um motoqueiro e vários medos.

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São três da manhã e estou no carro, meio grogue meio desesperado porquê descobri: picadas de água viva são muito comuns. Mais comum ainda são meus pensamentos, não tão frios quanto o chão do meu quarto, mas doem tanto quanto.
     Pelo menos vou ver o Sol nascer, por outro lado todo o país resolveu viajar para praia esta noite então estamos numa fila de carros dirigidos na maioria por homens pais de família tentando ter uma férias que preste após um ano trabalhando e bebendo para esquecer o trabalho. E consequentemente a família. Ah e todos estão irritados e prontos para bater.
   Meu pai resmunga, minha mãe dorme junto de minha irmãzinha, eu observo uma moto tentar espaço entre uma Hilux e um Polo. Motoqueiros se acham no direito de se enfiar em qualquer canto e conseguem, o que mais me enche de ódio.
    Um motoqueiro vai e vai, outro tenta ultrapassar, meu Deus parece que andam em bando... e lá vem outro parando para conversar com os colegas.

    — Pela barbas do profeta!

     Esse foi meu pai. Mas tenho de concordar. Mais um desse grupinho estaciona do lado de minha janela, para onde essa gente vai? Para a praia que não é com essas roupas de couro e arrogância. Ele me encara, quer dizer, não dá para ver através do capacete mas sei o que é uma provocação quando vejo uma. Na real é paranóia.
     Acho atraente? Acho, por isso o encaro de volta. Imagino seu cabelo rebelde, olhos pretos e profundos, ou verdes e profundos, azuis não cairiam mal também, maxilar definido, exatamente aquele tipo de cara babaca de uma fanfic do One Direction.
      Imagino sua vida; pacata mesmo nas estradas, tem sede de ir além e vai, deve saber sobre tanta coisa, passa esse ar de segurança, confiável e principalmente, ama panetone de frutas cristalizadas.
    Perdido naqueles adesivos bregas em seu capacete, ouço o som do acelerador e lá se vai como um risco... Direto para o retrovisor.

     — Filho da puta!

Para o nosso retrovisor.

      Papai abre o vidro e coloca toda a careca de fora — Vai chutar a sua mãe! — O motoqueiro olha para trás, deve estar rindo com aquela sua boquinha linda.

      Como pode meu segundo crush estranho também ser um lunático? Primeiro o maluco que me deixou morrer e agora um maluco que ainda vai matar o meu pai.

      — Agora não enxergo nada para atrás, Donghyuck você vai ter que me orientar! Por que sua geração não pode ser normal? Na minha época...

      Juro, vou dar um soco no próximo motoqueiro que vir. E nas águas vivas, ainda penso muito nelas.
     Mais um  detalhe: minha irmã começou a cantar Dino A,B,C. Por que o motoqueiro não me atropelou junto?
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provavelmente o capítulo mais curto que terá 👍

COMO AMAR A PRAIA - MARKHYUCKOnde as histórias ganham vida. Descobre agora