O interfone tocou.
- Pode deixar subir – disse Evandro. O coração estava muito acelerado, poderia ser sua única chance de encontrar Raúl. Apesar da excitação e do nervosismo, uma dúvida pairava sobre a cabeça dele.
“Noite passada eu dei um murro na cara dele, o homem do telefone parecia muito diferente daquele...o que será que aconteceu??”.
Dois minutos depois, ouviu-se uma batida. Evandro foi até a porta, se ajeitando pelo caminho e a abriu.
Do outro lado, havia um homem de meia idade, barba grisalha por fazer, porém bem cuidada, cabelo ralo com grandes entradas laterais, ardentes olhos azuis, um sorriso sem graça, físico atlético e carregando uma travessa com salada de batata.
Realmente não parecia o mesmo homem da noite anterior, mas ele tinha o canto de um dos olhos roxo, pelo soco bem dado que Evandro deu. O Tutor se esforçou, e colocou um sorriso no rosto.
- Senhor Diretor, boa noite!! Entre, seja bem vindo.
- Com licença – disse ele, entrando e vendo aquela mesa decorada. Ele não acreditou. – Você fez isso tudo, pra mim?? – colocou a travessa em cima da mesa, num espaço vazio.
- Sim, é minha forma de me desculpar pelo que eu lhe causei – Evandro fechou a porta e se juntou ao homem na sala de jantar. – Sente-se, está em sua casa.
- Obrigado – Eles se sentaram.
A mesa estava magnífica, uma toalha dourada com dois pratos de porcelana em cor de creme, um belo lombo assado, a salada de batata de Walter e uma taça de cada lado da mesa, para o suco. Naquela noite, ninguém iria se embebedar.
- Eu mereci aquele soco. Eu...acho que também...te devo desculpas, por aquela noite. Eu passei muito dos limites – disse o diretor. Evandro estava servindo o prato dele e quando ouviu o que ouviu, parou por um segundo, mas se recuperou rapidamente.
- Aceito as desculpas, nós dois nos exaltamos – ele entregou o prato para ele e começou a servir o próprio. – Espero que goste do que eu preparei.
- Está tudo uma delícia, obrigado – Walter disse entre garfadas – Não esperava uma recepção dessas, não depois do que houve entre nós.
- Gentileza gera gentileza, meu caro. Talvez, mostrando um pouco de gentileza, você veja que pode sair dessa sua armadura onde tanto se esconde – disse o Tutor.
As palavras de Evandro foram serenas, porém certeiras no peito do diretor. Esse não soube o que responder e só ficou em silêncio. Sabia que Evandro tinha razão, mas seu orgulho e prepotência não o deixaram admitir.
- O que eu não esperava era sua visita. Diga, o que o traz aqui?? Por quê veio?? – Evandro perguntou, semblante sério e decidido.
- Eu refleti um pouco sobre tudo o que aconteceu e, só porque Liam deu errado, não é justo eu deixar que você fique igual doido procurando o seu garoto, sendo que tenho uma pista de onde ele pode ter ido.
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O Garoto da Torre
Teen FictionRaul em breve fará 18 anos, e o máximo que ele conhece são as paredes frias de seu apartamento, sem quase nunca ter tido contado com o mundo exterior. Seu maior sonho é ter sua liberdade e ser quem ele quiser, mas a rigidez e os fantasmas do passado...
Capítulo 20: Fazer o que é Melhor
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