Capítulo 5: Cura Elfica

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O tempo em Callyum mudava constantemente, era uma manhã ensolarada quando Simon percebeu que ao invés de anotar no caderno sobre as plantas venenosas e as comestíveis da floresta, ele estava parado com o lápis na mão, apenas encarando wilhelm e se perguntando porquê o sol brilhava tão mais dourado na pele dele do que na pele humana, não ouvia mais uma palavra do que o mesmo contava, o que era um perigo que poderia o levar a morte caso não anotasse o nome das malditas plantas, mas aquela pele dourada e aqueles olhos distantes...
-Simon?
-O quê? -Simme disse em um sobressalto, quando wilhelm o chamou.
-Você está me ouvindo? Não parece que está, está me encarando assustadoramente ao invés disso, planejando um ataque?
-Que? Não! Estou ouvindo, estou ouvindo eu juro, estou anotando, eu só...minhas mãos, estão doendo, é difícil escrever algemado você poderia me soltar pelo menos por algum tempo, né?!
-Não, pare de inventar desculpas, não sou um suicida, sei do que sua espécie é capaz...seres amaldiçoados, não deveriam nem ter o direito a uma parte da ilha, visto que nunca aprenderam a conviver conosco como iguais.

Simon apenas ouviu e voltou a mexer em sua mochila, não iria discutir, nem tentar rebater, ele sabia que wilhelm não o ouvia, parecia que o elfo havia sofrido uma total lavagem cerebral da família real, voltou acreditando firmemente que humanos tinham algo a ver com a morte de inocentes elfos da linhagem sanguínea dele, e que humanos eram horrendos predadores que perseguiam, matavam e usavam seres mágicos de cobaia em laboratórios malvados secretos. Era muito fora do normal, tanto que Simon sabia que suas palavras não seriam suficiente pra arrancar isso e o ódio de dentro de Wille, ele teria que mostrar.

Andaram por horas no dia em que fugiram, não queriam correr o risco de encontrar membros da família real por ali, mas quanto mais dentro da floresta, mais um perigo novo ficava evidente, criaturas mágicas desconhecidas. Cada refúgio que encontravam e comida fresca organizada era mais um sinal de que alguma coisa vivia ali onde estavam pisando, e que portanto, deveriam ignorar a tentação ao conforto e seguir em frente até a caverna mais desconfortável que encontrassem, para a certeza de que estariam seguros.

-Wilhelm?
-...
-Ei, Wilhelm?
-...
-Wilh-
-O QUE FOI? Aonde foi que eu amarrei meu burro trazendo a praga dos sete mares atrás de mim???
-...eu só ia perguntar se você não achava melhor pararmos pra descansar, os seus pés estão...sangrando um pouco.
-O quê? -Wille então olhou para baixo e viu algo que não via a tempos, os pés machucados, os pés de um elfo da família real em uma situação tão degradante e desconfortável que já estavam machucados e sangrando...sim, de fato seria um motivo válido para parar, ao menos por algumas horas, agora se encontravam em um lugar mais isolado da florestas cercado por gramas verdes e alaranjadas, o retrato de um outono que já ia embora estava carimbado em rastros deixados para trás, com as folhas que ainda sobreviviam. Sentaram se os dois no chão, encostados a um grande carvalho, cuja folhas tampavam o sol tal qual uma peneira. Wilhelm observou quando Simon se levantou e começou a juntar galhos que estavam ao redor e guardar em uma pequena entrada entre pedras ali perto, provavelmente se assegurando de que a noite teriam com o que acender uma fogueira caso quisesse ou precisasse, ele até que era esperto pra uma espécie assassina, ele pensou em silêncio. Simon sabia que Wille o olhava, pelo canto do olho ele conseguia ver os olhares curiosos caídos sobre ele, ele não entendia por que wilhelm insistia em odia lo mesmo que até agora ele não tivesse dado sinais de que poderia fazer qualquer tipo de ataque contra o jovem príncipe elfo, era um medo irracional, ou uma raiva irracional.
Horas depois, deitados na grama, Simon começou a resmungar de dor e xingar sem parar, sentou se e começou a esfregar as costas e os braços freneticamente, o que fez Wilhelm acordar irritado.
-E o que é isso agora? Deitou em erva daninha? Ou alguma outra estupidez?
-"Vossa Alteza" poderia por obséquio deixar de ser grosso e mal educado, estou queimando quase pelo corpo inteiro, esta dor está insuportável.
-Deixe eu ver -Disse irritado apontando para as costas do menino.

Simon então, cauteloso começou a subir a camiseta, e a pele bronzeada começou a revelar cortes de espada e arranhões que agora sangravam após toda a coceira do mesmo, o vermelho se misturava ao tom da pele dele, formando quase uma paisagem, e os machucados pareciam tão ruins quanto eram. Wilhelm olhou aquilo perplexo, ele sabia que as lutas forçadas que Simon tinha tido quando estava preso eram ruins, mas não a esse ponto.
-E aí? Está muito feio? -Simme disse relutante.
-Se cale, talvez eu possa dar um jeito nisso. -E imediatamente o deitou no chão, e então, sentado ao lado dele, colocou as mãos em cima dos machucados e começou a passar as mãos elficas pelas costas do menino, massageado e observando, quando suas mãos começavam a ficar geladas ao toque, ele sabia que estava começando o processo, e em menos de 15 minutos, todas as feridas estavam curadas, com o toque mais suave e macio que Simon já havia sentido na vida. Ele levantou aos poucos e parou sentado, olhando diretamente pra Wilhelm, que estava tão curioso quanto ele, afinal, suas habilidades estavam funcionando pelo menos uma vez quando precisou.
-Muito...obrigado? Você foi muito gentil em fazer isso por mim e-
-Que seja, só fiz o que tinha que fazer por que machucado e inútil você não me serviria de nada, seria eu arrastando um inimigo quebrado ao meu lado e atrasando minha jornada individual, não me agradeça, não faria isso em outra situação além dessa. -A voz dele era seca e séria, ele realmente nao hesitou em nenhum palavra, provando mais uma vez, que wilhelm estava firme na decisão de não facilitar para quem ele considerava agora um inimigo. Enquanto isso, Simon ficava cada vez mais exausto da situação e do tratamento, quando encontrou Wilhelm o achou deslumbrante, jovem, curioso, gentil, de aparência intrigante e perfeita, alguém que não sabe nada sobre humanos, alguém para ele ensinar sobre sua espécie enquanto wilhelm ensinasse sobre a floresta, um amigo...mas agora, ele mudou completamente o baralho, era o mesmo wilhelm, mas com uma motivação completamente diferente, a promessa de desbravarem e descobrirem a ilha juntos estava sendo cumprida, mas infelizmente, não dá forma que Simms sonhava nos dias em que passou preso naquela cela mantendo esperança no seu resgate. E quanto mais fundo chegavam na floresta, mais perto estavam de chegarem ao outro lado e Simon ser descartado, Wilhelm não precisaria de um guia depois que descobrisse tudo que precisava e gostaria de descobrir, era uma certeza.

Two Worlds, One Love (Wilmon fanfic-Young Royals)Onde histórias criam vida. Descubra agora