28 [em•bri•a•guez] (!)

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[estado causado pela ingestão de bebidas alcoólicas; embriagamento; exaltação causada por grande alegria ou admiração; enlevação, inebriamento, êxtase.]

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Música para o capítulo:
Sex on Fire - Kings of Leon




HARRY

São 19h30 e a Charlotte ainda não chegou no bar. Eu estou começando a ficar realmente preocupado.

Durante os finais de semana, eu não costumava tocar no Poison Ivy, mas desde que as minhas chefes resolveram me contratar para tocar também aos sábados e domingos, além dos outros dias da semana, eu passei a marcar presença.

A ideia foi da Char - por mais que ela negue - e a Naomi nem pensou duas vezes em me acolher. Elas dizem que os lucros do bar aumentam quando eu estou aqui e que foi uma decisão lógica, mas eu sei que essa foi a forma discreta e profissional da Charlotte de me ajudar a cobrir as despesas que eu tenho para pagar.

Depois da tentativa mesquinha do Jacob de me afastar dela, eu enrolei para pisar novamente no Lily's. Foi o gerente de lá, o Sr. De Luca, que deu à ele algumas informações pessoais minhas para que o investigador particular contratado viesse atrás de mim. O ato dele foi além de antiético, uma tremenda falta de respeito, e apesar de eu não ser o culpado na história, já sabia antes mesmo de ir até lá que meu emprego como pianista estaria perdido de vez.

Eu não estava errado. O homem mal quis me receber e me tratou com ainda mais descaso do que o normal. Acontece que Jacob o encheu de histórias falsas a meu respeito para arrancar as informações dele e o gerente acreditou em tudo.

Ele exigiu que eu não voltasse mais no restaurante, nem mesmo como cliente, e ainda teve a audácia de zombar de mim, dizendo que eu nunca conseguiria pagar a conta de todo modo. A recepcionista deles, Verônica, a mulher que sempre me comeu com os olhos quando eu estava lá trabalhando, me tratou com o mesmo repúdio e fez piada da forma como quase fui enxotado do lugar.

Eu fiquei com tanta raiva que acabei me descontrolando e respondi a todos como meu coração mandou. Quando me dei conta, estava mandando todos à merda e ameaçando processá-los por terem vazado meus dados pessoais. O Sr. De Luca ficou tão assombrado com a minha ameaça, que tentou me subornar, mas eu atirei o dinheiro no peito dele e sai batendo os pés.

"E não se preocupe em me ver aqui de novo. Esse lugar fede a arrogância e almas podres." Eu gritei na saída, batendo a porta de vidro deles e assustando um casal que tentava entrar. Nunca fui do tipo encrenqueiro, mas naquele dia eu simplesmente não pude ignorar como meu sangue fervia e afastar todas as memórias dos maus-tratos que sofri.

Relatei tudo à Charlotte depois e nós rimos juntos como se compartilhássemos uma história impressionante. E foi mesmo, de certa forma. Eu agi fora da minha zona de conforto e "vinguei a minha honra", como ela mesma pontuou. Eu me senti melhor em vê-la me elogiando, era quase como se ela estivesse orgulhosa de mim e me deixou todo quentinho por dentro.

Pra ser honesto, ultimamente ela tem me feito ficar quentinho por dentro com uma facilidade absurda. O mero pensamento sobre ela me faz sorrir pra mim mesmo e corar.

E por falar nela, já são 19h45 e nada.

Perco a paciência e ando até a Naomi, seu cabelo preso por dois coques no alto de sua cabeça, sua blusa de estampa japonesa esvoaçando com cada movimento apressado que ela faz pelo salão. Ela é a única aqui atendendo todo mundo e isso só me incentiva a perguntar pela sua sócia.

𝗙𝗲𝘁𝗶𝘀𝗵 • H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora