Capítulo 12

14 2 0
                                    

Harry queria poder puxá-la dos braços do seu então dito amigo. Louis continuava com o mesmo sorriso presunçoso no rosto, e pela primeira vez na vida, desde que o conhecera, admitia que a vontade de esmurrar a sua cara crescia de segundo para segundo, à medida que se aproximava da mesa onde eles pairavam.

Mas, por muito que a sua vontade de acabar com aquela festa fosse maior do que qualquer outra coisa, não tinha razões para o fazer, pensara.

A rapariga por quem se havia apaixonado, tinha-se tornado numa mulher de armas. Parecia muito mais determinada e ele estava claramente a adorar ver o mulherão em que ela se havia tornado, mas já não era dele. Ele a havia perdido por ter sido parvo demais. E ele não podia fazer mais nada senão assistir a toda aquela palhaçada e engolir em seco.

É difícil de acreditar quando nos dizem que temos de passar à frente  e esquecer o passado. Harry tinha uma vida toda pela frente. O futuro já construído. Dinheiro e fama era coisa que não faltava. Era adulto, rico, bom de cama, talentoso e indestrutível no mundo dos negócios mas, faltava ali a espontaneadade que a felicidade lhe havia proporcionado quando, no início, não tinha nada daqueles critérios todos.

Sentia falta da liberdade de poder amar. Não sentia alegria e quando tinha um pequeno gosto dela, era apenas por meros segundos. A sua casa era solitária assim como ele. Qual seria o intuito de poder ter tudo mas ao mesmo tempo não poder ter nada?

E ali estava ela. O grande amor da vida dele. A única pessoa que conseguia ressaltar o lado bom dele. Sem nenhuma ponta de tristeza ou de solidão.

E vê-la foi como se o sol preenche-se de novo o céu, depois de ter chovido por anos. Ele acreditou novamente que poderia voltar a ser feliz. Não de poder voltar a amar outra pessoa mas sim de poder voltar a tentar fazê-la feliz. Embora esse pensamento se prende-se apenas por um fio.

Era dificil. Mas sempre fora aquela menina indefesa que havia olhado para ele, quando o próprio entrara por aquela sala ao lado do diretor da escola. Fora ela desde o início que lhe havia posto os olhos em cima e sorrido genuinamente pela primeira vez em meses. Fora sempre ela desde que havia sentido os seus lábios contra os dele. Fora ela desde o primeiro instante que a tocara e sentira as tão ditas faiscas no coração e as borboletas na barriga ao possui-la.

O seu olhar cruzou com o da rapariga apenas para depois desviar para o chão, continuando a andar em direção ao átrio lá fora. Precisava de apanhar ar. Mais do que tudo.

Desatou a gravata preta, metendo-a no bolso interior do paletó, e abriu os três primeiros botões da sua camisa revelando as suas tatuagens no torso. Andou pelo jardim tentando encontrar a disposição que queria ganhar, sem sucesso.

A sua cabeça martelava apenas num assunto. Fora estúpido. Harry sabia que o era mas o que haveria de fazer?

Sentou-se então num banco que lá havia no meio do jardim. Olhando o nada. Pensado em fragmentos de memórias que lhe amargavam o pensamento por saber que não poderia mais sentir o que desejava possuir. Mantinha-se com os cotovelos repousados nos joelhos, apoiando a sua cabeça com as mãos. Os olhos fechados remetiam-no naquele momento, a uma tela escura onde pousavam as lembranças do que suponha serem boas recordações. Vez ou outra sorria, até uma maldita lágrima derreter em direção ao seu rosto.

E ele não queria. Detestava chorar até porque era raro e nem sequer se lembrava da última vez que o tinha feito, mas tudo naquela noite havia refletido fortes emoções naquele pobre rapaz homem. Era demasiada dor para uma pessoa poder levar no peito por tanto tmpo. Era um simples vazio, um buraco negro que, vez outra, o engolia para uma emensidão de coisas que poderiam existir na sua vida, se a mesma tivesse tomado outro caminho.

My Only Angel IPTWhere stories live. Discover now