Cap. 03: A aventura humana na terra

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Logo Hyunwoo acostumou-se ao mundo de Minhyuk. Passaram muito tempo juntos durante o primeiro mês de convivência. Hyunwoo aprendeu a usar o calendário caseiro e o fogão à luz solar. A tecnologia disponível era básica, apenas para que se tivesse acesso a pequenos confortos. E o EVA sentia-se dentro de um dos romances fantásticos que seu Minhyuk devorava. Ele e o Minhyuk daquele mundo precisavam coletar a comida, ter vegetais frescos era esquisito, na concepção do estrangeiro, precisar lavá-los e então cortá-los para enfim cozinhar consumia um tempo muito grande, se precisasse cuidar de todas estas coisas e ainda ter que servir na centro de treinamento espacial, provavelmente viveria atrasado, por outro lado, naquele lugar não havia outras coisas para se fazer além de, simplesmente, viver. Bem, no seu caso, viver e aprender muitas coisas, principalmente como se comunicar.

A estas alturas, conseguiram desenvolver alguma linguagem, misturando expressões e palavras soltas de ambos os idiomas, e todos os dias Hyunwoo aprendia os nomes das coisas que o cercavam.

Havia o entendimento mútuo e mudo de que Minhyuk aceitara a presença do estrangeiro, e para o piloto isso já ultrapassava sua expectativas, que dizer, às vezes perdia-se em peças imaginárias de um envolvimento romântico com o outro, em tais momentos precisava de toda a força de vontade do mundo para não envolvê-lo em seus braços e tomar-lhe os lábios bonitos. Porém, controlava-se, sequer conseguia expressar informações simples, imagine demonstrar amor... Além do mais, a cada segundo milhares de perguntas surgiam na cabeça de Hyunwoo e ficavam guardadas em seu cérebro esperando o momento certo para serem respondidas, o problema é que elas comichavam em frustração e o faziam quase desesperar-se, principalmente quando Minhyuk desaparecia.

A primeira vez em que ele sumiu era um domingo, Hyunwoo despertou com o calor do dia incomodando seu corpo coberto da cabeça aos pés, virou-se em sua liteira improvisada para, como fazia todos os dias, admirar Minhyuk despertando, porém daquela vez não o viu. Procurou-o por todos os caminhos que conhecia, sem resultados, por isso voltou para a cabana, colhendo, no caminho, ervas alegras para sua, até então preferida, infusão. Sozinho, cuidou do desjejum e esperou.

Não gostou de esperar. Agora que estava só seus pensamentos tomavam consciência e faziam-no pensar em possibilidades.

E se Minhyuk estiver chateado? E se Minhyuk passar mal sozinho perdido entre as galerias da montanha? E se esse Minhyuk também estiver doente como o seu Minhyuk, como poderia cuidar dele? Seria capaz de sobreviver a outra perda? De qualquer forma, jamais sobreviveria àquele lugar sem Minhyuk a seu lado... E se Minhyuk estiver em algum lugar com outros humanos deliberando se a presença de Hyunwoo é segura? E se...

A cabeça doeu diante de tantas possibilidade, e antes de se dar conta, percebeu-se em frente ao lago e sem pensar duas vezes arrancou as roupas que emprestadas e mergulhou.

Desde o primeiro toque de sua pele com a água do lago, o EVA sentiu familiaridade. Seu corpo reconhecia o ambiente, embora jamais estivesse entrado na água — piscinas eram luxos que apenas os muito ricos dispunham em seu mundo. Nu, seu corpo levitava de dentro para fora, uma sensação similar a do treinamento no simulador de gravidade baixa, o lago era como um universo e foi fácil aprender viajar por ele.

"Nadar", era como Minhyuk chamava, "mergulhar" também, os dois eram fáceis para Hyunwoo. Nadando e mergulhando conseguiu aceitar não poder fazer nada além de esperar por Minhyuk, de preferência sabendo cuidar de si mesmo e quem sabe preparar um bom prato de comida?

Naquele dia Minhyuk voltou depois da hora do almoço, estava suado e empoeirado. Hyunwoo nada disse ou resmungou, apenas esquentou o refogado de cogumelos e ervas e esperou que o outro confiasse em si o suficiente para contar por conta própria. Mas isso não aconteceu.

E.V.A.: Enquanto você me amarOnde histórias criam vida. Descubra agora