Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ Qᴜᴀᴛʀᴏ

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Em uma quarta-feira, eu encontrei você.

Foi na primavera quando eu conheci você, ou melhor, te reencontrei

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Foi na primavera quando eu conheci você, ou melhor, te reencontrei. As flores nasciam com suas cores vibrantes e harmoniosas, os pássaros cantavam com maestria, o sol aquecia nossos corpos e as crianças corriam em meio aos parques se divertindo com os cachorros.

Estava parada em frente à cafeteria de Sunon, lembro quando você apareceu sorrindo, estendendo a cadeira para que eu me sentasse, entregando o cardápio para escolher o que pediria. Mas algo nos seus olhos chamou a minha atenção, ou a forma como os seus estavam sempre fixos em mim.

Quando meu café chegou as faíscas dançaram entre o nosso breve toque, minhas bochechas arderam, mas você continuava sorrindo, com seu jeito doce e simpático. Estava com meu notebook procurando algum emprego, enviando currículos, a vida de escritora me parecia distante demais para se tornar real.

Perdi a noção das horas e a quantidade de café que já tinha ingerido, minha cabeça parecia um furacão e meus olhos pesavam conforme abaixava o rosto diante dos meus braços. Escutei o ranger da cadeira à minha frente e ao erguer o meu rosto você estava lá, com duas canecas em mãos, uma para mim e a outra era sua.

"Você parece cansada. "

"Não é tão fácil assim ser uma jovem desempregada no auge dos meus vinte e cinco anos. "

"Então eu trouxe a bebida certa, um chocolate quente para aquecer os seus dias nublados. " — Me lembro de ter rido e de seus olhos brilharem.

Você não foi embora depois de me entregar a caneca, e como se esperasse minha permissão só se sentou depois de eu acenar para que o fizesse, convidando-o a se juntar a mim e minhas reclamações. O celular tocou, mas você não atendeu às ligações – não como James teria feito – ficou sentado comigo enquanto tinha somente nós dois no café, o céu enegreceu e o dia deu lugar para a noite. Nos conhecíamos a algumas horas, mas porque pareciam anos a cada nova conversa.

Contou sobre os seus sonhos, um confeiteiro que tinha o dom para fazer deliciosos doces e eu amei ser a pessoa que passou a provar cada novo prato que você criava, como me apaixonei quando você começou a ler as minhas histórias embarcando na imensidão dos meus universos.

Quando me falou o seu nome, como um flash me lembrei de você, o mundo poderia ser enorme, mas naquele instante pareceu tão pequeno ao nos juntar novamente. Eu te conheci no verão de quarenta e cinco, Bobby e me lembrava perfeitamente do quão apaixonante você era quando jovem.

Tínhamos dezessete anos, adolescentes loucos buscando se divertir nos lugares mais improváveis. Você se lembrou de mim, o seu amor de verão, como um delicado devaneio quando me levou para dançar e invadimos sorrateiramente uma festa que acontecia no iate entre pessoas da alta sociedade e naquele momento eu era a duquesa e você, meu doce príncipe. Nunca me esqueci daquela noite e todos os dias que passamos juntos.

As trilhas que fizemos, por mais que você fosse alérgico a abelhas, ou o acampamento que aceitou ir para estar próximo de mim. Você pulava as pedras próximo ao rio conforme olhava na minha direção estendendo a sua mão, suas palavras nunca saíram das minhas memórias.

"Veja a luz das estrelas, você não sonha com coisas impossíveis? Quando estou perto de você, eu sinto que posso fazer tudo Betty! "

Não sabia que meu coração bateria mais forte ao ter suas mãos segurando as minhas e seu sorriso tão próximo, conforme nos lembramos de nossa juventude.

"Você continua se preocupando tanto com as coisas que não pode mudar, Betty? " — Apenas desviei os olhos sem graça, tímida por ver tanta intensidade em seu olhar.

Nos despedimos, mas não queria partir, então você disse que me esperaria amanhã e nos próximos dias e em todos eles eu estava lá sendo recebida pelos seus braços e um imenso afago em meus cabelos.

Fiquei ansiosa quando me convidou para sair, estávamos indo devagar conhecendo as formas um do outro, sentia como se tivesse dezoito anos novamente. Respirei fundo admirando o espelho, James não gostava quando eu usava salto alto, mas eu sim, a música ressoava alto pelos fones de ouvidos e ao chegar no restaurante marcado esperava receber uma mensagem de que estivesse atrasado, mas você chegou cedo e quando me viu se levantou acenando. Caminhei até onde estava e a cadeira foi puxada enquanto me ajudava a sentar com seu jeito tão gentil e amável.

Conversamos sobre tantos assuntos, me sentia leve e animada, me disse que nunca conheceu uma garota que tivesse tantos cd 's do James Taylor quanto você, mas eu tenho. Contamos histórias sobre nosso passado, presente e o que esperávamos do futuro, a sua cabeça ia para trás toda vez que ria – como uma criança – e eu achava isso tão adorável.

Você me achou engraçada e isso era estranho, caminhamos lado a lado pelo quarteirão até onde tinha estacionado o meu carro e quando você começou a falar sobre os filmes que assistia todo natal com a sua família eu quis fazer parte disso e pela primeira vez não me preocupei com o que viria depois, como se fosse apenas nós dois.

Havia passado os últimos meses pensando que as únicas coisas que o amor poderia fazer era partir, queimar e acabar, mas em uma quarta-feira e em um café eu o vi recomeçar.  

  

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Amores de Natal [CONCLUÍDO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora