𝗙𝗲𝘁𝗶𝘀𝗵 • H.S.

23 [dra•ma•ti•za•ção] (!)

Por isso, decidimos seguir em frente com a ideia e fazer acontecer. Estamos no meu apartamento hoje, onde ocorrerá o nosso espetáculo. O roteiro tem uma introdução, que nos dará contexto, e a interação de nossos personagens ainda está para começar.

Me sinto nervosa, receando que vá cometer algum erro embaraçoso e me envergonhar na frente de Harry, mas o vendo com igual hesitação, passo a ficar um pouco mais calma. Estamos fazendo isso para nos divertirmos e é nisso que devo focar. Nisso e em ser uma boa aluna safadinha.

"Você tem certeza que quer continuar fazendo isso? Nós podemos parar e tentar outra coisa." Ofereço, já que não posso passar por cima dos limites dele.

Harry estica sua mão até a minha e nega, "Eu quero fazer isso, baby, eu juro. Eu só... É diferente, só isso." Declara, sorrindo fracamente.

"Eu sei. Mas vai dar tudo certo." O asseguro, ao passo que asseguro a mim mesma. "Ninguém além de nós dois vai ficar sabendo disso. Vai ser o nosso segredinho." Brinco ao me inclinar mais perto dele, querendo aliviar a nossa tensão.

Harry ri num suspiro e acena, "Nosso segredinho e de ninguém mais."

"Posso continuar lendo?" Pergunto, já procurando a linha onde parei.

"Sim. Estamos na parte onde você contava sobre o homem mais gostoso que viu na vida." Provoca, ganhando um olhar penetrante de mim.

Ele é um dos mais novos aqui, tem uns trinta anos de idade e é solteiro. Eu estava tão entretida com os meus estudos, que nunca percebi que ele existia, o que é praticamente um pecado, pois o homem é como a visão do paraíso.

"Isso é tão brega." Reclamo, balançando a cabeça em desgosto, pois essa é a primeira vez que estou lendo esse texto na integra.

"Não tô achando ruim, sabe. Continua aí." Harry incentiva, já que lhe é conveniente.

Eu ficava tão nervosa perto dele, corava o tempo todo e mal conseguia falar. Ele tem essa presença intimidadora, uma aura dominante-

"Aura dominante? Mas que-?"

"Continua, Char."

...e te cativa com o menor esforço. Eu estava certa que seria muito complicado me concentrar de verdade no meu trabalho, pois sentia um calor tão grande em todos os nossos encontros. Minha mente divagava muito ligeiramente e eu me pegava observando as mãos dele, os lábios, ficava imaginando o que suas roupas tão formais e arrumadinhas escondiam e se ele era grande ou não.

"A resposta é sim, minha querida." Harry faz o comentário antes que eu possa avançar de parágrafo, se divertindo com o meu aborrecimento. "Ah, qual é? Ela- Ou devo dizer você queria saber e eu respondi."

"Não seja dissimulado. Deixe isso pra mim."

"Mas só porque fica muito bem em você, meu bem." Concorda, pegando meu queixo e me dando um selinho rápido.

Minha agonia só aumentava a cada semana. O professor dos meus sonhos mexia tanto comigo, mas ele não me notava da mesma forma. Ele era sempre educado, gentil, mas muito profissional e correto. Nunca flertou ou passou mais do que o tempo necessário olhando pra mim, enquanto eu só queria que ele percebesse meus decotes e saias curtas, algo que eu vestia especialmente para ele.