O Crime Perfeito - Livro 4

♛ IV - 33 ♛

— Quem é Santos? — Vesti a blusa e neguei com a cabeça.

— Sei lá. — Respondi. — É algum amigo teu que foi preso? Eu só entrei em uma penitenciaria, mas nem era daqui do Rio.

— Está nesses papeis. — Me virei enquanto arrumava o cabelo e o vi encarando a pasta que o Lopes me deu mais cedo. 

— Bem... — Sussurrei. — Se está ai, pelo que sei, é um delegado da Civil.

— Veio pro Rio só pra investigar um delegado então? — Suspirei e prendi a xuxa com força.

— Eu não li o que tem nos arquivos. — Resolvi falar a verdade. — Recebi hoje depois de pegar o carro com o meu chefe.

— Mas sabe que é um delegado. — Estreitei os olhos.

— Conhece o cara? — Ele negou.

— Mato policia, não viro amigo deles. — Sorri, aquilo era um belo tapa.

— Mais gosta de foder com um. — Seus lábios comprimiram, mas notei a vontade de sorrir.

— Engraçadinha. — Bufei e fui pra perto da mesa onde ele estava, a pasta estava aberta na foto do delegado.

— Não estou mentindo pra você, PL. Falei a verdade antes e tô falando agora. — Fiz careta quando olhei pra cima e ele me encarava como se esperasse a resposta. — Recebi a missão ontem a noite, pra poder ser convencida a vir o meu chefe teve que falar onde era e quem era. — Falei. — Sei que o cara é delegado da Civil, mora no Rio e tem como aliado um de vocês. — Sua confusão aumentou.

— Traficante?

— Eu não li o relatório, você me sequestrou antes disso, lembra? — Ele bufou.

— Não te sequestrei, tu veio com os próprios pés. — Sorri.

— Que pés bonitos eu tenho, não é? — Ele fez careta e voltou a observar a pasta, eu fui atrás de uma havaiana, não dava pra ir de bota até o escritório do Conan.

— Aqui fala de cemitério clandestino, abuso de poder e... — Puxei as havaianas da minha mala. — Não sei o que significa "evasão de divisas". — Sorri, o cara tava ferrado.

— Enviou dinheiro para o exterior sem declara-lo. — Sorri ao sentir a maciez. — Deve ter algo relacionado a tortura também pelo que sei. — Suspirei. — PL, já tô pronta.

— Tem: Suspeito de tortura e morte de preso em "Observação". — Concordei e me aproximei dele outra vez.

— É a porra do Brasil, o cara fez todos os crimes que podia e não passou nem por uma condução coercitiva. — Levantei a mão e fechei a pasta que ele segurava. — Ele grunhiu e me encarou.

— Condução o que?

— Condução coercitiva... O cara não foi chamado pra depor. — Segurei sua mão e comecei a puxa-lo. — Vamos, só tenho mais algumas horas aqui.

E ele deixou ser levado.

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Dei de ombros.

— Vocês falam como se eu não tivesse tirado ele de lá.

— Foram 6 meses pra isso, Manuella. — Sorri.

— Ele foi acusado de matar uma criança, como acha que eu iria tirar essa acusação dele? — Bufei. — A PF escondia a troca de tiro dentro do sitio, o pai do Murilo teve que mandar três deles pra prisão só pra poder tirar as acusações do Caveira! Eu posso ser uma bruxa, mas não consigo fazer magia ainda.