanto estamos na mesma cama e fazer algo que eventualmente você vai se arrepender.

— Você não sabe se eu poderia 

— Eu sei - Catra rebateu erguendo as sobrancelhas — Você não está pronta e eu estaria louca se decidisse fazer algo com você com um consentimento impreciso.

— Você é inacreditável - Adora riu sem emoção — Você não pode dizer o que eu quero ou não.

— Não posso - Catra se sentou sobre a cama e ligeiramente retirou sua jaqueta seguida pela camisa, deixando seu abdômen exposto. Adora piscou várias vezes enquanto tentava acompanhar os olhos da entidade enquanto ela se deitava ao seu lado, sem muito sucesso já que suas orbes correram mais vezes para o sutiã esportivo do que a universitária realmente podia contar — Mas se estivesse pronta não ficaria aí parada, tem coisas que você não sente ainda e bem, não significa que eu não queira despertar isso em você

A morena se inclinou suavemente, roçando seus lábios com cuidado sobre os de Adora que ofegou com a aproximação repentina

— Porque eu quero - Ela confidenciou baixinho contra a boca da universitária

— Catra... - Adora sussurrou, fechando os olhos com força e deslizando suas mãos na curva entre o ombro e o pescoço da entidade

A incubus sorriu com as reações rápidas da loira, isso quase a deixou em transe.

Quase.

Adora inalou profundamente, praticamente se obrigando a voltar à realidade, enquanto isso Catra repetia seus movimentos com os lábios metodicamente, evitando que um beijo se iniciasse e deixando Adora à beira de uma necessidade avassaladora.

— Eu não vou deixar você se igualar com as outras garotas, Grayskull - Catra garantiu — Não pense nem por um segundo que vou lidar com você como lidei com Olívia ou com qualquer outra pessoa. Você me entendeu? - Ela rosnou recebendo um aceno rápido, mas esclarecedor da universitária

Finalmente os lábios das garotas colaram um no outro com firmeza. Instintivamente as mãos de Catra envolveram a cintura de Adora puxando-a ainda mais para perto. Ela sentiu as mãos de Adora deslizando pela curva de seu pescoço, seus dedos arranhando a pele sensível sobre a sua tatuagem.

Os sons das línguas colidindo uma contra a outra enquanto se massageavam com lentidão e maestria quase enlouqueceram a entidade, ela poderia mesmo perder o controle naquele momento, mas a sensação estranha queimando na boca do seu estômago a manteve concentrada.

Adora não pode evitar a pulsação insistente entre suas pernas cada vez que a palma de Catra apertava sua cintura, colando seus corpos. O estímulo beirou a linha limite e a loira estava tentando suprimir os seus gemidos inevitáveis ao mesmo tempo que Catra se negava a ceder o afastamento entre as duas.

Mas a magnitude da situação, considerando a pessoa com quem ela está, a forçou a respirar fundo e pausar seus esforços.

Catra exalou, franzindo a testa ligeiramente e diminuindo seus movimentos, lembrando-se a si mesma de que era necessário manter o controle.

— Eu quero me comportar - A última coisa que a incubus gostaria era estragar tudo com seu próprio plano, ainda mais por sua própria responsabilidade — Então eu receio que deveríamos dormir…

— Parece uma boa ideia agora - Adora concordou sorrindo suavemente, Catra capturou seus lábios uma última vez antes de se aconchegar mais perto, Adora aproveitou a proximidade para cobrir as duas com o mesmo lençol ainda um pouco desacreditada sobre o que aconteceu.

Demorou apenas alguns minutos para que as duas cedessem ao sono que bem, seria bom o suficiente para a loira, por alguma razão Catra também cedeu ao peso de suas pálpebras e estava adormecida ao lado da humana esquecendo seus problemas para a manhã seguinte.

Flashback off

ʕ•ᴥ•ʔ

[...]

Catra correu para chegar em casa depois de saltar da cama da loira mais cedo quando se deu conta que passou a noite toda em seus braços. Ela arrumou uma boa desculpa apontando o horário como uma válvula de escape até sua casa, mas as coisas não foram exatamente fáceis como ela havia planejado.

A morena se deparou com Scar ao entrar em seu quarto, o irmão estava cansado demais para notar sua presença e estava dormindo. Algo normal para alguém que está restringido, não para uma incubus ativa e em perigo.

Bem, não era exatamente perigoso para ela, mas estava se tornando para Adora e isso estava gerando uma preocupação que não deveria existir.

Se algo acontecesse com a humana por uma entidade supostamente poderosa estar interessada em sua aura pura, o que Catra poderia fazer além de não entrar em conflito?

Mas ela já havia comprado essa briga sem perceber.

Ela condenou seu irmão temporariamente ao mundo humano por Adora, ela interferiu diretamente na morte de um humano por Adora, ela até estava cogitando enlouquecer uma líder de torcida vadia e arrogante ou até matá-la de cansaço após um sexo alucinante para tê-la fora de seu caminho para que nunca mais ela fosse um problema para a universitária.

Ela não queria que um único ser vivo, mortal ou imortal passasse da linha de segurança que ela criou. Mas o que poderia ser feito quando ela mesma fez isso primeiro sem perceber?

De qualquer forma, no caminho para a instituição, Catra se sentiu observada. Ela diminuiu seus passos e enfiou as mãos nos bolsos enquanto encarava cada lugar pelo canto de seus olhos, atenta aos sons em sua volta.

Sua intuição estava gritando, a incubus sabia que estava em apuros, ela soube disso quando abriu seus olhos pela manhã e não viu nada além das orbes azuis brilhantes diante de seus olhos.

Tudo se tornou pior quando ela pensou involuntariamente como seria acordar ao lado de sua vítima durante todas as manhãs.

Ela rosnou profundamente e se lançou para trás em direção a um beco onde uma silhueta se esquivou nas sombras. O desconhecido se movimentou para desviar de suas garras afiadas enquanto ela às sacudia com fúria, mas em um deslize seus pulsos foram agarrados com força.

As costas da incubus encontraram a parede, rachando o concreto que se espatifou com facilidade.

Os olhos bicolores tomaram os tons verdes brilhantes em suas orbes e ela rosnou para a criatura que a imobilizou, mas seus olhos se arregalaram quando tudo que ela pode ouvir foi a risada macabra de seu pai na escuridão, sua silhueta finalmente tomando a forma diante dela.

— Bem, bem - O diabo murmurou, inclinando-se na frente da entidade mais nova — Quem eu devo matar primeiro? Você ou a sua namorada que por sinal ainda está respirando?

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora