Capítulo 5

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Mel

Eu esperava que, com o início das aulas, pudesse ter um pouco de paz e tranquilidade de volta na minha vida, morar com o martírio do Brian estava sendo mais difícil do que eu imaginava. Nunca ansiei tanto pelo fim das férias.

Estava prestes a puxar o cabelo num alto rabo de cavalo quando a minha maior perturbação entrou como se não houvesse ninguém no banheiro. Certo, como eu estava só penteando o cabelo, não me importei de fechar a porta, nem nada, mas isso não significa que ele poderia ir entrando desse jeito!

— Seu pai não te ensinou a ser educado? — O que estou falando? Elias era um cara legal e com certeza tentou fazer isso, só que o filho dele é meio idiota para entender.

— Isso não vem ao caso. — ele deu de ombros.

— Como não? — franzi o cenho.

— Você vai querer ficar pra assistir?

Ele perguntou ironicamente enquanto levantava o assento da privada. Rolei os olhos e contei mentalmente até dez. Eu poderia ir com o cabelo solto mesmo. Deixei a escova em seu lugar no canto da pia e saí rapidamente.

Ao fechar a porta, apoiei as costas nela, pensando a que ponto eu havia chegado. Já era difícil dividir o antigo banheiro com o pestinha do Miguel, agora com o Brian parecia quase impossível. Não seria fácil ter privacidade e teria que lembrar de trancar a porta sempre, pois ele parecia estar acostumado a simplesmente ir entrando. Talvez fosse o fato de que, por ser filho único, nunca teve de dividir antes, ou seja, não precisava ficar batendo na porta nem pedir permissão para entrar quando quisesse. Não que isso fosse uma desculpa, claro.

Dei meia volta, peguei minha mochila e verifiquei se tinha tudo o que eu precisava pela segunda vez antes de descer as escadas. Miguel desceu em seguida, ainda com cara de sono e bocejando um pouco.

— Estão todos prontos? — Minha mãe perguntou vindo da cozinha. Detesto admitir que ela parecia radiante; ficou assim desde que conheceu o Elias.

— Sim, mãe. — respondi.

— E onde está o Brian? — perguntou ela.

— Podem ir na frente, eu vou de bicicleta. — Ele gritou da ponta da escada, esfregando os olhos para afastar o sono da manhã.

— Não se atrase, filho. — Elias notificou entrando na sala logo depois de minha mãe. — Não quero receber nenhum aviso ou advertência da escola, entendeu?

— Tá. Tá. Pode deixar.

E então, ele desapareceu lá de cima, provavelmente entrando em seu quarto. Com um longo suspiro, Elias levou a mão ao cabelo castanho um tanto parecido com o do filho e tentou sorrir sem graça para minha mãe.

— Desculpe por isso. Ele realmente costuma ir sozinho pra escola. Agora moramos um pouco mais perto, por isso deve demorar menos pra chega lá.

— Tudo bem, vamos só nós então. Eu te deixo no trabalho, já que agora está sem o seu carro. — Ela falou, sorrindo largamente antes de dar um rápido beijo nele. Ambos conseguiam ser um casal extremamente fofo, talvez até demais.

Em seguida, entramos no carro e minha mãe deixou Miguel e eu na escola.

Meu irmão seguiu para o prédio do Ensino Fundamental e eu fui para o do Ensino Médio. Naquela escola, assim como a maioria das outras no Brasil, o uniforme era obrigatório, entretanto, calça e bermuda jeans eram liberadas a partir do quinto ano, e, para o início do colegial, apenas uma peça era necessária, o resto da vestimenta era livre. Isto é, desde que não sejam muito reveladoras, no caso das meninas. Se alguém vier para a escola com uma saia ou short curtos demais, são obrigadas a voltar para casa e trocar. Ninguém entra com esse tipo de roupa, apesar de Liliana tentar sempre.

Um Ano Com VocêWhere stories live. Discover now