Capítulo 10

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Brian

— Pode desembuchar, filho. O que houve com você? — Meu pai perguntou segurando algo em sua mão, estava escuro e não prestei muita atenção, mas parecia uma lata. Dei de ombros. Ele se aproximou e sentou ao meu lado e levou a mão com o objeto para perto de mim, então vi que era uma lata de cerveja. — Quer um pouco?

— Claro. — Respondi e me estiquei para pegar. Ele riu e tirou-a do lugar bem a tempo.

Não foi uma risada debochada, apenas brincalhona mesmo, por isso não fiquei zangado. Sorri sem vontade. Ele sempre costumava tentar se aproximar para uma conversa séria com algum tipo de diversão para deixar a abordagem um pouco mais leve.

— Você é muito novo pra isso ainda. Espera uns dois anos e você vai poder. Toma esse aqui. — Então ele me entregou uma lata de Coca que estava em sua mão esquerda.

Não sei porquê pensei que ele realmente iria me deixar beber álcool, ele sempre contou muito bem a quantidade de cerveja, vinho ou uísque que trazia pra casa e se sumisse um gole que fosse ele não perdoava.

Suspirei olhando para o objeto gelado em minha posse, ponderando se abriria ou não. Um pouquinho de álcool seria legal agora. Os pés igualmente descalços de Elias também se apoiaram no tampo de vidro da mesa de vime.

— Pode contar tudo. — Não soou muito com um pedido, mas não chegou a ser exatamente uma ordem.

— Não quero falar sobre isso. — desviei o olhar.

— Brian, alguma coisa está acontecendo e, francamente, estou ficando preocupado. Por isso é melhor você me contar tudo, agora. Vai ficar só entre você e eu. Prometo.

Elias conseguia ser insistente. E muito. Era difícil negar alguma coisa a ele, especialmente sendo seu filho. Ele iria insistir até eu não aguentar mais e eventualmente, cederia. Achei melhor colaborar logo antes que acabasse dizendo o que não devia quando já não aguentasse mais bater na mesma tecla.

— Realmente preferia não ter de falar sobre isso... — Não iria começar a revelar tudo do nada, claro, iria parecer falso. Ele não acreditaria.

— É uma garota, não é? — ele bebeu outro gole antes de eu responder.

— É... — Por acaso ele pensava que eu era uma menina pra ficar conversando esse tipo de coisa? Apenas rolei os olhos e nem reclamei. Não iria adiantar mesmo.

— Eu conheço? — Achei melhor não confessar a verdade, e por isso, apenas balancei a cabeça negativamente. — Qual é o nome dela?

— Vamos chamá-la de Lanie. — Pensei rápido, talvez rápido demais.

Poderia ter pensado em algo melhor do que ter apenas tirado as duas primeiras letras. Além do mais, ele poderia não acreditar que não conhecesse a pessoa, já que não lhe disse seu nome. Ao menos duvidava que ele relacionasse a Mel, pois ele nunca foi muito perspicaz para notar detalhes.

Para distrair, abri a lata de coca cola e tomei um gole.

— Muito bem. E o que Lanie fez para te deixar assim? — perguntou meu pai.

— Ela não gosta de mim. Ela me detesta. — Elias riu, mas só de leve.

— Não acha exagerado? O que te faz ter tanta certeza?

Dei de ombros e tomei outro gole.

— Nós brigamos. Sempre brigamos. Era um tipo de brincadeira, eu acho. Ela também sempre me chamou de coisas, nunca me importei. Era até divertido. Só que não é mais.  — meus olhos vaguearam para o quintal escuro.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 31, 2021 ⏰

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