➾ CAPÍTULO 2: Um Ano ou Dois

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Ele me aconselhou a dar um tempo para mim mesma e, enfim, organizar as verdadeiras prioridades que são importantes. Luka é um verdadeiro terapeuta, ele até brinca que às vezes faz sessões sem cobrar nada.

E seguindo seu conselho eu comecei pelos estudos, eles estavam decaindo por causa das minhas saídas como heroína, e depois priorizei meus amigos que acabei afastando sem notar. Com o tempo, nós acabamos namorando e posso afirmar sem medo de que Luka é o namorado perfeito sem tirar nem pôr.

Ele é gentil, prestativo, atencioso, talentoso na confecção de instrumentos de corda e um ótimo conselheiro. Obviamente, não lhe contei sobre minha segunda identidade, até porque seria um grande risco, mas ele também percebia como a relação dos heróis era diferente e sem dinâmica.

Está até óbvio.

Numa das vezes em que o trouxe ao meu quarto lembro-me dele ter deitado ao meu lado no divã rosa, com seus cabelos escuros de pontas azuis espalhadas pela colcha, seus olhos azul-esverdeados me olhando com curiosidade e suas mãos cruzadas atrás da cabeça.

— O que foi? — pergunto.

— Será que eles vão voltar a ser como antes?

O balbucio é fraco, possivelmente não conseguiria ouvi-lo se não estivesse ao seu lado, mas foi simultaneamente firme.

— Quem? — indago, desviando minha atenção de sua respiração para os seus olhos oceânicos.

É fascinante como todas às vezes em que encaro os seus olhos posso vê-los brilharem feito o próprio mar debaixo de um dia ensolarado, além de fascinante é lindo.

— Ladybug e Chat Noir. Eles estão estranhos, não acha? — diz me puxando dos devaneios.

— Hum… — grunhi me erguendo e sentando-me. — Você também notou? — comento fingindo desinteresse.

— Sim, é difícil não notar. — sua voz é sempre mansa ao falar comigo, mesmo sendo grave, suas mãos grandes começam a brincar inocentemente com uma mecha escura do meu cabelo solto. — Ladybug está mais reclusa e se recusa a pedir ajuda de seu companheiro nas batalhas, deixando até mais perigoso… É meio imprudente da parte dela. — pontua semicerrando o olhar.

— Ela tem as suas razões. — argumento, tocando em seu pulso e interrompendo o carinho.

— Eu sei e entendo. — sussurra espalmando suas mãos sobre meu rosto e me aproximando cada vez mais, um de seus longos dedos passeia pela minha nuca e tranquiliza-me. — Chat Noir a ama, mas ela não sente o mesmo e nós dois sabemos como isso deve doer…

Eu deveria estar prestando atenção no que ele me dizia, mas só consigo sentir o colidir de sua respiração quente contra a minha pele. É excitante e divertido, mas não me afasto.

— O que você acha que ela deve fazer? — digo baixinho, roçando nossos narizes numa provocação que o anima.

— Sinceramente, acho que seria uma boa ideia conversarem e tirarem isso a limpo. — conclui, esboçando um meio sorriso. — Essa desavença não só está prejudicando a dupla como também a própria cidade, mas isso só cabe a ela decidir.

— Sim… Só a ela. — balbucio pensativa fechando os olhos, mas no momento seguinte sinto meus lábios serem sutilmente prensados. 

Sua língua debruça-se fervorosamente por dentro de minha boca, ela incendeia-me, me consome, excita-me de um jeito que jamais pensei sentir. Era como se meu corpo se chamuscasse e não virasse cinzas como naturalmente o fogo faz, porque Luka é como uma chama sem dor, um incêndio sem terror, e tudo nele me fascina.

2# A LEGIÃO IRÁ REAGIR ᵐⁱʳᵃᶜᵘˡᵒᵘˢWhere stories live. Discover now