One

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Caminho de forma distraída pela rua deserta. Fazendo o caminho já costumeiro até minha casa, porém dessa vez. Sozinha. O vento frio de Londres balança o meu vestido de cor preta, acabo de sair do funeral de minha mãe. Ela morrera de forma trágica por um câncer maligno, me deixando sozinha no mundo. Meus avós já falecidos e um pai inexistente, fico pensando o que irei fazer da vida a partir de agora. O caminho foi feito num piscar de olhos dada a minha total falta de atenção e noção, nem sei dizer como cheguei aqui. Tendo chegado em casa, decido fazer o que tanto minha querida mãe pediu-me em seu leito de morte. "Sam prometa pra mim, você irá atrás de seu pai. Você precisa dele pra sobreviver, há uma caixa vermelha escondida no meu guarda roupa". Confesso que adiei ao máximo procurar a tal caixa. Já fazem três dias desde seu falecimento e só agora eu resolvi fazer isto, abro o guarda roupa e não muito tempo depois encontro a bendita! Como eu não a percebi antes? Ou melhor, porque mamãe sempre fugia do assunto "Pai" quando lhe questionava?

Dentro da caixa há um envelope branco e uma foto. Minha mãe está nela e há um homem ao lado dela, ele usa a farda do exército britânico e possui olhos incrivelmente azuis. Lembra muito os meus. Sinto uma pontada no coração, e sinto o mesmo acelerar. Abro o envelope e leio.

Querida Sam, se você estiver lendo isso quer dizer que o pior aconteceu. Antes de tudo eu quero lhe pedir perdão por nunca ter mencionado nada a respeito de seu pai, acontece filha. Eu o conheci na França no auge dos meus vinte anos, ele era lindo e estava lutando bravamente na guerra. Eu engravidei e depois não tive mais notícias dele, concluí que estivesse morto. Algum tempo depois da guerra, ouvi falar muito sobre ele. Ele é um dos maiores criminosos de toda a Inglaterra Sam, eu não quis nos envolver em nada de ruim. Ele é outra pessoa, nunca busquei contato, mas agora é de suma importância que você o procure minha filha. Você não tem ninguém por você, só ele. Ele reside em Birmingham, procure por Thomas Shelby. Acredito que ele irá te receber com amor, caso o contrário. Peço a Deus que te ajude minha pequena, eu te amo muito! Me perdoa por ter falhado e te deixado sozinha.

Amor
Alice.

Termino de ler a carta aos prantos. Minha mãe está morta e meu pai é um criminoso! Estou perdida. Talvez ela tenha razão. Afinal, sou filha dele. Ele precisa assumir a minha tutela, eu não quero de jeito nenhum ser mandada pra um orfanato, ouvi dizer coisas terríveis. Preciso fazer as malas e pegar um trem para Birmingham, amanhã cedo irei partir.


Arrumo uma mala e tento a todo custo pregar os olhos, sem sucesso. Resumindo, passei a noite em claro.Tamanha é a minha angústia e ansiedade. Assim que o dia clareou eu tratei de me levantar e tomar um bom banho, tomo meu café vagarosamente. Como a pulso, tudo que eu faço ou olho, me lembra ela. Absolutamente tudo. Mando embora todo vestígio de fraqueza. Eu não vou bancar a garotinha chorona, definitivamente não irei.


***


Birmingham


O clima daqui não chega a ser tão diferente de Londres, mas Birmingham consegue ser ainda mais poluída e cinzenta se é que é possível. O vento frio e cortante marca presença em minhas pernas descobertas. O arrependimento por não ter posto uma roupa adequada bate forte. Pego um táxi com o pouco dinheiro que me resta e sou muito direta com o motorista.

– Bom dia senhor, quero que me leve até Thomas Shelby. Você sabe onde posso encontrá-lo? – a expressão do taxista de meia idade fica branca de incredulidade.

By order of my daddy/ Tommy Shelby  Where stories live. Discover now