Capítulo 7

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24 de dezembro


Demorou alguns segundos para que Hermione se lembrasse onde estava. Mas mais chocante que se dar conta que não tinha voltado para a torre da Grifinória, era descobrir que dormiu no sofá.

Com Draco Malfoy.

Não um de cada lado, mas sobre o peito dele, com os braços do sonserino em volta de sua cintura. O pulo que deu pra longe dele foi involuntário.

— O que foi? – Draco acordou assustado.

— A gente dormiu aqui – Hermione respondeu passando as mãos pelos cachos, e puxando a manta do sofá para colocar em volta dos ombros. Se sentia exposta.

— Que horas são? - Draco perguntou, esfregando os olhos e se espreguiçando.

— 7h10 - Hermione respondeu se esticando para enxergar o relógio da cozinha. – E se notaram que a gente sumiu? E se estiverem procurando a gente?

E se essa noite com você foi uma das melhores da minha vida até agora?

— Duvido que seja o caso. Ninguém veio ver se eu estava na cama nos dias anteriores – ele garantiu e Hermione estava prestes a recomeçar seu surto quando Draco continuou. – Escuta, eu tenho que voltar pra casa hoje no final da tarde, mas tenho que fazer as malas ainda. Tudo bem se a gente se encontrar agora, pela manhã?

— Oh... sim, claro, tudo bem. Desde que a gente desça pra tomar café com todo mundo. Já demos bandeira demais.

— Ok, então 9 horas está bom?

Hermione concordou e eles voltaram para seus dormitórios.

São só mais 3 horas. 3 horas e tudo voltaria ao normal. Eles ficariam uma semana sem se ver, e quando as aulas recomeçassem, Draco passaria ao lado dela nos corredores, nas salas de aulas, no refeitório e agiria como se nada tivesse acontecido, mesmo que tivessem dormido abraçados, sentido o corpo quente um do outro. Era pra ela estar aliviada ou triste por essa loucura estar no fim?

Não tinha a menor vontade de descer para o café da manhã, e menos ainda de comer, mas se obrigou a trocar de roupa e arrastou os pés até o Grande Salão. Ela tinha que ser vista.

Não recebeu olhares desconfiados. Ninguém questionou sua ausência no jantar ou sua volta a torre da Grifinória ontem à noite, e ela quase desejou que o fizessem. Se segurou para não correr até Dumbledore e confessar tudo.

Amaldiçoou a nevasca pela primeira vez. Teria adorado poder ir até o jardim tomar um ar, estava se sentindo claustrofóbica, mesmo na imensidão de Hogwarts.

Os ponteiros se mexiam rápido demais, e ela estava tão ansiosa que chegou primeiro ao encontro hoje e ficou sentada ao pé da estátua do outro lado do corredor, esperando por Draco.

Já estava se preparando pra ouvir gracinhas de Draco por ter chegado cedo demais, mas o sonserino se atrasou. Eram 9h20 e nem sinal dele.

Será que alguém notou que ele não voltou pra Sonserina? Estaria ele no escritório de Snape ouvindo um sermão nesse exato momento? Hermione ficou preocupada e se levantou para ir investigar. Ao virar o corredor, porém, deu um encontrão em Draco.

— Granger! Você está bem? – ele perguntou preocupado. – Eu te machuquei?

— Não, não machucou. Estou ótima. Pensei que tinham te pegado. Ou que tinha me dado um bolo.

— Eu não faria isso – ele disse encabulado e já se concentrando em performar o feitiço.

Hermione ficou calada para não atrapalhá-lo e em poucos segundos os bruxos entraram porta adentro.

Estavam diante de uma piscina gigantesca. A temperatura ali era consideravelmente mais elevada e, sem dizer nada, Draco entrou por uma porta lateral, e quando saiu, usava apenas uma bermuda.

Sério? Dormimos juntos, agora vamos nos despir um na frente do outro?!

Como se lesse seus pensamentos, Draco falou simplesmente.

— Regra 4.

Hermione fez o mesmo caminho que ele e encontrou um vestiário. Em cima do banco havia uma toalha azul clara, ao lado de um biquíni e um maiô. Hermione sorriu ao ver que Malfoy deixou a escolha pra ela. Se trocou e encontrou Draco de costas pra ela, sentado na beira da piscina, molhando os pés. Hermione teve a impressão que ele fez isso para deixa-la mais confortável. Sorriu e se sentou ao lado dele.

— Desculpe o atraso – ele começou.

— Não tem problema – ela garantiu. – Está tudo bem?

— Oh, sim. Só tinha que resolver algo importante antes de ir embora. Demorou mais do que eu pensava. Você sabe nadar, né?

— Sei. Fico feliz que tenha imaginado uma piscina aquecida, além de uma sala quente.

— Não sou tão idiota quanto pareço – ele falou batendo seu ombro no dela. – E então? Apostamos uma corrida?



Os bruxos nadaram, ida e volta, diversas vezes. Por um tempo ficaram só conversando enquanto nadavam, depois recomeçaram suas disputas, onde ficaram empenhados em se derrotar em jogos cada vez mais difíceis, elaborados com a ajuda de suas varinhas. E a todo momento Hermione pensava como era fácil ficar ao lado ele. Como era fácil falar com ele. Tão diferente de Ron.

Draco ficou interessado em cinema depois de ontem e Hermione passou a ele todas as informações que podia sobre a sétima arte. Eles falaram sobre os filmes preferidos dela e até filosofaram sobre as histórias e o simbolismo em cada uma. Não sabia que Malfoy podia ser tão profundo. Achou incrível que ele tivesse essa capacidade, mesmo sendo criado por Lucius. Talvez esse aspecto de sua personalidade se devesse a Narcissa.

— Já foi até a Sonserina, Granger? – Draco perguntou quando estavam estendidos na espreguiçadeira.

Sim, no singular.

Era uma daquelas grandes, que mais pareciam uma cama de casal. Draco deitou tão longe de Hermione quanto possível, mas não tinha porque ela pensar que aquele objeto estava ali aleatoriamente, já que tudo ali era resultado direto da cabeça de Draco. Ele quis essa proximidade e esse pensamento aqueceu Hermione mais do que a piscina e a sala.

— Não, nunca fui... – Hermione respondeu com cuidado, tentando ignorar seu desejo de ficar de conchinha com Draco de novo.

— Quer me ajudar a fazer as malas?

— Hm... é... acho que não é uma boa eu ser vista na...

— A Sonserina está vazia – Draco interrompeu, antes que ela pudesse negar. - Só tinha eu e mais um moleque do terceiro ano, mas ele foi embora ontem. Quando cheguei hoje, não tinha mais ninguém, fui até o quarto dele conferir.

Hermione pensou em negar, mas que outra chance ela teria de conhecer uma Casa que não fosse a Grifinória?

— Está bem – ela concordou e viu Draco sorrir.

Ele não olhou pra Hermione conforme seus dedos percorriam o colchão e se entrelaçavam aos dela.

A Trégua: Um conto DramioneМесто, где живут истории. Откройте их для себя