QUANDO A VIDA (RE) COMEÇA

Capítulo 8

No dia seguinte Fernando acordou mal humorado, como de costume. Vestiu-se e revoltado foi até a sala onde estavam sua mãe, sua irmã e Lucero. Como ele já estava com a cara fechada, elas sabiam que nada de bom iria sair de sua boca, naquele momento.

— QUEM FOI? — Gritou alterado.

Dona Margarita tentou aplacar a fúria matinal do filho, prevendo raios e trovões no horizonte.

— Quem foi o que, Fernando? ¡Por Dios hijo! / Pelo amor de Deus, filho! Quando você vai mudar esse seu comportamento explosivo e esse linguajar agressivo? Mal acorda e já está mais azedo que um limão.

Fernando irritou-se ainda mais com as palavras da mãe e voltou a perguntar gritando, com sangue nos olhos.

— QUEM RAIOS, FOI À ZONA LESTE SEM A MINHA PERMISSÃO? AQUELA PARTE DA FAZENDA É PROIBIDA E É SÓ MINHA! Quantas vezes eu preciso repetir? Não quero ninguém bisbilhotando naquele lado, muito menos mexendo nas coisas que estão lá, será que fui bem claro agora?

Lucero não deixou por menos, respondendo a Fernando na mesma altura.

— FUI EU! — Gritou também. — E pode ir baixando a bola porque, mesmo que tenha proibido que qualquer pessoa, além de você, vá para aquele lado da fazenda, ela não é sua, querido, mas sim da sua mãe. — Disse sarcástica,

— Na verdade, a fazenda está sob novas ordens a partir de agora, Lu. — Dona Margarita interrompeu a discussão, com sua costumeira calma.

Lucero ergueu a sobrancelha, surpresa.

— Do que a senhora está falando, dona Margarita?

— Tomei recentemente uma decisão e aproveito a ocasião para comunicá-la a todos. Você é a nova auxiliar administrativa dessa fazenda desde a semana passada, quando a nomeei legalmente, passando a trabalhar diretamente comigo e com Mariana, a partir de hoje. Só precisa ver com o nosso advogado as questões burocráticas e assinar os papéis. — A simpática senhora respondeu, tomando a mão de Lucero entre as suas, com um lindo sorriso.