31. I See Red.

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— Eu sinto muito por ter te assustado. Por ter feito aquilo na sua frente. — Lorenzo balançou a cabeça. — Foi horrível.

— Foi. — Precisei admitir. Eu nunca esqueceria daquela cena, do momento exato em que a vida deixou o corpo de Andrea quando a bala encontrou sua testa. — Mas foi o necessário. Não poderíamos lidar com o que aconteceria a seguir. 

— Você mudou de ideia rápido. — Lorenzo disse se aproximando um pouco mais. Na noite anterior eu estava apavorada com sua proximidade, mas à luz do dia eu via que ele nunca me machucaria. Na verdade, ele matou Andrea justamente para não me machucar. 

— Fiquei chocada no momento. — Confessei. — Mas passou. Eu entendo seus motivos. Você está bem…?

— Não. — Lorenzo riu amargamente. — Não estou nada bem. Menti para o meu pai, disse que Andrea estava envolvido com drogas, que me apontou uma arma quando ameacei contar ao meu pai. Disse que fiz o que era preciso. A mentira está me queimando dolorosamente. 

— Nico acreditou? — Perguntei baixinho. 

— Porque ele não acreditaria? Eu nunca dei motivos para que ele desconfiasse de mim, sempre fui o filho perfeito. — Amargura tomou o rosto de Lorenzo. Balançando a cabeça, ele suspirou descontente. — Eu sou um merda. 

— Lorenzo, você fez o que era necessário para nos proteger. Andrea teria provocado uma guerra. — Pior: Andrea teria destruído aquela família. 

Nós teríamos provocado uma guerra, ele só seria o portador da notícia. — Outra risada tristonha. — Se fosse Luca? Ou Gabriel? Ou Anna? 

— Estaríamos fodidos. — Respondi honestamente. Lorenzo jamais machucaria sua irmã e primos assim como eu jamais o perdoaria por isso. — Temos que tomar cuidado. 

— Ou parar com isso de vez. — Murmurou. 

Meu coração falhou um batimento. Dor massiva inundando meu peito. 

— Matamos Andrea por nada? Para desistir do que temos? Se for isso… Ele morreu por nada. 

— Jen… — Lorenzo suspirou. — Foda-se, eu não tenho forças para ficar longe de você.

— Lorenzo… 

— Não precisamos dessa discussão. — Meu primo disse incisivo, se inclinando para frente ao segurar meu rosto entre as mãos quentes. Seu toque era reconfortante, gentil, trazia paz. 

Encarei-o fixamente, absorvendo a intensidade de suas íris cinzentas; na luz da manhã seus olhos pareciam esbranquiçados, um tom nada comum. Talvez fosse porque Lorenzo não era comum, nada sobre ele poderia ser tão ordinário quanto o comum. Lorenzo me beijou demoradamente, seus lábios traçando os meus com blandicia. Se mereciamos o inferno, porque aquilo parecia um pedaço do paraíso?

Seus beijos se tornaram mais famintos, suas mãos mais ousadas. Lorenzo ergueu minha camiseta, puxando-a por minha cabeça antes de cair sobre mim, beijando-me como se precisasse disso para viver. 

— Lorenzo… — Sussurrei quando ele beijou meu pescoço, provocando sensações deliciosas. Por mais que fosse bom, não parecia certo ter prazer quando tínhamos passado por algo horrível. 

— Só preciso disso. De você. Preciso esquecer. — Confessou descendo ainda mais seus lábios. Meu sutiã foi abaixado um segundo depois e ele fechou a boca sobre meu mamilo, lambendo ao mesmo tempo que sugava. Enterrei a cabeça contra o travesseiro para gemer. Me afastei dele mesmo que fosse fisicamente doloroso e o empurrei para o lado, fazendo com que ele se deitasse de costas no colchão. — Você quer que eu pare? 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Onde histórias criam vida. Descubra agora