Capítulo 4 - Eco

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Três anos se passaram, Lilin e Ezra se tornaram os melhores investidores da homicídios, em partes pelos poderes de Roth, em partes pela experiência Zaror. Ezra  engolia o machismo espinhoso a cada fim de um caso, sua alma sangrava em silêncio, a raiva percorria em suas veias enquentando seu corpo musculoso. Mas ele sabia que precisava daquelas vitórias para ser promovido, então apenas deslizava uma máscara social que Lilin fingia não notar. Aos poucos seus casos solucionados chamam a atenção dos diretores que decidiram convocar uma reunião. Lilin e Ezra se sentaram em cadeiras de estofado diante de uma longa mesa redonda, rodeada de grandes janelas escurecidas mas que deixavam a Luz natural e a beleza externa entrar. Um homem alto, de pele branca, cabelo grisalho, terno preto e sapato de couro os cumprimentou animado. Outros cinco homens entraram na sala e se sentaram a mesa em silêncio. 

-Nós analisamos os números de casos solucionados - disse o homem de terno preto - ficamos surpresos ao notar que oitenta por cento foram investigados por vocês. 

Ezra lançou um sorriso orgulhoso. 

-Nós agradecemos por todo seu trabalho e dedicação. 

O tom mórbido fez o sorriso de Ezra se desmanchar, seria uma demissão? 

-Obrigado Senhor - disse Ezra ao diretor. 

-Por essa razão vocês foram solicitados para uma nova divisão. 

Ezra arregalou os olhos confuso. O diretor saltou da cadeira, se despediu e deixou a sala acompanhado por três homens. Restando apenas dois além de Ezra e Lilin. 

-Boa tarde - Disse um homem de terno cinza. 

-Boa tarde - Lilin e Ezra responderam. 

-Meu nome é Jhon Papylon, sou diretor da divisão Arcano, parceria da polícia federal e do governo. 

Papylon é um homem alto, de pele negra, olhos pequenos, ombros largos, sorriso gentil e tom de voz adocicado. 

-Nunca ouvi falar - disse Ezra. 

-Arcano é uma divisão secreta que investiga casos que não são humanamente explicados - disse o homem empurrando uma pasta sobre a mesa com a ponta do dedo indicador - Vocês permanecerão com o contrato com a polícia civil, porém trabalharão para o governo. Pagaremos o dobro do seu salário em troca de seus serviços e é claro, discrição. Tanto a divisão, quanto os casos são secretos e não poderão ser ditos a ninguém. 

-E se contarmos a alguém? - Ezra perguntou. 

-Vocês assinarão documentos concordando com as condições, caso haja uma quebra dessa discrição, responderão judicialmente e por consequência serão presos. 

-Estou de acordo - disse Lilin. 

-Eu também - Ezra concordou. 

-Ótimo - disse Papylon - assinem os documentos e nos encontramos na Arcano segunda feira. 

Lilin assinou centenas de documentos, tirou fotos, passou por testes psicológicos, detector de mentira e teve seu sangue colhido para exames. Na segunda feira dirigiu por uma hora por uma estreita estrada de terra até o prédio velho e protegido da Arcano. Passou pela revista e verificação de documentos, respondeu um intenso questionário sobre sua vida e por ironia ninguém notou que ela não é humana. Assim que entrou no prédio notou o gritante contraste com o lado de fora. Quatro elevadores panorâmicos subiam e desciam em uma velocidade assustadora, totens eletrônicos espalhados auxiliavam os perdidos por comando de voz, tinha uma escada de acrílico transparente circular em cada extremidade do saguão, piso branco extremamente limpo, paredes de vidro e um jardim no centro do prédio, com uma  árvore grande, flores coloridas, plantas esverdeadas, pássaros e borboletas. Lilin deslizou seus olhos deslumbrados por cada detalhe daquele saguão, como um prédio tão feio por fora pode ser tão lindo por dentro? Teria Lilin atravessado um portal para o paraíso? De repente um toque no ombro direito trouxe Lilin de volta a realidade, Ezra a cumprimentou em silêncio, apenas com um sutil aceno com a cabeça. Papylon surgiu por entre a multidão de ternos e blazers. 

Succumbere (Romance Lésbico) Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora