Ventania

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𝐿𝑒𝑒𝑑𝑠, 𝑌𝑜𝑟𝑘𝑠ℎ𝑖𝑟𝑒, 𝐼𝑛𝑔𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎.
14ℎ20.
-7º𝐶.
𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜: 70 𝑘𝑚/ℎ𝑟.

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Louis Tomlinson apressou os seus passos até a grande janela que possuía na sua sala, logo após Harry partir. Abriu as suas cortinas apressadamente e quase encostou o seu rosto no vidro, tentando enxergar um ponto escuro caminhando com dificuldade no meio da imensidão branca.

Styles estava caminhando todo curvado, as mãos estavam dentro do casaco acolchoado, e sua touca estava escondida pelo capuz. Assim de longe, Harry parecia uma grande bola preta no meio da neve. Louis estava apreensivo, o carro do bombeiro estava tapado em neve, não dava mais para ver os vidros, e o cinza do carro se misturava com o branco da neve, dificultando a compreensão do que era neve e o que era a lataria do carro.

O médico apoiou suas mãos contra o peito, quando viu que o mais novo havia tirado uma pá pequena de plástico do seu porta-malas e estava indo em direção ao seu para-brisa. Louis sabia que metade da energia de Styles iria ser gasta tentando retirar a camada grossa de neve dos vidros. E provavelmente, a outra metade seria gasta com o seu corpo lutando para se aquecer com o vento cortante e congelante atingindo o seu rosto e as suas mãos descobertas. Tomlinson preferiu não ir além com esse pensamento.

Sempre foi difícil para Louis ver Styles indo embora para trabalhar como bombeiro. Ele sempre odiou essas despedidas, porque era inevitável não calcular os riscos que essa profissão possuía. Como médico, Tomlinson pensava em todas as possibilidades possíveis e, apesar de não ser religioso, rezava todas as noites em que Harry estava de plantão, para que ele chegasse em casa inteiro e seguro no outro dia. Também era inevitável não acompanhar as notícias na TV, tentando de alguma forma ter notícias do seu marido. Na verdade, esse ainda era um hábito que Louis não tinha conseguido se desvencilhar. Era difícil, e ao contrário do que havia pensado antes, nada realmente havia mudado. Continuava sendo difícil, Tomlinson ainda morria de preocupações pelo bombeiro.

E parecia que Harry fazia as coisas de propósito para vê-lo em desespero, como agora. Louis se apoiou na janela, quando viu Styles dar partida no carro e lentamente sair da sua garagem. Era suicídio se arriscar a dirigir em uma tempestade como a que estava por vir e Louis queria gritar o quão louco e suicída o bombeiro era. Ele não pensava somente na vida de Harry, mas também em como as crianças ficariam se algo acontecesse com ele, era complicado. Sabia que ele não teria estruturas para ser forte pelos seus filhos, esse papel era de Styles.

Seu coração estava batendo rápido contra o seu peito, enquanto Harry já estava na estrada, dirigindo a 10 km/h. Sabia que levaria alguns segundos até perder a visão do carro e não saberia dizer se isso era melhor ou pior.

E então, de repente o mundo ficou em câmera lenta para Louis. Viu um galho enorme voar em alta velocidade na direção do carro cinza. Não saberia dizer de onde surgiu, se foi da árvore do seu vizinho ou se o vento já o trazia de mais longe. Antes que o galho atingisse o carro, Tomlinson fechou os olhos com força e gritou em plenos pulmões.

Nem sequer reparou que Charlotte estava ao seu lado, com a mão apoiada nas suas costas tentando saber o que tinha acontecido. Louis não conseguia tirar os olhos do grande galho que estava no chão, a uns 3 metros do carro de Harry. O galho estava bloqueando toda a rua. Olhar fixamente para aquele pedaço grotesco de madeira não era suficiente para fazê-lo acreditar que ele não tinha caído em cima de Styles e que o seu bombeiro estava bem.

Ainda estava ignorando a sua irmã, por puro pânico e desespero, quando viu o carro cinza lentamente engatar a ré e parar na frente da janela em que Louis estava. Ele não pensou duas vezes, saiu correndo em direção a sua porta de entrada e a escancarou, sem se importar se a neve e o vento estavam invadindo o seu hall de entrada.

A Christmas to remember ❄ l.sWhere stories live. Discover now