treze

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O gosto da sua língua tem jeito de quem me deseja para o resto de treze vidas

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O gosto da sua língua tem jeito de quem me deseja para o resto de treze vidas.

Digo treze porque foi o dia que nos deitamos sobre um colchão com gosto de arte e cheiro de tinta fresca, tal qual nossa pele que desliza sob nossas digitais.

Ainda não acostumei-me a utilizar o plural. Nós. Porque já adormeci em noites solitárias. Entretanto, nenhuma tão sublime e deliciosamente caótica quando a de ontem que ainda está presa em minhas pernas e peito.

Escrevo isso em catorze, pensando no treze e desejando o quinze. Porque a pena que você repousou em minha escrivaninha goteja o vinho que bebemos. E é com ela que reflito essas palavras. É com ela que sonho enquanto você adormece do meu lado. Com os cílios tocando, de forma majestosa, suas bochechas coradas. Enquanto sua mão repousa ao lado da cama, onde eu estava, em busca de um calor inestimável. Você deseja o meu calor. Você o deseja e está em busca disso. Não é maravilhoso?

O calor onde nossos corpos dançaram. Logo você, que afirma não ter conhecimento.

Enquanto cobre-se com a manta que compramos juntos, eu observo tua face. É pacífica. Doce. Serena de uma maneira que me inveja. Trocaria vidas por sua calmaria. E então olho o reflexo da minha.

Caso atássemos nossas conversas durante a madrugada, lhe contaria que eu jamais havia enxergado-me de tal maneira. Eu não era possuidor dessa faceta calma e relaxada, por mais que estivesse usando o início de um novo dia para escrever. Não havia essas íngremes e sólidas gotas de amarelo vivo que você pintou em cada canto, inclusive perto de minha pinta no queixo. Onde você beijou, beijou e beijou, até que pegasse no sono. Não havia meus anéis que você encaixou um por um, sussurrando que eram parte de uma marca própria, um lembrete que eu ainda as apreciava.

Encarando o reflexo que descansa aos meus joelhos, o tanto de luz que incide e atravessa meu corpo, questiono-me:

Como eu, tão tolo e desumilde, pude resumir tantas cores aos respingos que jogamos um ao outro? Como pude, cego por tudo que já vi, não ter notado que você, deitado em meu peito, era a perfeita versão de todos os tons vívidos que eu aguardava?

Você me faz sentir como se eu fosse capaz de tanto.

Em quinze, dezesseis, dezessete, e até trinta e um dias, eu continuarei a te desejar.

Com os pensamentos flutuando até você,

H.

Breaths Away from Myself by Styles, Edward.Where stories live. Discover now