Capítulo 8

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Todos voltam do intervalo, e eu não sei como consegui notar isso porque não paro por um momento de encarar Verônica. Ela é linda, e aparenta ter 26 anos, ela é morena e têm os cabelos compridos, seu corpo é muito escultural, e ela é muito mais bonita do que eu. Ela usa um macacão verde estampado e um salto baixo um pouco fino.

Alice vai ate a mesa dela e comenta algo no seu ouvido, espero ela olhar para mim e assim ela faz tentando ser discreta. Não sei se fiz o certo em falar que Hector esta pagando isso para mim, mas eu achei o mais óbvio em confessar.

– Bom, gente – Verônica diz batendo uma palma – Hoje vamos dar continuidade com a matéria de ontem, alguém que não veio para mim repassar?

Eu e mais duas pessoas levantamos a mão e ela dirige o seu olhar para mim.

– Você é? – ela pergunta curiosa.

– Cecília. – digo esfregando os dedos – Vim transferi...

– Anham, eu sei. – ela diz – Seja bem vinda, Cecília.

Dou um sorriso forçado para ela e ela inicia a aula. Verônica é uma excelente mulher assim como professora. Eu entendo perfeitamente as escolhas de Hector nela, ela é bonita inteligente prendada.

Já estamos de saída, arrumo minhas coisas para sair ate que ouço Verônica me chamar.

– Cecília – Verônica me chama – Pode vir até a minha mesa, por favor?

Aproximo–me da mesa dela e coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha.

– Ouvi boatos de que Hector te colocou aqui dentro dessa faculdade, é verdade? – ela me encara. De perto ela ainda é mais bonita.

– Sim. – engulo um seco.

– Calma, não precisa ficar tensa foi só uma pergunta – ela dá um sorriso forçado – O que você é dele?

– Eu era a empregada doméstica dele – minto

– Empregada doméstica? – ela abaixa as sobrancelhas.

– Sim, ele me conheceu e conversamos e eu contei a ele que meu sonho era fazer medicina, ai ele fez essa generosidade.

– Não precisa mentir Cecília. – ela diz arrumando suas coisas dentro da bolsa

– Mas eu não estou mentindo, é a verda...

– Hector só tem empregadas domésticas robóticas – ela franze a testa – Ele só tem uma humana que é cozinheira.

– Eu era a cozinheira. – digo séria

– Não... A cozinheira é uma senhora de 70 anos que vem do México porque Hector adora comida mexicana.

– Ele a despediu e me colocou.

– Hector nunca colocaria uma garota da sua idade para cozinhar – ela diz – Você não sabe nem fazer um Guacamole.

Gua o que?

– Ok – digo – Tenho que ir.

– Não.  – ela segura o meu braço – Você não vai, você vai me contar o que é dele, e porque ele esta bancando você.

– Espera... Me bancando? – bufo – Ele não esta me bancando, isso é uma generosidade...

– Generosidade? – ela bufa de volta – Hector nunca é generoso Cecília, a não ser no ano novo em um hospital de câncer para falar para todos do mundo o quão "generoso" ele é!

– Comigo ele foi. – minto e só esta ficando cada vez pior.

Ela me encara balançando a cabeça e se aproxima de mim me olhando dos pés a cabeça

– Eu vou te dar um conselho Cecília – ela fixa seus olhos nos meus – se afaste de Hector, fuga se for preciso. Ficamos noivos 5 anos, sabe o que é 5 anos? Eu o conheço dos pés a cabeça. Se esta com ele por dinheiro pode ter certeza que ele já percebeu isso a muito tempo, e se o ama – ela sorri – Piorou porque ele nunca olharia para uma garota humilde e que não tem nada a oferecer.

– Então por que ele me escolheu? – sussurro e ela me olha confusa.

– Como assim?

– Esta tarde, tenho que ir. – digo segurando na alça da minha mochila – Ate amanhã.

Saio da sala praticamente correndo. Meu Deus o que foi aquilo? Eu consegui criar problema justo com a minha professora, mas também... Ex noiva de Hector. Eu não li muito sobre ela no dia que eu li sobre Hector, a mulher da biblioteca me atrapalhou bem na hora.

Passo pelo corredor da faculdade e percebo que todos estão guardando as coisas dentro dos seus armários. Vou ate a secretária as pressas

– Ei – digo chamando a atenção da mulher – Eu não ganhei a chave do meu armário.

– Só um minuto que eu vou olhar no sistema para você. – ela diz e eu assinto.

Não demora muito e ela me entrega a chave do meu armário. Passo pelo corredor procurando o número 222 e finalmente acho. Tenho dificuldade para abrir o cadeado e assim que consigo abrir há varias coisas dentro pra minha surpresa.

– Uau... – digo sorrindo.

Dentro do armário ha uma caixinha de celular da Apple escrito IPhone X. Já ouvi falar, eu o vi na televisão quando Judite e eu estávamos na pousada, ele é um dos celulares da Aple mais caros, provavelmente não para Hector já que ele trabalha lá dentro sendo o 3° presidente, me pergunto deve ser o dele.

Ignoro o resto das coisas que estão lá dentro pela empolgação com o telefone. Meu primeiro e único telefone, se minha mãe descobrir ela me mata. Fecho o meu armário e tranco com cadeado, tiro o celular da caixinha e caramba. O celular é todo espelhado e tem um azul nas laterais, minha cor favorita, como ele sabe? Assim que ligo o celular já recebo direto uma ligação de um numero desconhecido, tenho dificuldade para atender a ligação e acabo apertando o botão errado.

– Droga, era o verde! – digo rindo de mim.

– O que e isso? – Alice diz se aproximando de mim – Júlia, vem ver!

Júlia vem correndo ate a mim e eu guardo o meu celular na bolsa

– Caralho, é o IPhone X ultima geração? – ela pergunta empolgada.

– Legal né? – sinto o celular vibrar na minha bolsa e pego rapidamente – Tenho que ir – digo e arrasto o botão verde para cima – Alô?

– Por que recusou a minha ligação? – diz Hector através do telefone. Sua voz é serena e baixa, nem parece aquele cara grosso frio e ignorante.

– Talvez é porque você me deu um celular de última geração e que eu não seu mexer. – digo saindo da faculdade.

– Tinha me esquecido disso – ele diz – Escolhi azul porque é sua cor favorita.

– Não me surpreende por saber a minha cor favorita. – sorrio

– O que achou da faculdade?

– Obrigada – digo entrando no carro do taxi particular de Hector – estou literalmente sem palavras.

– Esta achando ruim ser minha escrava?

– Se importa mesmo o que eu acho?

– Sim – ele diz – Quer dizer... Mais ou menos.

– Me ligou por que quis saber da faculdade, ou por que sua ex noiva é a dona da faculdade?

– Você a viu? – ele pergunta baixo.

– É claro que sim. – digo.

– Não disse a ninguém que eu paguei a faculdade para você não é?

Engulo um seco me olhando com os olhos arregalados no vidro do carro

– Por quê? – pergunto

– Ninguém ali pode notar você – ele diz – Não agora.

– Tenho que conversar algo com você.

– Sobre o que? Pode falar porque foi quase um ano para eu conseguir esse tempo, estou nos estados unidos agora.

– Eu quero voltar para aquele apartamento em que eu e minha irmã estávamos, não posso ficar em casa.

– Por que? – ele pergunta

– Minha irmã sofre abusos. – sussurro para o taxista não ouvir – E minha mãe é complicada... – pulo a parte de que eu sofro abusos, de alguma forma... Não quero contar isso a ele.

– Acho melhor você ficar na sua casa – ele diz – Não gosto da ideia de você ir pra uma cidade distante. O que vai ser sua faculdade? – ele diz como se importasse comigo

– Me ouviu falar que minha irmã sofre abuso? – digo alto me esquecendo do taxista – Eu estou falando da minha irmã!

– Sinto muito se tem problemas de família. – ele diz – Todo mundo costuma ter.

– Uau... – sussurro – Se bem que a sua ex noiva realmente estava certa sobre você!

– Verônica? – ele pergunta curioso ate de mais – O que ela falou sobre mim?

Desligo o telefone na cara de Hector e coloco o celular dentro da bolsa

– Pode guardar o segredo que acabou de ouvir? – pergunto ao taxista.

– É claro mocinha. – ele diz sério eu dou um sorriso forçado e encaro o chão.

– Já esta arrumando para o culto, meninas? – minha mãe bate na porta do meu quarto.

– Vai fala. – sussurro para Judite.

– Mãe estou passando muito mal – Judite diz enquanto abro a porta do meu quarto – Ai minha cabeça!

– Querida... O que você tem? – minha pergunta indo até Judite, ela mente muito bem.

– Eu não sei – ela diz – Minha cabeça... o meu corpo todo esta doendo!

Minha mãe encara Judite e a mim.

– Você fica em casa olhando ela? – minha mãe pergunta e eu quase faço a dancinha de comemoração.

– Vamos? – Evandro diz aparecendo no meu quarto arrumando o terno no corpo.

– Fico mãe, não se preocupe – digo – Qualquer coisa eu dou um jeito de avisar.

– Se aprontarem alguma já sabem, não é? – Evandro pergunta e eu contínuo intacta.

Assim que me certifico que eles estão longe ligo para a pizza.

– Medicina? – Judite diz pulando na cama – Caramba... Sabe o que isso significa?

– Que o meu sonho esta sendo realizado? – digo indo ate ela de costas e eu a pego de cavalinho

– Exatamente! – ela praticamente grita – Por um lado é ate bom ser escrava dele, olha só o tamanho desse celular!

– É, mas a internet funciona. – digo – Hector fez esse celular personalizado para não ter internet.

A pizza chega nessa mesma hora e eu abro a porta.

– Não importa – Didi diz vindo ate a mim com o celular na mão – O importante é que dá pra tirar varias selfies como os modernos dizem.

– Juro que nem eu nem pensei nisso! – digo – Não devo ser fotogênica, faz uma pose sexy vai?

Pego um pedaço de pizza e mordo fazendo a tal pose sexy e Judite sobe encima da cadeira e tira a foto.
– Credo! – ela diz – Você não é muito fotogênica. – ela diz me mostrando a foto que não ficou tão feia.

– Por causa disso não vai ganhar pizza. – digo e ela vem correndo ate a pizza, mas eu a levanto

– Ah qual é Cecília – ela diz – só um pedaço.

– Tá, o resto é meu – digo tirando um pedaço generoso de pizza para Judite.

– É bem melhor quando estamos sozinhas – ela diz. Estamos no meu quarto e a caixa de pizza está na barriga de Judite.

– De fato – digo – Sabe que não podemos deixar resíduos disso né? – aponto para a pizza

– Nem se eu quisesse – ela diz mexendo no celular – Você perdeu 25 ligações de Hector.

– Ah é? – digo com a boca cheia

– Você jurou a ele que vai ser fiel, Lia – ela diz – É a nossa vida que está em risco.

– É né. – digo não me importando e ela revira os olhos.

– Não vou falar mais nada. – ela diz e eu deito na sua barriga enorme.

– Eu te amo. – digo para ela – Tudo o que eu faço na minha vida toda é por você.

Sinto os dedos de Judite acariciar meus cabelos.

– Também amo você Lia – ela diz e eu sorrio – promete que nunca vamos nos separar?

– Eu prome... – sou interrompida com o meu celular vibrando.

– Atende. – Ju diz eu pego o telefone e cancelo a ligação.

– Me desculpe, mas... Eu não sou obrigada!

TUDO POR UM CONTRATO - Vol 1 - +18Where stories live. Discover now