Capítulo 7

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Para Ana o dia havia começado cedo. Hoje era o grande dia. Precisava de estar tudo impecável e seguir o roteiro da maneira planeada. Acordara bastante cedo, pelas seis da manhã. Tomou um banho para tentar ressuscitar as suas forças e fora preparar o seu pequeno-almoço de sempre. 

Estava nervosa confessava. Todas as pessoas importantes em que se possa pensar iriam estar naquele evento e tudo precisava de correr sobre rodas. Iria de longe estar na cozinha que haviam disponibilizado no enorme edifício onde o evento se iria decorrer pelo facto do anfitrião da festa, cuja pessoa a convidara para fazer o serviço de catering exuberante e luxuoso, expressado gentilmente, que a queria na mesa principal junto a todos os membros da empresa.

Por um lado, Ana atrofiava um pouco pelo facto de pensar em como o nome da pessoa responsável, Louis, se assimilava particularmente a um antigo e grande amigo que fora a alguns anos atrás.

E esse pensamento não saíra da sua cabeça. Pesquisara na Internet, mas pelo facto da empresa ser muito pouco recente, as fotos eram algo inexistentes. Mas ela jurava pela sua alma que só haveria um Louis Tomlinson. E esse fora alguém que participara numa parte da sua felicidade, no tempo em que pelo menos a sua vida ainda se considerava normal e mediana.

Pelo outro lado, se a sua dúvida e confrontalidade na sua cabeça viesse a ser verdade, poderia vir a descobrir o que acontecera a Harry. 

Ai, o seu Harry...  

Sentia uma imensidão de vazio quando algo a levava a tocar na recordação que tinha por aquele rapaz. Sentia tanto ainda por ele. Era como se o amor e carinho não tivesse ido com o tempo. 

Apesar de a morte do filho que haviam criado em conjunto, tenha tido um final infeliz... Ana continuava a nutrir os mesmos sentimentos por Harry. Era quase inexplicável. Mas ela tentara. 

Sabe lá Deus quanto ela tentou mover e fazer-se acreditar, que ela própria iria conseguir encontrar o rapaz que um dia lhe havia dado tudo e, que no outro, lhe havia quebrado o coração em fragmentos tão pequenos que pouco ou nada havia a fazer. Pelo menos, mais do que já estava àquele ponto da situação.

Mas apenas existia a imensidão de vazio quando algo a levava a tocar na recordação que tinha por aquele rapaz. De como soava a sua voz, ou de como os seus fios de cabelo tinham uma sensação suave contra os seus dedos. De como os seus lábios se moldavam contra os dela, ou até mesmo de como ambos se formavam contra um sorriso singelo, mas puro.

E isso se fora.  Não por vontade própria dela.

Porque ele quis.

Porque ele decidiu preferir voltar as costas a um ser indefeso e injustiçado que fora violentado, tanto no modo físico como psicológico.

Porque ele decidira preferir a ser fraco e cobarde do que arcar com a realidade pesada que se havia desenrolado diante dos seus olhos. Porque nem um bilhete, ou uma maldita carta fora capaz de escrever para explicar o porquê de a ter abandonada á beira de estranhos que a tentavam ajudar.

Quando deveria ser ele, ao invés daqueles homens que  tentavam reanimar.

Quando deveria ser ele a expressar que iria ficar tudo bem. Que tentariam ter outro filho.

Que tentariam voltar a recapitular até ao momento em que as coisas ainda não se haviam desenrolado e, se derretiam entre os lençóis.

Juntos. Era pelo menos o que ela esperava quando, pela primeira vez, abrira os olhos depois da tragédia.


Deixara os pensamentos de lado e decidira preocupar-se com algo mais importante. Se ele não quisera fazer parte do seu futuro, ela própria iria lutar por fazer algo significante para o mesmo. 

Decidiu ir em direção ao seu ateliê onde toda a gente trabalhava a todo o vapor. O importante seria preparar o máximo de coisas e, preparar o que teria de ser preparado em último plano, ou seja, todo o tipo de canapés e finger-food que tivesse de ser frito na cozinha que haviam disponibilizado onde iria decorrer o evento.

Todos estavam orgulhosos. É verdade. Toda a sua família. Amigos. Até quem menos ela esperava lhe dava os parabéns quando a via. E, de facto, para uma rapariga que com tão pouco conseguiu fazer tanto, ouvir tais palavras encarecedoras de humildade, significavam tudo para ela.

Era uma rapariga perdida. Afinal as noites em que sofrera á conta da ansiedade e problemas com ela mesma resultaram em algo. 

Na sua felicidade e em algo mais importante.

Num futuro.

Algo que ela nunca pensara vir a ter. Porque ela não tinha autoestima. Não tinha amor próprio e, lá fora, só vive quem é forte. E ela não o era.

Ali naquele tempo, de facto não era. 

Hoje, olha para a vida como algo repleto de desafios mas que são eles que dão valorização ao que se consegue ganhar a meio dela. 


Eram aproximadamente seis horas da tarde quando se apercebera que tudo estava preparado para transferir tudo para o edifício do evento. Três grandes carrinhas auxiliavam todo o transporte de todo o serviço de catering e Ana quase estava para ter um ataque de coração quando viu um enorme carrinho cheio de tabuleiros repletos de quiches e tortas quase cair por o responsável que empurrava o mesmo, não ter visto o buraco no chão.

Ana - Por favor! Tenham cuidado e tenham atenção com tudo! Isto levou tempo, dedicação e muito suor de colegas vossos para estarem a deitar tudo ao chão!

XXX - Peço desculpa, eu estava distraído...

Ana - As desculpas não se pedem, evitam-se. Só peço para terem cuidado.

Depois de ter ajudado a arrumar o resto, sem antecedentes, olhara mais uma vez para o relógio e reparado que se não fosse naquele momento para casa preparar-se não iria chegar a tempo.

Seguira então no seu carro e chegando tranquila a casa. Fora imediatamente para a banheira, sentido um sentimento algo inquietante no seu coração. Não sabia, mas sentia. Talvez acontecesse algo que a mesma nem sequer estivesse á espera. Talvez....

Oh Ana não comeces... Talvez seja só porque secalhar vais ter um dos teus maiores serviços de catering e isso será uma das coisas mais importantes da tua vida...

Seria isso? 


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Só digo.

Preparem-se.

My Only Angel IPTWhere stories live. Discover now