22 [a•me•a•ça]

Start from the beginning
                                    

Não era eu estar aqui agora, com ela. Ontem, após tocar no bar, saí com os gêmeos para ter uma noite dos garotos, mas o Dylan acabou levando todos nós a falência de julgamento quando nos encheu de erva. Eu fiquei tão chapado, que perdi as minhas chaves e fiquei sem rumo. Gary, o único que não quis fumar, conseguiu arrumar uma companheira para levar para seu apartamento e Dylan sumiu. Me vi recorrendo à Charlotte como meu refúgio.

Não imaginei que ela deixaria e estava pronto para implorar de joelhos, mas acabamos fazendo um extasiante 69 e dormindo um por cima do outro. Ambos chapados e fodidos.

Realmente não era a minha intenção dar nada alucinógeno pra ela - muito menos afrodisíaco. Eu jurava que aqueles bombons idiotas não funcionavam, mas aparentemente eu estava errado. Ainda preciso falar com o Dylan e perguntar pra ele de onde ele descolou aqueles chocolates. Não era a minha intenção que eles tivessem funcionado, mas causou uma sensação tão boa nela depois...

Charlotte ficou apreensiva de início, mas depois de transarmos duas vezes e o efeito dos bombons finalmente passar, ela confessou que gostou deles. E eu, bom, adorei se foi naquele estado que a deixaram; carinhosa e bem safadinha.

Não era pra eu estar aqui, com ela. Entretanto, não poderia estar mais grato por ter começado essa manhã em sua companhia.

Ambos acordamos com muita fome e Charlotte não quis se dar ao trabalho de preparar nada, impaciente está por algo rápido e saboroso. Nossa ida a tal padaria que ela tanto relata então foi a saída mais lógica.

"Ai, merda!" Ela exclama de repente, parando nossa caminhada na calçada.

"O que foi?" Me preocupo ao ver a expressão nada feliz dela e toco seu braço nu, esperando por uma resposta.

"Esqueci a droga da minha carteira. Lembrei de pegar as chaves, mas a carteira..."

É claro o meu alívio e eu sorrio, revirando os olhos que esse seja o motivo de seu desprazer, "Bobagem. Eu tenho uns dólares aqui-"

"Não. Eu quero pagar pelas minhas coisas." Insiste, negando minha oferta.

"Char, eu sou feminista também-" Ela me corta de novo, mas dessa vez pressionando seu dedo indicador contra os meus lábios.

"Eu tenho que comprar algumas coisas à mais para deixar lá, Harry. Não se trata de empoderamento somente." Se isso é mesmo verdade, não sei dizer, mas eu não volto a sugerir mais nada, entendendo que brigar com ela não resultará em sucesso para mim.

"Eu vou voltar pra pegar e já desço, tudo bem?"

"Não." Murmuro, mas ela me ignora e começa a andar em direção ao prédio de onde saímos.

"Vai ser bem rápido." Exclama ao longe e então aperta o passo.

Estávamos no meio do caminho e eu cruzo os braços ao ser deixado no sol escaldante.

"Honestamente... Nunca vi tão teimosa... Num calor desses..." Fico resmungando como um velho ranzinza, ao mesmo tempo que refaço meus passos para a escadaria do prédio. "Feminismo uma ova, isso é pura birra... Alguns dólares... Só porque é gostosa pra caralho..."

Tento entrar no edifício, mas a porta está travada por medidas de segurança. Bato no vidro, esperando que o porteiro me note, mas isso não acontece, porque o jornal que ele lê está em seu campo de visão e o som do rádio abafa meu chamado. Aquilo me deixa tão aborrecido, que eu desisto de tentar me abrigar no ar condicionado e cruzo os braços ainda mais apertados. Dá pra sentir suor escorrendo nas minhas costas e molhando o meu couro cabeludo.

"Eu juro por Deus, Charlotte. Você me pega depois dessa." Cochicho pra mim mesmo, já planejando as formas de me vingar dela da única forma que posso: no sexo. "Nem que implore, não vou te deixar gozar e aquelas algemas? Ah, aquelas algemas vão ser esquecidas nos seus pulsos."

𝗙𝗲𝘁𝗶𝘀𝗵 • H.S.Where stories live. Discover now