Cap. 4: Adão e Eva

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Fazia cerca de um ano da chegada de Hyunwoo, Minhyuk estava completamente adaptado a vida compartilhada, chegava a questionar-se, após verificar se o piloto dormia, como vivera por tanto tempo sozinho sem enlouquecer. Na verdade às vezes perguntava-se se não estava delirando após expor-se de mais ao deserto e agora vivia em constante delírio tendo criado outro ser humano para poder interagir. Em alguns momentos, imaginava que sua sanidade estaria desaparecendo justamente pela presença do outro homem, pois por vezes chegou a imaginar-se vivendo algum dos romances dos livros que lia e fingia, única e exclusivamente para si mesmo, desprezar. O certo é que a presença de Hyunwoo parecia tão natural quanto qualquer rocha que compunha o lugar em que morava.

Naquele dia vimos uma chuva de meteoros juntos. Minhyuk estava acostumado com chuvas de meteoros, desde pequeno imaginava que talvez uma delas pudesse cair sobre o deserto e exterminar o último humano assim como fizera com os dinossauros. Mas, daquela vez foi diferente. Subiram as grutas e emergiram no alto da montanha onde certa vez Minhyuk encontrou Hyunwoo,e de lá escalaram até o plano mais alto, acenderam uma fogueira e estenderam uma liteira para sentar-se com algum conforto.

Hyunwoo parecia bonito sob a luz da lua, refletindo as cores do fogo. Seu olhos pequenos brilhavam admirando os meteoros que atravessavam o céu atraídos sabe-se lá para onde. A atenção de Minhyuk era atraída para Hyunwoo. Ele havia cortado os cabelos naquele mesmo dia, feito a barba e reclamado de algumas rugas mais fortes na testa. Para mim isso não diminuía sua beleza, não apenas porque não havia com quem se comparar, mas porque era belo de qualquer forma.

Ele me pegou encarando, sorriu e corou. Ficou ainda mais bonito. Eu não conseguia desviar o olhar. Meu coração estava agitado e eu realmente não sabia o que fazer, apenas continuei como um bobo admirando-o.

— O que foi? — Hyunwoo perguntou quando não conseguiu mais focar nos fragmentos de rocha cruzando o céus.

— Eu não sei... — Minhyuk decidiu pela sinceridade, não queria mentir para a única pessoa disponível. Odiava mentiras, a algum tempo a humanidade havia apodrecido com elas.

Hyunwoo que estava deitado sentou-se e ficou muito, muito próximo a Minhyuk, o qual sentiu as entranhas revirando e um nervosismo atípico tomando conta de si.

— Sabe, — o piloto umedeceu os lábios antes de continuar, parecia procurar as melhores palavras para dizer o que queria, às vezes a barreira da comunicação está muito além do idioma. Minhyuk quis tocar ele mesmo os lábios do outro para saber se, de fato, eram tão macios quanto pareciam. — Eu preciso te contar uma coisa...

Minhyuk ouviu com atenção a história do casamento de Hyunwoo, como ele foi feliz, como ele encontrou o amor verdadeiro, e quase chorou junto quando a morte chegou para se companheiro. Parecia um dos romances trágicos que ele também fingia odiar, embora os guardasse com esmero em uma baú separado. Queria consolar Hyunwoo, queria poder dizer que o entendia, mas jamaisse relacionara romanticamente com ninguém, a bem verdade é que há muitos anos sequer se relacionava de alguma forma com qualquer pessoa. Por isso, apenas seguiu seus instintos, envolveu o piloto em seus braços, a princípio de forma desajeitada, pois não lembrava-se mais o que era um abraço. Em seguida os corpos se ajustaram e Hyunwoo relaxou.

— Eu sinto muito!

Foram as únicas palavras que conseguiu dizer, era o que se costumava dizer antigamente, pelo menos era o que achava. E então sentiu como se fosse derreter, o calor da fogueira invadiu sua pele quando Hyunwoo tocou as laterias de seu rosto com ambas as mãos e sorriu com carinho.

— Mas eu o encontrei outra vez.

Minhyuk não entendeu o que ele queria dizer, estava tão atordoado por todas as sensações novas que experimentava que não conseguia raciocinar direito.

E.V.A.: Enquanto você me amarWhere stories live. Discover now