7. Losing Your Memory.

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— Porque você se cortou? — Perguntei desesperadamente. Jhenifer ficou ainda mais surpresa, suas pupilas se dilatando. 

— Do que…

Eu puxei o braço dela e ergui sua manga num movimento rápido, sem dar a ela tempo de negar. Jhenifer tentou puxar o braço, mas eu firmei meu aperto. Uma coleção de linhas horizontais, parcialmente profundas, marcavam a pele alva de seu pulso. Senti a bile subir por minha garganta ao ver aquilo, marcas da tortura autoinfligida. Quando Jhenifer puxou o braço de novo, eu a soltei com um bolo na garganta. 

— Como você sabia? — Ela perguntou irritada. Porque diabos ela estava irritada? Porque eu sabia de seus cortes? Vá se foder. 

— Luca viu. — Disse-lhe simplesmente. Jhenifer engoliu em seco. 

— Ele vai contar para alguém? 

— Se ele não for, eu vou.

— Você não pode…

— Porque você se cortou? — Repeti cortando seu acesso de raiva. A ruiva me encarou longamente, os olhos azuis iluminados pelo sol escaldante parecendo psicinas abertas. Lentamente ela abaixou os olhos e cruzou as mãos sobre o colo. 

— Foi uma crise, passou. — Sua voz soou calma e distante, mas havia tanta vulnerabilidade em seu rosto que meu próprio coração doeu. 

— Qual foi o gatilho? — Eu odiava o que estava fazendo; odiava como estava conscientemente suavizando minha voz e tocando o braço de Jhenifer gentilmente porque sabia que o toque brando lhe faria confiar em mim para desabafar. Eu também odiava o fato de querer fazer isso, de querer ser gentil e cuidadoso com ela. 

— Medo do que Devon está fazendo, do que papai irá fazer se descobrir. — Jen disse baixinho, as lágrimas em seus olhos brilhando contra o sol. 

Como eu era um fodido babaca narcisista. Meu primeiro pensamento foi que Jhenifer estava com ciúmes de mim, talvez porque eu quisesse que ela sentisse ciúmes, mas ela estava em uma crise por motivos reais, por causa do irmão gêmeo que estava arriscando tudo. Eu sabia qual era a sensação; a sensação de conhecer as consequências e ainda assim agir sobre isso. Se Devon estava sendo imprudente como eu havia sido, eu estava fodidamente preocupado com ele. Se ele amasse o cara que estava ficando… Eu sabia que nada o pararia. Assim como nada me parou. Só havia uma diferença entre nós: meu pai nunca me mataria por isso. 

— Ele sabe o que é esperado dele. Ele não vai investir nisso. — Sussurrei com mais convicção do que realmente sentia. 

— Ele já está. — Jhenifer fungou. — Ele quer ser feliz, mesmo que isso seja errado no nosso mundo, mesmo que ninguém vá ficar ao lado dele. Ele o ama e o amor já tomou o lugar da razão. 

A ruiva me encarou profundamente, como se eu devesse entender mais do que ela estava dizendo, como se ela não estivesse mais falando de Devon. Eu sabia bem como ela se sentia. 

— E você acha que vale a pena? Acha que vale a pena morrer por isso? 

— Se eu estivesse no lugar dele, se eu amasse alguém tão intensamente, eu facilmente daria minha vida para viver isso, mesmo que por alguns meses, mesmo que soubesse que não daria certo, que ninguém nunca aceitaria. — Jhenifer disse com total certeza, as lagrimas cristalinas pingando de seus cílios e correndo por suas bochechas. — Porque, Lorenzo, viver sem amor é a mesma coisa que estar morto. 

— Existem coisas mais importantes do que amor, Jhenifer. Honra e dever, responsabilidades que devemos por em primeiro lugar. — Eu praticamente rosnei as palavras, porque se eu pudesse me convencer disso, se eu pudesse acreditar no que estava dizendo, tudo seria mais fácil. Eu não olharia para a mulher em minha frente e repetiria em minha mente eu te amo, incansavelmente, se acreditasse que o amor era algo indiferente. — Se amor resolvesse alguma coisa, nós não estaríamos na máfia, não ganhariamos a vida matando. 

CINZAS - Saga Inevitável: Segunda Geração. Where stories live. Discover now